quinta-feira, 30 de junho de 2011

Amor que sufoca


Amor que sufoca

Teu amor me sufoca, não me deixa andar com as minhas próprias pernas. Odeio quando você tenta controlar minha vida, escolher os caminhos que eu devo seguir, não, eu não permito isso, jamais permitirei enquanto lucidez eu tiver.

Eu não desdenho o seu amor, nunca o fiz, sei sim que me amas como a um filho, sei que é imenso e incondicional o teu amor por mim, mas entenda de uma vez por todas: isso não te dá o direito de viver a minha vida.

Essa é a razão de nossos recentes conflitos, suas exigências que me castram, me sufocam, me arrastam pra um beco sem saída, me sinto encurralado, daí grito e corro, pulo o muro, te dou as costas, sumo no mundo. É isso que queres? Pois é isso que estás ganhando com tanto "amor".

Por isso digo e repito, te amo, te amo, te amo, não duvido do seu amor, mas me deixe viver, me deixe voar, andar, tropeçar e cair. Eu preciso aprender a me levantar, sacudir a poeira e continuar a vida. Eu quero ter cicatrizes, e mágoas, quero ter experiência. Quero ter a minha vida.

Eu quero teu amor de pai, mas o quero com respeito, quero que preserve meu espaço, meu limite, minha intimidade, sem ela eu não vivo, e não permitirei que invadam meu íntimo, jamais. Me ame, mas me deixe errar, não tente sempre se antever aos meus erros, não pense que vai corrigir seus erros impedindo que eu os repita. Eu encontro novos erros. Por favor, me ame menos, não me sufoque, não me torture, não me asfixie.

Eu te amo. Me ame também, mas deixe eu viver a minha vida e andar com minhas próprias pernas, me deixe cair, e levantar. Eu preciso disso.

Nota: E como é DIFÍCIL explicar isso a alguém que tanto te ama.

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Verde que te quero ver - uma breve homenagem ao verde


Verde que te quero ver - uma breve homenagem ao verde

Verde é a cor da esperança, dos duendes, da banana que ainda não amadureceu, do chá-verde, da caipirinha, do suco de limão, da cobra e da tartaruga, das causa ambientais, do semáforo que diz "siga", é a cor da folha da grama que reveste os campos, e das penas que vestem o papagaio, alegre e falante, verde é a cor do gafanhoto, amorfo, do grilo, do percevejo, verde é a cor das águas, do céu, sim, meu céu é verde, esverdeado, verde-água, verde-mar, verde-lima, verde-bandeira, verde-musgo e verde-oliva, Cabo verde, Costa verde, Vale verde, Monte verde, a verdade é verde, as verduras também, hoje eu vi um pássaro verde, e fiquei tão feliz, conheci o partido verde, sobrevoei as matas verdes, virgens, da Amazônia, eu queria ser maduro mas ainda estou verde, há uma entidade filantrópica chamada cruz verde, uma rádio militar chamada rádio verde-oliva, um hotel chamado ponta verde, Machado de Assis criou a casa verde através de Bacamarte na obra 'o alienista', existe uma cachaça chamada cana verde e há também o filme besouro verde, a esmeralda é verde, a jade e a turmalina também são verdes, verde é a cor-símbolo do islamismo, é a cor da clorofila, no futebol o verde dá cor ao palmeiras, guarani, goiás futebol clube, ipatinga, américa mineiro, a bandeira do Brasil tem verde, a da Líbia também, verde é a cor da Irlanda, do esperanto, do abacate, da menta, do bambu, das algas, do sapo, verde é a minha cor.

Verde que te quero ver, sempre por perto, sempre verde nos meus olhos, nos olhos de uma criança.

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 28 de junho de 2011

Sofro calado


Sofro calado


Socorro eu te peço com meus olhos, embora minha boca sorria e você nem perceba a dor que se passa no meu peito. Assim eu consigo te enganar, faço você ir embora e me deixar aqui sozinho, é o que eu desejo. Sinto o tempo todo uma guerra interna ocorrendo dentro de mim, uma mão quer levantar e acenar por ajuda, mas a outra a sabota e a segura para que não seja notado o meu pedido desesperado.

Sim eu recuso convites, invento doenças, evito os lugares onde sei que posso encontrar conhecidos, eu fujo, me esquivo o tempo todo e faço de tudo pra ficar sozinho. Faço isso porque aprendi a gostar da solidão, além disso eu não quero que descubram a minha tristeza, não quero que me perguntem o que está havendo. Não adianta, eu sempre direi que não está havendo nada, que está tudo bem, assim eu sorrio e saio de cena. E não espere me encontrar tão cedo, afinal precisaremos de um bom tempo sem nos ver, você chegou perto demais de onde não devia.

Meus problemas são tão meus que não sei dividir com ninguém, eu não aprendi a compartilhá-los e nem tenho confidentes, eu sou sozinho, embora esteja sempre rodeado de pessoas que dizem me amar.

Eu prefiro sofrer calado, não aprendi a compartilhar minha dor, não gosto de distribuir minhas lástimas a um e a outro, não me vejo alugando o ouvido de alguém, me sinto sugando sua energia, agindo assim eu me vejo como aquele que chega pra falar somente de coisas ruins, não quero ser vitimizado, nem quero me vitimizar.

Assim eu fico calado, sofro calado. É a única maneira que sei de sofrer.

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 27 de junho de 2011

De rã a jacaré - engrossando a casca


De rã a jacaré - engrossando a casca


Um dia eu tive a pele fina como a de uma rã que repousa na beira do lago, sobre uma folha de vitória-régia. Eu era como a rã, bastante sensível, me protegia nas sombras, não podia levar sol e até o vento frio era capaz de me ressecar. Também me machucava facilmente, me ofendia e sofria por qualquer palavra mais áspera que me falassem. Por isso, tal qual a rã, eu precisava de um ambiente úmido e acolhedor pra viver, eu não sabia lidar Plenamente com as intempéries da vida terrestre, bruta e rude.

Hoje em dia eu não sou mais aquela pequena rã, minha casca engrossou, de modo que me assemelho mais a um enorme jacaré. Agora eu não tenho medo do vento, nem do sol, muito menos das palavras duras e ofensivas, tiro isso tudo de letra; também não preciso mais me esconder nas sombras, dou a cara a tapa. Hoje eu posso sair da beira do lago e me aventurar por terrra firme sem receio do perigo, me mantenho íntegro porque não me deixo abater por qualquer coisa boba. Hoje não é qualquer palavra que me ofende.

Às vezes tenho quase certeza de que realmente me tornei um jacaré, mas nessa horas me vem uma vontade de coachar à beira do rio, ao luar... Um lapso de sensibilidade.

