segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Abrindo espaço para o novo chegar


Abrindo espaço para o novo chegar

Tinha uma vida organizada e conturbada, tinha tudo e não tinha nada, vivia uma vida sem sentido, com muita dor e muito conflito. Ele sabia que precisava dar um passo pra trás, mas hesitava, achava que só devia andar pra frente.

Certa vez lhe disseram que só caranguejo andava pra trás, e que um homem não voltava na sua palavra nem no seu caminho. Disseram também que numa determinada altura da vida o indivíduo não devia mais mexer em nada, pois nada mais teria jeito, não haveria mais perspectiva para aquele indivíduo de certa idade. Por muito tempo ele acreditou nisso, até o dia em que resolveu se desfazer do que tinha e procurar o que realmente merecia, queria uma vida nova, prazerosa e feliz. Sendo assim, deixou tudo pra trás, praticou o desapego, e seguiu, rumo ao desconhecido.

Deixou uma relação amorosa intempestiva, pra que pudesse vir o verdadeiro amor.
Deixou o emprego exaustivo que lhe sugava, pra que outras oportunidades batessem à porta.
Deixou o filho morar sozinho, para amadurer e tomar conta da própria vida.
Deixou a casa em que se criou, para poder construir novas lembranças.
Deixou as roupas velhas, para criar um novo estilo.
Deixou pra trás tudo que tinha de antigo, para que o novo encontrasse seu espaço.

E assim praticou o desapego, não foi nada fácil, mas foi uma etapa importante e necessária em sua vida. Agora ele enxerga o novo que vem vindo, com aquele cheirinho de que nunca foi usado, com aquele sabor de estréia... E ele, tal qual uma criança diante de um presente novinho, está animado em saber como se usa, o que faz, mas ao mesmo tempo ainda tem um pouco de medo e insegurança diante dessa situação, além de saudade dos brinquedos velhos. Mas sua mãe sempre lhe dizia que se a gente não se desfaz dos brinquedos velhos, os novos não encontrarão o seu espaço.

Por muito tempo insistiu em só andar pra frente, um dia cansou de ouvir o que lhe diziam, percebeu que aqueles que lhe falavam que somente caranguejo andava pra trás eram pessoas acomodadas, infelizes e fracassadas. Por isso decidiu que não seria mais um deles a seguir e propagar tal lição, mesmo diante do medo ele deu um passo pra trás, pra poder dar mais dois a frente, e assim viver sua nova vida, uma vida nova e sobretudo feliz.

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Céu azul


Céu azul


De repente ele acordou e ao abrir a janela percebeu o céu mais azul.

Será que o tempo se abriu ou somente agora ele se deu conta do azul do céu?


O azul canta a felicidade... E a chama pra perto da infinitude do céu.


[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Você gosta do fácil? Eu gosto é do difícil!


Você gosta do fácil? Eu gosto é do difícil!

Eu gosto dos caminhos difíceis, tortuosos
Gosto de amores difíceis, complicados
Comigo os amores fáceis não duram

Amigos difíceis me atiçam a curiosidade
Me atrai o sujeito hermético, nebuloso, distante
Pois eu tenho prazer em desvendar as pessoas

Por isso eu gosto do difícil
Quero sentir a insegurança, o medo
Preciso me superar, crescer, aprender

E que graça tem se tudo vem muito fácil?
Se tudo vem pronto o que eu vou fazer, então?
Como vou me divertir assim?

Eu gosto é dos caminhos difíceis
Adoro ser desafiado, jogar com o poder
Eu quero é que venha a dificuldade!

[Mente Hiperativa]

domingo, 21 de agosto de 2011

Refém da própria vida


Refém da própria vida

Desde sempre soube que não tinha nascido pra isso, torradas quentinhas recém-saídas da torradeira, crianças assistindo desenho animado na sala, fazendo bagunça, sua esposa preparando ovos fritos, que estalavam na frigideira... E sua cara apática, gélida, pálida, seu olhar fixo no relógio, seguindo os ponteiros, tentando em vão rebubiná-los, cada segundo que passava, um segundo a menos, e os ovos a fritar, e a esposa a cantarolar, uma felicidade que chegava a irritá-lo, e as crianças gritando na sala... Que vontade de gritar!!! Vontade de gritar, de pular, de explodir, de... Sei lá, de botar pra fora toda essa energia acumulada por anos e anos.

