segunda-feira, 20 de junho de 2011

Jornada dupla


Jornada dupla

A noite de trabalho fora exaustiva, ela chegou em casa de manhã, muito cansada, e logo tirou os sapatos de salto alto atirando-os no chão, também tirou a roupa apertada, vestindo algo mais despojado e confortável. Depois continuou sua mutação, tirou os brincos e as pulseiras, prendeu o cabelo num longo rabo-de-cavalo, lavou o rosto pra tirar a maquiagem e se preparou para o segundo turno.

Tudo que ela desejava após uma longa jornada de trabalho era chegar em casa e dormir, mas antes disso teria uma série de coisas pra fazer... Acordou o filho, preparou seu café-da-manhã e sua lancheira, pegou o cachorro pra passear e foi levar o guri pra escola, como fazem todas as outras mães.

No caminho de volta ela ainda aproveitou pra passar na venda e comprar laranja, banana e melancia, pagou algumas contas na casa lotérica, apostou no jogo do bicho, conversou com dona Cíntia, a vizinha, e voltou pra casa. Enfim ela pôde se jogar nos braços de Morfeu e aproveitar o sono dos justos.

Algumas horas depois ela se acordou e foi buscar o filhote na escola, almoçaram juntos, conversaram, depois ela lavou a louça, ajudou o filho a fazer a tarefa, fez faxina, lavou as roupas e preparou o almoço do dia seguinte. Vida dura. Todo seu tempo era muito bem administrado, não podia perder tempo pois logo, logo, a noite chegaria e ela precisava se arrumar pra ir trabalhar: maquiagem, escova, unhas postiças, vestido curto, decotado, e sem esqueçer da bolsa, claro.

A noite chega, e os clientes a esperam. Ela deixou o filho com a vizinha, dona Cíntia, que duida à noite, e vai se aventurar nas avenidas escuras da cidade. Essa é sua vida, jornada dupla.


[Mente Hiperativa]

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