É verdade que já fui uma rã, hoje sou um jacaré, mas no meu íntimo guardei ainda um quê de rã. Por trás dessa boca enorme cheia de dentes eu ainda escondo alguma fragilidade, que só mostro quando me convém. Essa sensibilidade Latente mantém viva dentro de mim a rã que um dia eu fui e que hoje se esconde atrás de uma pele grossa e impermeável, a qual me protege do mundo e das pedras que tentam atirar em mim.

Diante disso ainda fico em dúvida, será que virei mesmo um jacaré (com um resquício de rã) ou não passo de uma rã em pele de jacaré?

Nota: Lembrei dessa música, A rã, de João Donato:



A Rã - João Donato

Coro de cor
Sombra de som de cor
De mal me quer
De mal me quer de bem
De bem me diz
De me dizendo assim
Serei feliz
Serei feliz de flor
De flor em flor
De samba em samba em som
De vai e vem
De verde verde ver
Pé de capim
Bico de pena pio
De bem te vi
Amanhecendo assim
Perto de mim
Perto da claridade
Da manhã
A grama a lama tudo
É minha irmã
A rama o sapo o salto
De uma rã


[Mente Hiperativa]

domingo, 26 de junho de 2011

Impotência


Impotência

Me sinto incapaz, eu vejo o problema, tá aqui na minha cara, diante dos meus olhos, se esfregando no meu nariz, no entanto nada posso fazer pra resolvê-lo. Me sinto impotente.

Muitas vezes tenho vontade de gritar na cara dos dois, de apontar seus erros, expor as ferida, cutucar a carne viva, ver o sangue, e provocar as lágrimas, mas não posso. Sinto vontade... Mas não, tenho que ficar calado. Queria expor o sofrimento alheio que também é meu, sou coadjuvante dessa dor, mas tenho que sofrer calado.

Logo eu, que sempre quis ajudar a todos, eu que um dia me iludi achando que podia resolver os problemas de todo mundo, e no entanto jamais consegui resolver os meus. Hoje eu quero distância dos problemas alheios, eu fujo deles, eu não ouso mais me meter em confusões que não sejam genuinamente minhas, pois sempre quebro a cara, me machuco; de conciliador acabo sendo o algoz para uma das partes.
Alinhar à direita
Talvez eu tenha vindo de fábrica com um defeito grave, sem o botão "OFF". Queria desligar para os problemas que me rodeiam e que nescessariamente não me pertencem, mas que de certa forma me afetam. Eu preciso aprender a me desligar, eu preciso fingir que nada está acontecendo, afinal o problema não é meu, o problema não é meu. Vou fazer disso meu mantra. Quem sabe assim eu me desligo. E quando me ligar os problemas ALHEIOS já terão sido resolvidos.

[Mente Hiperativa]

sábado, 25 de junho de 2011

Exit


Exit

Me sugou, as energias. Fiquei triste, deprimido, como se tivesse sido pisoteado por uma manada de elefantes. É assim que me sinto agora. Os elefantes passaram, e agora vão embora, como se nada tivesse acontecido. Bem, talvez eu seja nada pra eles, mas eu bem sinto a dor que me causaram.

Agora fui sugado por um buraco negro, estou em outra dimensão, aqui não há cores, nem sons, não ouço o vento, não HÁ vento. Mas há dor. A dor toma conta de mim, me sinto só, no escuro, sem frio ou calor, só sinto a dor que toma conta de mim. No buraco negro que estou tudo é mais intenso, todos os sentidos se concentram na dor, não se vê, não se ouve, não se sente nada além de dor.

Aqui estou entregue, largado, pisoteado por elefantes e esquecido num buraco negro. Favor iluminar a saída com luz neon.

[Mente Hipertiva]

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Coração de pedra


Coração de pedra

Ela não era dura como pedra, nem tão insensível quanto parecia. Ela não era aquela fortaleza, apenas se escondia por trás desta, se escondia e se confundia com a tal parede rochosa.

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Amor-mendigo


Amor-mendigo


"Eu quero você, não me importa se você me ama ou não, EU te amo, e isso basta. Quero você com todos os seus defeitos, e não são poucos, eu sei, mas eu suporto todos eles pra estar contigo. Eu te quero de qualquer jeito, eu me submeto à condição que for pra te ter ao meu lado. Eu suporto seu mau-humor, seus pontapés, suas ausências, sua indiferença, aguento tudo pra estar contigo. Eu imploro que não me deixe só, preciso de você. Eu me ajoelho pra você, te imploro, rastejo aos teus pés, mas não me deixa por favor. Eu te amo."

NOTA: Amor-mendigo é amor? Desde quando?

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A [Incrível] história de Voglia


A [Incrível] história de Voglia

Voglia era a nova aluna da escola, chegou de repente e despertou a curiosidade de toda a turma. TODOS queriam saber a incrível história de vida de Voglia, afinal com esse nome ela deveria ter uma história incrível pra contar.

Logo uma das garotas da sala interroga as amigas, incitando-as à fofoca:
"Vocês viram a nova aluna, Voglia, ouvi dizer que a mãe dela usava um casaco de lã da caxemira listrado com gola V quando veio deixá-la na escola. O pai dela parece que é embaixador."

"Não é nada disso - disse a outra -, o pai dela detém o controle das nascentes do rio Indo e é proprietário das terras que envolvem o lago Mansarovar, antes de Ladak, na Caxemira. Você deve ter confundido tudo."
Uma terceira garota se mete na conversa:
"Então não é verdade que ela faz parte de um ramo dissidente da família Bukóvski, que praticou verdadeiras atrocidades na antiga URSS através de experiências psiquiátricas em presos de guerra. Eu tinha lido isso no google..."

"Quem disse isso tudo a vocês? Vocês três estão erradas, na verdade a mãe dela se matou enforcada num cachecol de caxemira e o pai dela é um milionário, dono de uma empresa multinacional, e está aqui no país pra consolidar mais um mercado consumidor emergente, por isso ela veio estudar aqui na escola."
Nesse instante Voglia passa pelo corredor, quieta como sempre, ela caminha despreocupada olhando o chão quando as meninas não resistem e gritam seu nome: "Vogliaaaaaa, vem cá".

A garota se dirige ao grupinho timidamente, enrola a ponta dos longos cabelos loiros com o dedo e espera que elas digam o motivo do chamado. As meninas, curiosas, praticamente devoram Voglia com os olhos e a interrogam sobre sua vida:
"Voglia conta pra nós, conta, conta, conta, de onde você veio, o que seus pais fazem, qual a sua história? Com um nome desse você deve ter muita coisa pra contar, de onde você é? Eslovênia, Eslováquia, República Tcheca? Ou Ucrânia?"
Voglia ficou um pouco tímida à princípio, mas já estava se acostumando com o estranhamento das pessoas com relação ao seu nome e as inúmeras perguntas sobre sua vida. Ela resolveu embarcar na viagem coletiva...
"Minha família é da Rússia, da cidade de Blagoveschensk, nós vivemos lá desde as gerações remotas até o dia em que meu avô criou a usina atômica chamada 'Alexandrovski Sakhalin', em homenagem ao ao meu bisavô.