Mas permanecia ali sentado, estático, sem ação, faltava-lhe a centelha que insistia em não vir. 'Amor, os ovos fritos vão esfriar, coma logo' - dizia ela, de forma tão amável- 'o que você tem hoje? Parece tão pensativo'.

Ele permaneceu calado, encheu a boca de ovo frito e torradas. Depois foi trabalhar.

Ele era mais um refém da própria vida, vivia o dia-a-dia sobre pressão, com vontade de fugir, mas fugir de que? De quem? Da própria vida?

E por que não foge, então? O que lhe prende?

Sentia-se um claustrofóbico emocional.

Assim ia vivendo, angústia, sofrimento, pseudo-felicidade, orgulho da família, da própria vida, mentiras, fingimento. Suas escolhas fizeram dele algoz e vítima ao mesmo tempo, ele tem a chave que lhe tranca, mas hesita em fugir pois ele é o sequestrador e o sequestrado- ao mesmo tempo - é ele que toma conta pra ele não fugir do cárcere.

Hoje é mais um dia de domingo, dia de sair com a família, que tal ir ao shopping? Sua esposa adora essa programação dominical, adora mais ainda gastar o seu dinheiro com coisas fúteis, bolsas, sapatos que nunca vai usar, só se acumulam no closet, afinal eles quase não saem à noite desde que tiveram filhos. E por falar em filhos, eles também adoram ir ao shopping, sobretudo ao playstation e às lojas de game.

E ele? Será que ele gostava de ir ao shopping aos domingos? Será que alguém lhe perguntava isso? Ah, quem se importava com sua opinião... Além do mais precisavam de um motorista e de uma conta bancária generosa. E o que podia fazer? Ele era o chefe da família, ir ao shopping aos domingos eram os ossos do ofício...

De fato ele tinha avida que tinha porque optou por ela, mas sempre soube que não nascera pra isso, shopping aos domingos, assistir à novela, depois jantar, somenta uma luz a iluminar a todos na mesa. Ainda tinha a sogra que ligava cinquenta vezes por dia e o cachorro que ele precisava levar pra passear. Ovos fritos, crianças, shopping, cachorro, sogra, decididamente isso não era vida, não era vida pra ele.

A rotina lhe causava náuseas, olheiras, barriga proeminente, que crescia, e crescia, de tanto que comia, ovos fritos, canja de galinha, feita com amor, e cerveja, cerveja todo fim de semana, pra anestesiar, pra esquecer o que poderia ter sido e não foi, pra desencorajar a vontade que minguava mas se mantia ali presente, vontade de voltar no tempo e fazer diferente, vontade de largar tudo e fazer a diferença, agora.

Mas não tinha coragem de fugir, ele tinha a chave, é verdade, mas ele estava ali de vigília para que não deixasse ele mesmo fugir. Sendo assim só lhe restava lavar o carro, era domingo e essa poderia ser uma ótima oportunidade de esquecer da sua vida, e de todo o resto... Um bom programa de domingo, lavar o carro enquanto a esposa toma chá com as amigas (mera desculpa pra fofocar) e as crianças jogam game na casa dos colegas vizinhos. Aliás, não sabem fazer outra coisa. E assim não deixava a solidão lhe fazer companhia, preferia a companhia do seu carro, ensopado, que ele secava, limpinho, brilhando, bonito, bacana.

Foi isso que ele fez da vida? Foi isso que a vida fez dele?

Mas ele sempre soube que aquela não era vida pra ele...

[Mente Hiperativa]

sábado, 20 de agosto de 2011

Melhor morrer de vodca, que de tédio


Melhor morrer de vodca, que de tédio

Poeta é gente que vive, intensamente, que sente a vida correr pelos dedos, que transpira cada momento bom, compartilha suas alegrias explicitamente na ludicidade de suas palavras.

Poeta é gente que morre, um pouco à cada dia, de tuberculose, tristeza e depressão, de amores incompreendidos, por vezes até platônicos e deixa tudo claro nas entrelinhas de seus escritos.

A vida de poeta é extrema, exagerada, boêmia, alguns se matam em vida, outros através de seus personagens. Goethe, por exemplo, matou-se através do jovem Werther; Maiakoviski foi mais visceral, suicidou-se logo após concluir sua obra 'A plenos pulmões'. Sarcasmo?