A partir de então a Служба Внешней Разведки Sluzhba Vneshney Razvedki, agência externa primária da Rússia passou a perseguir os membros de nossa família pois os reatores da usina eram manipulados por órgãos secretos que mantinham restrito contato confidencial fora do país.

Meu pai, que é neurocientista, na época conjugava esforços interdisciplinares nos campos da psicologia, medicina, estatística avançada, física, matemática, genética comportamental, eletrofisiologia e ciências computacionais pra tentar compreender os fenômenos biológicos subjacentes aos fenômenos comportamentais que orientam a sociedade contemporânea. Mas teve que abandonar seus estudos avançados e fugir com a família dos óblastz Russos.

Foi então que ele recebeu uma oportunidade de vir morar no Brasil para conjugar esforços no intuito de desenvolver estudos nos ramos da nanotecnologia e biotecnologia direcionados à conservação da fauna e flora tropicais, além de obter substratos para produção de medicamentos e vacinas a partir da Euterpe oleracea, Callithrix jacchus, Carapa guianensis, Copaifera sp, Bradypus tridactylus e outros.

Foi assim que vim parar nessa escola."
Todas as garotas ficaram boquiabertas, impressionadas, jamais haviam escutado história tão fantástica, sentiam-se todas miseráveis em suas vidinhas mais-ou-menos, com nomes tão comuns quanto suas rotinas. Todas foram pra casa com um pouco de inveja da Voglia. Voglia chegou em casa e perguntou à mãe:

- Mãe, de onde a senhora escolheu meu nome?

- Já lhe contei inúmeras vezes, filhinha, eu e seu pai estávamos na casa daqueles amigos Italianos e no café da manhã fomos duramente questionados quanto ao nome de nossa futura filha, que estava com quase nove meses completos na minha barriga. Eu não fazia ideia de qual seria seu nome ainda, mas diante de tamanha pressão, e sem querer parecer uma mãe desnaturada, encarei seu pai, que me retornou o olhar, ambos miramos no nome mais próximo que havia da mesa, a marca da margarina, Voglia, e repetimos em voz alta: "Voglia". Afirmamos que esse seria o nome da nossa filha e eles adoraram, disseram que significava 'desejo' em Italiano. E ainda bem que não perceberam que era o nome da margarina deles.

Nota: Conheci uma médica chamada Voglia, daí fiquei imaginando que incrível história esse nome poderia carregar, talvez tenha uma história tão incrível quanto a Voglia contou às amigas, talvez seja tão simplória quanto a sua mãe nos revelou. Nunca vou saber a verdadeira história da Voglia, não tive coragem de perguntar.

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 21 de junho de 2011

Girafa no café da manhã


Girafa no café da manhã


Outro dia levantei cedo e sentei à mesa pra tomar café. Ela estava lá, a girafa. Saia daí girafa - eu disse. Mas ela não saiu, ficou com seu pescoção recostado ao meu. Que raiva que me deu dessa girafa grudenta. Eu já disse que não te quero girafa, vê se entende, vê se me deixa, erra meu endereço, vai embora. E ela vai, mas dois dias depois me telefona. Vá tomar café da manhã noutro lugar, girafa.

Você não está aqui girafa, isso é um sonho, um sonho seu. Eu não sonho com girafas, mas se ela sonha comigo eu desejo que pare com sonhos bobos. Girafas não tomam café.

Nota: Desculpem, mas só eu e a girafa entendemos o significado desse conto.

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Jornada dupla


Jornada dupla

A noite de trabalho fora exaustiva, ela chegou em casa de manhã, muito cansada, e logo tirou os sapatos de salto alto atirando-os no chão, também tirou a roupa apertada, vestindo algo mais despojado e confortável. Depois continuou sua mutação, tirou os brincos e as pulseiras, prendeu o cabelo num longo rabo-de-cavalo, lavou o rosto pra tirar a maquiagem e se preparou para o segundo turno.

Tudo que ela desejava após uma longa jornada de trabalho era chegar em casa e dormir, mas antes disso teria uma série de coisas pra fazer... Acordou o filho, preparou seu café-da-manhã e sua lancheira, pegou o cachorro pra passear e foi levar o guri pra escola, como fazem todas as outras mães.

No caminho de volta ela ainda aproveitou pra passar na venda e comprar laranja, banana e melancia, pagou algumas contas na casa lotérica, apostou no jogo do bicho, conversou com dona Cíntia, a vizinha, e voltou pra casa. Enfim ela pôde se jogar nos braços de Morfeu e aproveitar o sono dos justos.

Algumas horas depois ela se acordou e foi buscar o filhote na escola, almoçaram juntos, conversaram, depois ela lavou a louça, ajudou o filho a fazer a tarefa, fez faxina, lavou as roupas e preparou o almoço do dia seguinte. Vida dura. Todo seu tempo era muito bem administrado, não podia perder tempo pois logo, logo, a noite chegaria e ela precisava se arrumar pra ir trabalhar: maquiagem, escova, unhas postiças, vestido curto, decotado, e sem esqueçer da bolsa, claro.

A noite chega, e os clientes a esperam. Ela deixou o filho com a vizinha, dona Cíntia, que duida à noite, e vai se aventurar nas avenidas escuras da cidade. Essa é sua vida, jornada dupla.


[Mente Hiperativa]

domingo, 19 de junho de 2011

A roupa faz diferença ?


A roupa faz diferença ?

Desconheço o autor, recebi por email e achei bastante pertinente

Sem maiores preocupações com o vestir, o médico conversava descontraído com o enfermeiro e o motorista da ambulância, quando uma senhora elegante chega e de forma ríspida, pergunta:
- Vocês sabem onde está o médico do hospital?
Com tranqüilidade o médico respondeu:
- Boa tarde, senhora! Em que posso ser útil?
Ríspida, retorquiu:
- Será que o senhor é surdo? Não ouviu que estou procurando pelo médico?
Mantendo-se calmo, contestou:
- Boa tarde, senhora! O médico sou eu, em que posso ajudá-la ?

- Como ??? O senhor ??? Com essa roupa ???

- Ah, Senhora! Desculpe-me! Pensei que a senhora estivesse procurando um médico e não uma vestimenta....

- Oh! Desculpe doutor! Boa tarde! É que... Vestido assim, o senhor nem parece um médico...

- Veja bem as coisas como são... - disse o médico - as vestes parecem não dizer muitas coisas, pois quando a vi chegando, tão bem vestida, tão elegante, pensei que a senhora fosse sorrir educadamente para todos e depois daria um simpaticíssimo "boa tarde!"; como se vê, as roupas nem sempre dizem muito.

[Mente Hiperativa]

sábado, 18 de junho de 2011

Ponto de vista


Ponto de vista

Escrito pelo Paulo Francisco (
http://cores-e-nomes.blogspot.com/2011/06/ponto-de-vista.html)

Procuro a minha alma gêmea
mas que não seja tão gêmea assim
não caberia no mesmo espaço
dois de mim
Procuro o meu oposto
mas que não seja tão oposto assim
não suportaria tamanha distância
Acho que vou deixar pra lá
na hora certa haverá um encaixe
Enquanto isto, vou experimentando
tentando
levando
quem sabe!

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Macaco não mente


Macaco não mente

Texto de autoria do Arnaldo Jabor, extraído do livro "Amigos ouvintes".

Cientistas americanos descobriram que chimpanzés têm 99,9% dos genes humanos. Assim, acham que não são nossos primos, mas nossos irmãos. E querem mudar a classificação da espécie e uni-la à humana. Chimpanzés e nós seríamos da mesma turma, os Homos. Mas não acho que somos tão próximos assim dos macacos. Sempre nós achamos no topo da criação como anjos decaídos, seres espirituais, animais racionais, e, abaixo de nós, a tigrada, a macacada toda. Não é o que pensa um filósofo como Nietzsche que considera o pensamento ou a linguagem apenas mecanismos de defesa, como o veneno da cobra ou cheiro de gambá.

O psicanalista Lacan nos considera com defeito de fábrica, com um buraco entre nós e a natureza que tentamos preencher com a linguagem. Mas, memso sem papo cabeça, macaco mata sem motivo? Macaco se acha superior a nós? Macaco até mete a mão na cumbuca, mas não rouba o dinheiro público. Macaco não mente, não passa cheques sem fundo, não inventa deuses e, pelo que se sabe, ainda não há macacos-bomba, nem macacos com orçamento militar de R$ 500 bilhões de dólares falando em democracia.

Macaco rouba filhote de homem para vender, como fazemos com filhotes de chimpanzés? Fazer um upgrade de macaco não adianta nada para impedir sua extinção como espécie. Macacos são bichos felizes, sem neuroses. Não podemos nos comparar a eles. Seria uma ofensa aos macacos. Se eles falassem, diriam: "Humano não, hein. Humano é sua mãe!"

23-05-2003


[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Um mundo de possibilidades


Um mundo de possibilidades

Texto de Virgínia (http://estdrolelavie.blogspot.com/2011/05/um-mundo-de-possibilidades.html)

amores possíveis;

amores passíveis;

amores impossíveis;

sempre haverá uma maneira de amar

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Psicostasia


Psicostasia

Texto de HB Brayan (http://hbrayan.blogspot.com/2011/06/psicostasia.html)

Nem mesmo Maat, me absolveria
Não há uma verdade para mim
Não há justiça ou harmonia
Nenhuma página do pós fim.

Anúbis brincaria com meu coração
Um babuíno me escarneceria
O prato penderia com imprecisão
E quarenta e duas vezes o livraria.

Nem mesmo Ammit me devoraria
Não há uma balança para medir
Não há outra vida que viveria
Nenhuma confissão iria intervir.

Osíris analisaria com sua indagação
Uma pluma me equilibraria
O peso ponderaria com ressurreição
E por pena Tot o subscreveria.

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 14 de junho de 2011

Quem quer um coração? (I)


Quem quer um coração? ( I)

Texto de Franck (http://francksantos.blogspot.com/2011/06/quem-quer-um-coracao-i.html)

Meu coração é um tambor africano. Uma batida de reggae. Um blues. Uma banda de rock. Uma balada brega.

Meu coração é lua cheia num céu de estrelas, numa noite de verão, com uma brisa suave, à beira-mar.

Meu coração é gótico. Pós-moderno. Punk. Barroco. Dark.

Meu coração tem sonos demorados e insônias insuportáveis, mas acorda de bom humor.

Meu coração é um sapo querendo ser príncipe, a espera do beijo que o transformará.

Meu coração é cumplicidade ao dividir o astral, o ritmo, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água... Mas também é egoista, guardando segredos, habitando uma concha.

Meu coração tem fome, sede, crise, calor, frio; em algumas manhãs, no início da tarde e em certas madrugadas; nas quatro estações; com resquícios de Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu.

Meu coração é um filme em branco e preto. Uma fábula. Caixa de Pândora. Ateu. Santo. Bobo. Um porão. Megalomaníaco. Um cão sarneto. Anjo. Demônio. Um deserto. Maldito. Bendito. Esse coração meu. Teu.

(by, franck /// imagem: internet)

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Brincando de ser


Certo de que conseguiria encontrar se eu
Lá vai ele, rumo a existência
Naquela vida engraçada
Um jogo de pura inocência

Sem disfarçar o medo
Olhou-se no velho espelho
Chorou triste e insatisfeito
Descobriu que não era perfeito

Começou a caminhar cambaleando
Numa infelicidade desconcertada
Num caminho que não lhe dizia nada
Mas ouvia os seus sussurros soando
Tentou ser diferente
De tudo que ele viu
Achou que virar gente
Era um grande desafio
Tentou ser igual
Pra viver sem ser estrago
Acabou por sentir-se mal
Sentiu seu eu sendo apagado

Tentou ser Hippie
Depois roqueiro
Foi ser elite
E marinheiro

Enfim, cansou de tentar ser
Deixou sua própria vida viver
Preferiu viver sem amarras ou regras
Agora, a vida é quem o observa
Brincando de ser

Bruniele Souza
02/06/2011
[Mente Hiperativa]

domingo, 12 de junho de 2011

Freud de casa nova

Freud de casa nova

Quem não conhece meu peixe clique aqui.

Já que algumas pessoas me perguntam pelo Freud resolvi então dar notícias dele, ele cresceu, tá mais bonito, viçoso, e com certeza bem mais feliz no seu novo aquário. Pois é, essa semana ganhei um maior e daí resolvi comprar uma plantas naturais, coloquei cascalho ao invés de areia e também uma lâmpada.

Meu irmão disse que era um desperdício aquele aquário ter SÓ uma betta, quando caberia até uns 6 peixes pequenos de outra espécie. Então as bettas estão destinadas a viverem em vidros de maionese? Claro que não, ele ficou tão feliz na sua nova morada, eu vejo a felicidade dele ao dar uns mergulhos rasantes, parece mais um foguete cortando o céu.

Comprei também dois camarões, à princípio fiquei com medo que eles estragassem a cauda do Freud, mas que nada, ele é tão brabo que foi beliscar os camarões, que se safaram graças à carapaça dura.





Nota:
Acatando a sugestão do meu amigo Pedro Alcântara, os camarões serão chamados de Watson e Skinner. Acho que vai ter conflito ideológico no aquário, debates calorosos: Freudianismo X Behaviorismo...


[Mente Hiperativa]

Meus escritos


Meus escritos

Nos meus escritos eu me revelo, eu dou a cara à tapa, a mão à palmatória, exponho meus defeitos, mostro meus pontos de vista, sem medo de ser rechaçado ou esperança de ser vangloriado. Eu simplesmente mostro quem eu sou.