Wladimyr Maiakovski sintetizou a "vida poeta" com a seguinte frase: 'Melhor morrer de vodca, que de tédio'.

A vida poeta é uma vida de dor e sofrimento, mas também de alegrias fantasiosas e muita criatividade. Na vida poeta não existe espaço para o tédio, tudo é intenso, não cabe escolhas, tudo é pra ser vivido: o que há de bom e o que há de ruim.

-------------------------------------------


Trecho final de 'A PLENOS PULMÕES'


Camarada vida,
vamos,
para diante,
galopemos
pelo quinqüênio afora.
Os versos
para mim
não deram rublos,
nem mobílias
de madeiras caras.
Uma camisa
lavada e clara,
e basta, —
para mim é tudo.
Ao
Comitê Central
do futuro
ofuscante,
sobre a malta
dos vates
velhacos e falsários
apresento
em lugar
do registro partidário
todos
os cem tomos
dos meus livros militantes.


Dezembro, 1929 / janeiro, 1930

(Tradução: Haroldo de Campos)

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O príncipe e o seu palácio


O príncipe e seu palácio

Texto de HB Brayan: http://hbrayan.blogspot.com/2011/06/o-principe-e-seu-palacio.html

Nas notas do anoitecer
A essência o toca
O desperta.. o move... O desloca.

Uma nova canção
Chama-lhe pra dançar
Uma bela emoção
De demasiado falar

Em um branco palácio
Vives a desvanecer
A sonhar... a esperar... A poder

Um passo adiante
E dois pra trás
No ritmo inconstante
O príncipe se desfaz

Nos timbres melódicos
Teu coração o esmorece
O delira... o cega.. O enlouquece

Procuras uma sinfonia
A harmonia em dueto
Exiges sentimentos
Negas qualquer soneto

Em cada amanhecer
Sentes a frustação
A dor... a tristeza ...A solidão

Teu compasso valsar
Torna-lhe aprisionado
Sabes como amar
Jamais saberás ser amado

NOTA: O texto é do Brayan, mas a história do príncipe bem que se parece com a minha, e como parece!

[Mente Hiperativa]

domingo, 14 de agosto de 2011

Arte grávida


Arte grávida

Pintura de Christabel Annie Cockerell, 'Morning play'.

A arte estava pejada, prenhe de sonhos, guardou-os por meses em seu ventre, em sua cabeça, em seus pensamentos bagunçados, ora perdidos, ora achados, misturados, porém sempre repletos de muita criatividade. Não sabia como organizar tantas informações, nunca estivera grávida antes, nunca havia pensado nessa possibilidade de Gerar, por isso pra ela tudo era novo, surpreendente e excitante.

Era uma nova e incrível experiência em sua vida, tentou planejar tantas idéias, catalogá-las, desenvolvê-las, foi um processo de amadurecimento, uma longa gestação que um dia teve seu fim. Chegou o grande dia, o tão esperado dia, sua arte precisava nascer, tinha que sair de dentro dela, precisava ver o sol, sentir a brisa tocar-lhe o rosto, queria conhecer o mundo de perto.

Assim ela nasceu, brotou, deu à luz os seus devaneios, belos devaneios, com dois olhos atentos ao mundo, uma boca que grita e clama atenção, chora e ri, trouxe ao mundo sua arte, iluminou-o com suas idéias, pinturas, desenhos, poemas, escritos, com seu filho, sua criação, seu rebento, sua prole, sua obra-prima, seus frutos, concebeu e gerou sua arte.

Até hoje não sabe ainda como conseguiu, não sabe ao certo como isso ocorreu, como 'aquilo' saiu de dentro de si, mas sabe que foi uma bela criação sua. Ela não seguiu fórmulas nem planos, não fez força, nem sentiu dor, na hora de nascer (e essa foi a hora mais fácil) apenas abriu as pernas, não sabia parir, mas a dor do parto tratou de ensiná-la, não sabia pintar, escrever, compor, desenhar ou criar, mas o talento ensina.

[Mente Hipertiva]

sábado, 13 de agosto de 2011

Quer casar comigo? Mesmo?

Quer casar comigo? Mesmo?

Casar comigo?
Porque você iria querer casar comigo?