Nos meus escritos eu me realizo, eu modifico na minha realidade o que não me agrada, eu crio paixões e bons sentimentos, mesmo que não existam no mundo 'real', mas sobrevivem nos meus pensamentos.

Nos meu escritos eu confundo, eu solto pistas e enigmas, largo venenos e antídotos, eu dou a cada um pouco do seu mundo, pois a interpretação fica por sua conta, baseada nas suas experiências de vida.

Nos meus escritos eu não tento ser ninguém, nem Deus nem o diabo, nem certo nem errado, não quero ser porta-voz da verdade nem disseminador da mentira, eu quero ser só eu, o erro e o acerto, a tentativa e o tropeço, a queda e a ascensão.

[Mente Hiperativa]

sábado, 11 de junho de 2011

O encontro


O encontro

Eu sentei ao lado dela no ônibus. Sim era ela, eu senti de imediato, eu a reconheci. Observei-a dos pés à cabeça, pezinho pequeno e frágil, lindo, vestia uma saia comprida estampada com tema indiano, verde, azul e roxa, e também um lenço roxo no pescoço, blusa preta. Tinha a pela alva como um floco de neve, além de olhos lindos, os quais não tive coragem de encarar.

No momento em que fitei meus olhos nela tive a certeza de tê-la reencontrado, mas ela parecia não ter me reconhecido. Ah, se ela pudesse lembrar tudo que já vivemos, e tudo que ainda nos espera pra viver... Se ela lembrasse de mim... Tudo seria mais fácil, eu teria coragem de me aproximar mais dela. Mas eu não tinha. Fiquei apenas olhando pra ela, de ladinho, pelo canto do olho, e quando ela virava a cabeça eu logo disfarçava meu olhar oblíquo.

Eu a observei durante toda a viagem, num dado momento ela abriu a bolsa que tinha estampa rupestre e retirou com suas delicadas mãos um pedacinho de chocolate embrulhado em papel laminado. Eram apenas dois quadradinhos de uma barra de chocolate, achei ela tão comedida, tão contida.

Pensei em puxar conversa com ela, mas ela nem olhava direito pra mim, além disso o que ela ia pensar de um cara que puxa conversa no ônibus? Quantos caras será que já tentaram puxar um assunto com ela? Se ela tivesse me reconhecido... Tudo seria diferente.

Depois de constatar que de fato ela não me reconhecera então estufei o peito e tomei coragem pra iniciar um assunto qualquer, afinal não podia ter tanta certeza de que o destino nos colocaria mais uma vez juntos nessa vida. Quando eu abri a boca pra falar o celular dela toca e ela atende prontamente:
- Já estou chegando. É... Daqui há quinze minutos. Eu também, beijo - Disse ela, animada.
E nessa hora eu desanimei. Será que algum cara havia passado na minha frente? Será que eu a encontrei tarde demais?
- Que horas são por favor? - Perguntei, destemido.

- Oito e quarenta e cinco. - Ela responde, sem nem sorrir pra mim.
Me senti um mero desconhecido pra ela, como se nós dois não fôssemos feito da mesma centelha divina, como se não estivéssemos destinados um ao outro, como se eu fosse um qualquer. Definitivamente ela não me reconheceu, mas eu a reconheci, minha alma gêmea. Depois do fatídico diálogo, e da inevitável sensação de desprezo que tomou conta de mim, ela se levantou e desceu do ônibus. Eu a acompanhei com o olhar, me despedi e deixei que ela fosse embora, se apagando no horizonte, minha alma gêmea se foi.

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Julia é uma gênia


Julia é uma gênia

Júlia é uma máquina, de estudar. Desde muito cedo seu lazer sempre foi ler, ler, ler e ler, ela passava o recreio inteiro na biblioteca da escola. Na família foi a primeira a ser alfabetizada. Na adolescência não perdia tempo namorando, estudava e se preparava pra entrar na faculdade, e não deu outra, passou de primeira, em primeiro lugar. Já não era mais novidade ela ser o destaque no que fazia. Júlia fala 4 línguas estrangeiras, Francês, Alemão, Italiano e Mandarim, é tricampeã nacional de xadrez, já devorou os clássicos da literatura Brasileira e agora se encaminha aos clássicos mundiais. Ela dominava o latim, cálculo, astronomia, neurociências, história e cultura geral.

Júlia só estudava, todo dia, o dia todo, não tinha amigos, nem namorado, muito menos filhos, optou por não tê-los pois segundo ela "atrapalhariam sua vida profissional", por isso também não saía pra balada, nem cinema ou praia. Mas Júlia sempre foi o orgulho da família, também da escola, da faculdade, do curso de alemão, de mandarim e etc... E por isso sentia a necessidade de se esforçar sobre-humanamente pra se manter no alto do seu pódio imaginário, recebendo a admiração de todos lé de baixo.

Júlia é uma gênia, sem sombra de dúvida, mas será que era feliz assim? Será que todo o destaque que tinha lhe trazia a felicidade? Ou só inflava seu ego insaciável? No recôndito do seu quarto escuro e frio só ela sabia o vazio que carregava no peito. Apesar de todo o prestígio e dos constantes elogios que recebia devido ao seu excepcional desempenho, ela não era feliz. Ninguém lhe questionava acerca da sua felicidade e realização PESSOAL, só perguntavam suas notas, suas medalhas, seu currículo, seus títulos, seu pós-doutorado... Todos a tinham como modelo, exemplo a ser seguido, padrão inatingível de conduta.

Júlia não era uma máquina quando nasceu, mas moldou-se com o tempo, aprendeu errôneamente que deveria ser assim. Ela bem que queria ser uma pessoa 'normal', que ouve broncas dos pais, que erra, que peca, que faz besteira e perde a linha de vez em quando. Ela bem que queria, mas acabava sempre se escondendo atrás dos livros, esse era o único abrigo seguro que conhecia, aprendeu a amar seu prórpio algoz, alimentando-o todo dia e fazendo-o crescer sem parar; tornou-se uma cobra que morde o próprio rabo, e assim jamais consegue encontrar uma saída para o seu dilema.

Júlia é uma gênia, não há dúvida, mas quem disse que é feliz?

Não faz diferença, ninguém parecia se importar com isso mesmo... Nem ela própria.


[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 9 de junho de 2011

De Júpiter para Marte

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De Júpiter para Marte

M
e lembro das vezes que recostei sobre teu ombro pra chorar minhas mágoas e decepções... Sim, você bem sabe que sempre fui muito sonhador, e você é que me puxa de volta à realidade quando eu insisto em alçar voos altos demais. Você é a razão que me falta.

À
s vezes penso em ti, sinto falta das tuas loucuras, desmedida que tu és, meio louca, meio criança, que não pondera os próprios atos nem escolhe as melhores palavras. Admiro tua espontaneidade, que não chega a ser ofensiva, tu és cativante, sem ser invasiva, me conquistou com tuas contradições. Você é o veneno que eu preciso, e também o antídoto.

R
ealmente queria poder colocar todos teus valores dentro de parâmetros e poder mensurar o que tua amizade representa pra mim, mas como se faz isso? Há alguma fórmula matemática? Qual grandeza física eu uso? Uso uma régua? Ou fita uma métrica? Lamento, mas sempre fui ruim em matemática, você bem sabe disso; prefiro as rochas que me escutam e não me fazem chorar, os números sempre me enganam e me iludem com sua malícia.

C
reio que seja essa a razão do meu amor por ti, você não é cartesiana como os números, é uma rocha preciosa aos olhos de quem sabe admirar o teu valor. E eu sei. Então por isso que te quero sempre por perto, e ainda que estejas longe permanecerás em algum lugar do meu peito. Lembre-se bem disso, sempre haverá em mim um abrigo quentinho pra te guardar, ainda que meu corpo esteja gélido e estático.

Eu quero que prometa que nunca vai sumir da minha vida, não me abandone sozinho nesse mundo cruel. Você sabe o quanto preciso de você, preciso ouvir sua voz que acalma o meu pranto sofrido, e que também me dá um sermão quando troco os pés pelas mãos e faço alguma bobagem. Preciso da tua loucura pra alegrar meus dias, e também da tua sensatez que ilumina meu caminho rumo às decisões, as quais insisto em protelar.

L
oucura, é isso que preciso na vida e não tenho. Sempre me faltou a ousadia necessária para perseguir um único objetivo, sem olhar para os lados. Você que é meio irmã, meio cúmplice, meio mãe, e até meio pai, porque não, sempre me ajuda nos momentos de incerteza (que não são poucos). Ah, como são preciosos teus conselhos, e não precisam ser vendidos como sugere o ditado.

Ainda poderia escrever muito mais sobre ti, minha amiga, mas mesmo assim não conseguiria atingir a profundidade da nossa amizade, essa só se sente, e não pode ser converte plenamente em meras palavras. Queria que soubesses o quanto és importante na minha vida.

Nota: O título se chama "De Júpiter para Marte" pois foi uma carta que fiz a pedido de Márcio, que remonta o chama à Júpiter; para Marcela, que provém de Marte.

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Quando a relação acaba


Quando a relação acaba

O tempo acabou

E agora o silêncio reinava

Soberano

Não havia perguntas

Não havia respostas

Nem comentários despretensiosos

Só o silêncio

Já não cabia mais cumprimentos

Nem diálogos

Somente os olhares se cruzavam

Completamente mudos e inexpressivos

Logo cada um disfarçava

Olhando pra o lado oposto

Ou fingia desconhecimento

E o silêncio reinava

Soberano

Tudo que havia pra ser dito já fora dito

Tudo fora explicado, contestado, reivindicado

Tudo que estava preso na garganta tinha sido colocado pra fora

Verborragia!

Agora só restava o silêncio

Pela falta de assunto

Pela falta de bem-querer

A porta do elevador se abriu

E ambos correram para lados opostos

Cada um seguiu seu caminho

Sozinho

A claustrofobia enfim acabara


[Mente Hiperativa]

terça-feira, 7 de junho de 2011

Beleza genuína


Beleza genuína

Para todas as mulheres negras, mulatas, morenas e seus admiradores. Em especial pra Milena, que cedeu sua foto e é exemplo de tudo que digo a seguir.

Hoje eu quero cantar a beleza da mulher negra, da sua pele firme, limpa e macia. A mulata tem uma cor que não desbota, e bronzeada então fica ainda mais exuberante, é puro charme.

Admiro tanto a tua cor morena, escura, brilhante, e teus lábios grossos, teu sorriso impecavelmente branco, convidativo, que tanto me encanta. O teu cabelo é cacheado, ao natural, crespo e leve, que voa com o vento... Será que me enroscariam?

Se não bastasse toda a formosura do teu olhar, ainda tens um corpo todo durinho, a negritude não te traz a mesma flacidez da alvura, seu corpo é harmonia, é proporção. E cheio de curvas.

Por isso exalto toda tua graça que nem mesmo a idade, com todo seu peso, é capaz de desfazer. Sua pele não faz denúncia ao tempo, custa a ter rugas, seu cabelo não embranquece tão facilmente, e mesmo a gravidade não lhe parece grande inimiga. Tu és linda e não sabe disso...

Agradeces a Deus, portanto, e também ao dna que carregas, és bela por natureza! E tu sendo assim, morena, não tem porquê alisar, esticar, turbinar, clarear, NÃO, tu não precisa de nada disso. Pra ser bonita tu só precisa enaltecer a beleza que já tens, não te modifica, não te ajusta a padrões pois tu tens uma beleza genuína.


[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Estão querendo legalizar a maconha


Estão querendo legalizar a maconha

Recentemente o ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso reacendeu a discussão sobre a descriminalização da maconha ao afirmar ser defensor da causa. E agora eu me pergunto: Será que vale a pena?

Antes de tudo acho importante distinguir os dois termos que errôneamente são empregados como sinônimos, a descriminalização e a legalização da maconha. Descriminalizar a maconha significa dizer que o porte, o consumo ou o cultivo da droga -pra uso próprio- deixam de ser crime, passam a não implicar em sanções ou penalidades para o indivíduo que o pratica; enquanto legalizar a maconha é algo mais abrangente, que envolve a regulamentação de toda a cadeia, ou seja, desde o produtor, passando pelo distribuior até chegar ao comerciante da droga.

Muitas pessoas, até mesmo que não são usuárias, defendem a legalização pois pensam que a luta contra a as drogas está perdida, que o mundo já foi tomado por elas. Será então que legalizar é a saída? Imagine se por acaso fôssemos legalizar tudo que é difícil de resolver ou "que não tem mais jeito", legalizaríamos o aborto, já que existem diversas clínicas clandestinas; legalizaríamos a prostituição, inclusive a infantil, que é um TRISTE fato, mas também ocorrre; legalizaríamos a sonegação de impostos e a corrupção; legalizaríamos o assassinato, afinal existe coisa mais banalizada ultimamente do que a morte de pessoas inocentes?

Bem, eu penso que o caminho não seja esse, afinal se formos tornar legal o que é difícil de resolver nós vamos voltar ao tempo das cavernas em que não há qualquer lei ou regra. Eu penso que no mundo sempre existirá de tudo, sempre haverá os crimes e os criminosos, além dos cúmplices e até alienados, sempre haverá quem consuma drogas, quem forneça e quem produza, claro, mas não é por que existe e está aí na nossa cara que devemos aceitar calados essa realidade.

As drogas são um dos pilares que sustentam o crime, quem consome talvez não pense que está fazendo um mal à sociedade, mas está silenciosamente sustentando uma rede de tráfico, patrocinadora de venda de armas, da violência, do terror... Será que legalizar a maconha será a grande solução para o crime? Ou os traficantes vão partir para o tráfico de drogas mais pesadas? E aí? Legalizarão também a cocaína? O crack? E o oxi?