Eu ronco, respiro alto a noite toda

Acordo com um bafo terrível de manhã

Sujo toda a cozinha pra preparar um miojo

Molho todo o banheiro na hora do banho

Deixo a toalha molhada em cima da cama

Tenho insônia quando tô aperreado

Às vezes tenho crises de mau-humor

E sou hipocondríaco, adoro um remedio


Ainda tá aí, ou já desistiu?

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Feliz-idade


Feliz-idade

Eu vi a felicidade nos olhos daquela menina... Ela corria, e pulava, sorria, e brincava. Queria ser mãe, brincava de ser mãe, a boneca chorava, mamadeira, acalanto, carinho, amor, era o exercício do amor. E nada perturbava aquela paz, nem mesmo o choro da sua filha, que era de brinquedo, que era uma boneca... Era um ensaio! Existe treinamento pra ser mãe? Ela treinava pra ser mãe, brincava com seu dom, tinha vocação pra ser feliz, e eu vi a felicidade no seu olhar de menina.

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Coração em forma


Coração em forma

Tô feliz..... Eu tô feliz
Encontrei a minha saída
A minha felicidade
O meu caminho
Achei o meu
Amor
Ah
!

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Ampulheta


Ampulheta

Me sinto perseguido por um tempo passado que insiste em voltar.
Claro que já dei algumas voltas no tempo
Mas ele ainda insiste em me perseguir
Impiedoso que é, está determinado
Quer me pegar de qualquer jeito
Mas eu corro pra bem longe
Me escondo, fujo dele
E quer saber?
Ele me pega
Mesmo assim
Eu continuo fugindo
E vou fugir enquanto puder
Não quero ser vítima do tempo
Não quero pagar pelo que foi dito
Não quero permanecer preso a ele não
Quero mais é me desvencilhar desse tempo
O tempo passou, ficou pra trás, quero que me deixe em paz, será difícil?


[Mente Hiperativa]

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Adeus, é o que posso lhe dizer


Adeus, é o que posso lhe dizer

Hoje eu tomei uma decisão, uma decisão bastante difícil pra mim. A partir de agora eu entrego à solidão quem quer estar só por opção, eu abandono quem há muito tempo já se abandonou, eu me afasto de quem se afastou de mim e me afastou de si.

A partir de agora optei por estar com quem me ama, com quem me quer, com quem me faz feliz, me faz sentir amado, com quem gosta de estar comigo e faz questão de demonstrar isso. Agora eu quero quem me quer, chega de dar murro em ponta de faca, chega de lutar por quem não quer vencer, chega de chutar defunto, chega de tentar ajudar quem não quer ser ajudado. Cansei!

Não foi fácil pra mim, confesso que não gosto de perder, mas eu sei perder, aprendi a perder, aprendi que devemos tirar a tropa do campo de batalha quando a guerra está perdida. E olhe que já perdi bastante soldados desnecessariamente, deveria ter me retirado antes. Claro que não é fácil olhar pra trás e ir embora, não é assim simples, mas é necessário. Não é fácil vê-lo agonizando no chão e não poder carregá-lo a um hospital pra ajudá-lo, ele não quer, ele não me deixa fazer isso.

Eu vou embora sozinho, por minha conta, mas me sinto expulso, afugentado pelas suas palavras agressivas que tantas vezes ouvi, pelas suas atitudes hostis que me machucaram tanto, vou em busca da minha paz, preciso muito dela, tentei de tudo que pude, mas sou incapaz de ressucitar quem em vida se faz morto. Eu vou com a certeza de que fiz meu papel, e se não deu certo estando tão próximo é porque talvez dê certo à distância. E se não der... Pelo menos estarei em paz comigo mesmo. Espero que fique em paz também.

Adeus, é o que posso lhe dizer.

Nota: Bonecos de madeira, como o da ilustração, não tem sentimentos. É assim que eu gostaria de ser às vezes; não acredito que resolveria meus problemas, mas certamente eu sofreria bem menos.

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Qual será o personagem de hoje?


Qual será o personagem de hoje?


Pensou em se mudar, pra qualquer lugar, mudar de casa, de cidade, de identidade, queria mudar de vida, de corpo, de nome, de essência. Por acaso dá pra mudar a própria essência? E quem disse que ele não pode mudar?