Além do mais com a legalização da maconha os traficantes podem simplesmente continuar na ilegalidade, ou será que vão se tornar novos empresários emergentes?

E no grande problema de saúde e segurança pública alguém pensa? Porque se na condição de ilegalidade as drogas já causam enormes problemas psicossociais e de saúde, IMAGINE legalizando isso... Prefiro nem pensar. Eu acho até contraditório quererem liberar o uso de uma droga nos tempos de hoje em que há tamanha pressão anti-tabagista.

Pra finalizar penso que há dois grupos -além dos usuários- que se beneficiarão bastante com essa legalização, é o governo (com destaque para os políticos corruptos) que arrecadará BASTANTE dinheiro com essa história e os mega empresários que lucrarão milhões com a produção e a venda de maconha em escala industrial.

E a sociedade o que ganha com tudo isso? O direito de comprar um baseado na banca de revista e curtir um "barato" em plena praça pública, sem ser autuado em flagrante pela polícia?

Eu acho tão pouco pelo alto preço que se paga.


[Mente Hiperativa]

domingo, 5 de junho de 2011

Ela tinha medo

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Ela tinha medo

Tinha medo de sair de casa, de ser assalta por um bandido, atropelada por um ônibus, ou atingida por uma bala perdida.

Em casa tinha medo de ficar só, mais medo ainda de ficar só com outra pessoa estranha, precisava ser alguém de sua confiança.

Nunca gostou de animais, tinha medo do veneno das cobras, das mordidas dos cães, dos chifres das vacas e das unhas dos gatos.

Bichos sempre lhe causavam medo, baratas, aranhas, escorpiões, ratos, abelhas e até lagartixas, ela não queria vê-los por perto.

Quando chovia tinha medo das árvores caírem, de faltar energia elétrica, de raios atingirem sua casa, de alagamentos ocorrerem na cidade.

Na adolescência não curtia balada, tinha medo de ser violentada, de que colocássem drogas na sua bebida, de não ser tirada pra dançar.

Não quis engravidar, tinha medo da dor do parto, de sofrer um aborto, de desmaiar na sala de cirurgia, de ter um filho especial.

Sempre evitou a altura com medo de cair, também lugares fechados com medo de lhe faltar ar, e tinha medo de passar mal em meio à multidão.

Numa madrugada qualquer ela levantou-se pra beber água, acendeu a luz com medo de tropeçar em algum móvel, e foi até a cozinha. Pegou o copo d'água, bebia vagarosamente quando se engasgou,

e ficou vermelha,

e ficou roxa,

e ficou azul....


E morreu.



De medo.


[Mente Hiperativa]

sábado, 4 de junho de 2011

Quem guarda com fome o rato vem e come


Quem guarda com fome o rato vem e come


Guardou toda a paciência pra quando tivesse que discutir sua relação

Guardou toda a segurança pra quando tivesse uma companhia a protegê-la

Guardou todo o choro pra quando tivesse um ombro amigo

Guardou toda a garra pra quando tivesse alguém pra dividir suas vitórias

Guardou toda a alegria pra quando tivesse alguém pra compartilhar delas

Guardou todo o romantismo pra escrevê-lo quando tivesse uma paixão

Guardou toda a emoção pra depois

Guardou todo o amor por não saber a quem dar

Guardou

E quando foi procurar não mais encontrou


[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Quem é Deus (pra você) ?


Quem é Deus (pra você) ?

Quando eu penso em Deus não consigo ter aquela visão esteriotipada de um velhinho bondoso, com barba grande e branca, vestindo uma simples bata azul-celeste e carregando um cajado numa das mãos. É tão 'Católico', tão 'Cristão' pensar dessa forma. Não quero parecer herege ou anti-Cristo, na verdade pouco me importa se pareci assim, não estou muito preocupado com a condenação dos homens até porque hoje em dia eles nem podem me jogar na fogueira da "SANTA" (que de santa não tinha nada) inquisição...

Eu não sou exatamente o que se pode chamar de anti-Cristo, nem nunca tive afinidade com o coisa-ruim (se é que essa figura realmente existe, eu duvido, aposto que é uma invenção da igreja). Cristo sem dúvida alguma foi um ser bastante iluminado que trouxe muita sabedoria à humanidade, nos deixando um legado de ensinamentos que deram origem a toda uma doutrina ética e moral que foi bem sedimentada na solidariedade e no amor ao próximo, seja o próximo quem for. Não tenho dúvidas de que ele foi um enviado de Deus, um filho de Deus, mas e quanto a Alá, Buda, Krishna, Zoroastro, Maomé, Moisés e tantos outros? Não são filhos de Deus? Não foram enviados por Deus pra nos trazer iluminação? E quanto a EU e VOCÊ, também não somos filhos de Deus, tanto quanto Jesus?

Talvez até eu seja herege, se considerarmos herege aquele que discorda de algum(ns) posicionamento(s) da igreja, discordo de vários, também questiono os dogmas, que por definição são inquestionáveis. Eu estudo história, eu leio filosofia, eu sou crítico, me perdoe mas eu não posso acreditar em verdades absolutas sem embasamento ou justificativa alguma. E antes que você pense que sou ateu e incrédulo, não, não sou, acredito em Deus, num Deus maior, num Deus de amor, que transcende a fútil barreira das religiões e dos povos, acredito num Deus da natureza e dos homens. Acredito num Deus de todos nós, não acredito no Deus da igreja católica, ou de qualquer outra religião repressora, dogmática, zilionária e manipuladora. Acredito em Deus, e somente nele.

Pra mim Deus não é uma entidade que vive no céu, isolada, intocável, que pisa nas nuves observando o mundo lá de cima. Acho que Deus nasce na nossa cabeça, precisamos disso, precisamos dele. Nós, enquanto civilização, criamos Deus pra regular nossos atos, nossa consciência, pra nos fazer companhia, pra nos fazer julgarmos a nós mesmos, pra nos presentear com suas dádivas, e nos salvar nos momentos difíceis.

Deus é uma criação coletiva e ao mesmo tempo individual, não foi apenas UM alguém que o inventou, todas as civilizações humanas têm seu(s) Deus(es) e cada um de nós o concebe e o alimenta da maneira que assim crê. E não venha dizer que por ter sido inventado ele não existe, pois é exatamente isso que o mantém vivo, a crença, a fé, o imenso e inexplicável poder da fé, que move montanhas, que cura, que acalma e protege.

Se Deus está presente em todos os momentos de nossa vida, se ele vê tudo, sabe de tudo, é justo em seus julgamentos, penitencia e premia seus filhos, ora, então Deus é parte da nossa consciência e habita não os céus, mas nossas mentes.

Deus somos nós mesmos, somos ao mesmo tempo criadores e criaturas, regulados e reguladores. E esse Deus não está distante, nos céus, está mais perto do que supõe nossa vã filosofia.


[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A maternidade não é alistamento militar obrigatório


A maternidade não é alistamento militar obrigatório

Algumas mulheres querem ter filhos e não podem, outras estão aguardando o "momento certo", a maioria no entanto sempre sonhou em ser mãe.

Ser mãe parace tão natural quanto respirar, comer ou escovar os dentes, mas mesmo assim algumas mulheres preferem apenas escovar os dentes, e nada de ter filhos. Desprovidas de instinto materno? Traumas? Más referências? Desilusões com relação aos homens? Não querem deixar os filhos nesse mundo cruel e violento?

Quem sabe? Pouco importa... Elas não querem e ponto, está decidido, é um direito assegurado o de não querer ser mãe, e não adianta a família reclamar ou a sociedade pressionar. Mas e o que dizer das mães-monstro?

Mães-monstro são aquelas que jogam fora os filhos e fazem sucesso na mídia televisiva, que -contraditoriamente- nunca conseguem deixar os filhos abandonados, pois surgem milhões de pessoas em todo o país querendo adotá-los.

Como pode uma mãe gerar um filho por nove meses e na ocasião do nascimento não se apegar àquela criaturazinha tão frágil e dependente pra tudo???

Sabemos que existe a terrível depressão pós-parto que atinge algumas mulheres, outras vezes o pai da criança é um irresponsável e ausente que deixa toda a criação nas mãos da mãe (e o peso de ser mãe solteira não é pra qualquer uma...) ou simplesmente essa mulher não recebeu de seus pais uma boa referência familiar, não aprendeu a sentir e manifestar o amor. Há de TUDO nesse mundo, é verdade, há inclusive justificativas pra não se querer um filho; algumas mulheres REALMENTE não tem condições psicológicas de criá-los, dá pra entender, mas NÃO dá pra entender porque elas não doam a criança pra alguém que queira criá-lo e dar amor a ele. Porque não o 'esqueçem', propositadamente, na maternidade? Porque não o entregam num orfanato, numa escola, creche, igreja, ou conselho tutelar? Há tantas formas de encaminhar a criança sem ter que prejudicá-lo.

Será o medo de encarar a situação? Será o medo de ser apontada como mãe que abandona a cria? Melhor, ao meu ver, ser mãe-ausente do que ser mãe-monstro, que larga o filho na lixeira ou o joga no rio dentro de uma sacola plástica. É o fim.

Vamos concordar numa coisa, problemas TODOS nós temos, mas nada que justifique matar um ser tão indefeso, incauto, de uma forma tão covarde, sobretudo quando essa criança tem chances de levar uma vida feliz com o amor de outras pessoas. Se não quer, tem quem queira, tem quem saiba dar amor, afeto, proteção, educação.

Por isso eu não hesito em taxar as mães desse tipo como monstros, podem ter o motivo que for, podem usar a justificativa que quiserem, nada justifica, pois ser mãe não é alistamento militar obrigatório, ser mãe é uma escolha, há DIVERSOS métodos contraceptivos, há DIVERSAS formas de encaminhar um filho "não-programado", dentre elas a morte é sem dúvida a mais monstruosa e cruel escolha.

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Queremos o dia do homem!


Queremos o dia do homem!

Já reparou que existe dia da consciência negra, dia do índio, dia do trabalhador, dia internacional da mulher, dia do orgulho gay, mas não existe o dia do homem?

Me explicaram que essas datas contemplam minorias reprimidas pela sociedade e que o homem -como é maioria e repressor comandante da nossa sociedade patriarcal- não precisaria de uma data pra se afirmar, lutar pelos seus direitos ou exprimir suas reivindicações.

Eu discordo completamente, afinal quem disse que somos todos carrascos? Quem disse que somos livres? Quem disse que não somos reprimidos ou não sofremos pressão alguma da sociedade?

Pensa que é fácil lidar com o peso da responsabilidade de ser o chefe da família? E toda a reputação da família que temos que zelar? E os inúmeros problemas que temos que resolver? E a fama de algoz que levamos por ter que ser o que reclama e briga em nome da educação dos filhos? E quem corta a grama, abre os potes de azeitona, conserta os problemas hidráulicos e elétricos de casa? E quem oferece proteção? E quem tem que cobrir a esposa de presentes e elogios? E quem tem que reparar que a mulher pintou o cabelo ou está usando vestido um novo, ou pior, que ela fez as unhas? Quem tem que aguentar a TPM e dormir no sofá depois das brigas e discussões?

Dizem que as mães modernas dão jornada dupla pois trabalham fora e cuidam da casa e dos filhos, tudo bem, não quero discutir a imensa importância da mãe e também jamais diria qualquer coisa que diminuísse o papel da mulher; mas do jeito que se fala parece até que nós homens não somos pais e trabalhadores, que não damos jornada dupla. Passamos o dia inteiro no trabalho e quando chegamos em casa precisamos ainda ser pais, dar atenção aos filhos, limites, educação, carinho, mesmo depois de ter tido um dia estressante temos que chegar em casa bem humorados e felizes pra brincar com as crianças.

Além de pais ainda somos maridos, precisamos comparecer com o nosso papel, temos que ter toda a paciência do mundo pra ouvir nossas amadas (que falam MUITO, diga-se de passagem), elogiá-las bastante, reparar todo o tratamento de beleza que ela levou o sábado inteiro fazendo no salão, negar que ela está gorda apesar dela perguntar isso dez vezes diante do espelho, dar presentes, TENTAR entender a cabecinha delas e manter acesa a chama do amor.

Ser homem não é fácil também, ora essa, e nós não temos um dia internacional, não temos o consolo de alguém vir nos dizer que "pai é pai", não temos confidente pra trocar segredos, não temos "manicure-psicanalista", não resolvemos nossos problemas afundando a cara numa caixa de chocolate e nem podemos chorar no colo do nosso pai se algo der errado.

Nós não recebemos pensão, nós não ficamos com a guarda dos filhos após o divórcio, nós não temos serviço de saúde direcionado ao nosso gênero, nós não podemos fingir orgasmo, nós temos que trabalhar mais tempo que as mulheres pra nos aposentarmos (por que isso?), nós temos que matar baratas, ratos e outros bichos asquerosos, nós somos mais acometidos por doenças cardiovasculares, câncer de pulmão, estresse, nós somos mais atacados pela violência, nós morremos mais cedo e ainda somos obrigados a servir ao exército.

Pois é, a sociedade também nos cobra, e não é pouco. Ser homem pode parecer ser dominante, repressor, comandante, mas isso também tem seu peso. E como é pesado, só nós mesmo sabemos.

Acho que merecemos um dia nosso.

Nota: O objetivo aqui não é alimentar a guerra dos sexos, ao contrário, é mostrar que não há razão pra competição, cada lado tem seu ônus e seus brindes.

[Mente Hiperativa]