Queria incorporar novos personagens, outras pessoas, novas mentes, outras idéias, muitas personalidades. Cansou de ser um só, de ser ele mesmo, de ser sempre ele mesmo. Isso fadiga... Por que não poderia trocar a si mesmo de vez em quando?

Agora ele encontrou o seu caminho, cada dia era uma pessoa diferente, uma nova mente, com novas idéias, novos cabelos, novas feições, novos corpos, novas atitudes e posturas. Ele agora pode ser vários, sem deixar de ser ele mesmo, podia ser todos, um de cada vez.

Apagou o cigarro e correu para o palco, as cortinas já estavam quase sendo abertas, e o espetáculo estava pra começar. Qual será o personagem de hoje?

[Mente Hiperativa]

domingo, 7 de agosto de 2011

Seus olhos não mentem


Seus olhos não mentem

Seus olhos são tão sinceros, transparecem o que está escrito em tua mente, eles te denunciam pra mim. Adoro te observar, te encarar pra saber o que estás pensando nesse momento, acho tão bonito essa tua ausência de malícia, de não saber mentir nem esconder o que pensa. E quando não queres me encarar eu sei que estás tentando me esconder algo, o esforço imenso que fazes pra mentir é em vão, tu não aprendeu a mentir, não consegue me encarar diretamente ao tentar me ludibriar. Eu sei quando mentes, e é tão gostoso te decifrar, é tão singelo esse teu olhar delatador.

[Mente Hiperativa]

sábado, 6 de agosto de 2011

Do amor ao ódio ao amor de novo - em dois tempos


Do amor ao ódio ao amor de novo - em dois tempos

Ela se encantou tão rápido, foi amor à primeira vista, assim de graça, sem ele ter feito nada de extraordinário, sem qualquer grande prova de amor, sem enormes declarações, sem uma noite especial, sem ela nem saber muita coisa a seu respeito, o que ela precisava saber ela sentia.

Então ela lhe deu seu coração, pediu que ele cuidasse, investiu todas as suas fichas nele, se deixou vulnerável, se expôs, mostrou toda sua fragilidade que tanto escondia com medo que alguém a machucasse, e o que ele fez em troca, o que? Nada. Ele não fez nada, simplesmente sumiu e a deixou sozinha, abandonada.

Agora ela o espera de volta, com uma faca na mão, está com muito ódio, ela repete pra si mesma que não quer mais vê-lo, que não quer que ele volte, mas quer que ele volte, tem vontade de matá-lo, de lhe dar um fora, de esquecê-lo, ela realmente queria esquecê-lo, queria apagá-lo da sua vida, "queria não querer" mais ele, não confia mais nele, ele conseguiu matar todo aquele amor prematuro.

Na verdade ela mente pra si, tenta se enganar, ela bem que queria sentir tudo isso, queria abrigar todo esse ódio em seu coração, mas é mentira e ela sabe que mente pra si mesma. Se ele voltasse hoje ela abriria os braços e o receberia com um abraço apertado, e toda a raiva rapidamente se dissiparia, e todo aquele encanto voltaria num estalar de dedos, e ela seria novamente frágil ao lado dele, porque ela já sentiu o que precisava saber a seu respeito, e do resto ela não tem medo, sofre, mas não tem medo, por que sabe que ele está cuidando do seu coração.

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Amor


Amor


Queria sentir teu cheiro, tocar tua pele. Deve ser macia...

Que sabor terá o teu olhar?

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O amor não manda currículo


O amor não manda currículo

Acho graça quando algum amigo me diz que procura encontrar a muher perfeita, recatada, de bom caráter, humilde, bonita, religiosa, serena e boa dona-de-casa. E além de tudo isso ele ainda quer que ela lhe desperte o verdadeiro amor. Eu também tenho pena delas, afinal é muita responsabilidade pra uma pessoa só.

Então eu penso, e se por acaso esse sujeito encontrasse essa mulher 'dos sonhos' e não sentisse amor algum por ela? O que fazer? E se sentisse amor por uma que é o avesso desses padrões que ele próprio estabeleceu como sendo primordiais? Por acaso o coração segue as nossas vontades e planos? Ele obedece alguma regra racional?

Eu vejo como uma grande ilusão tentar unir o amor com padrões rígidos pré-estabelecidos; é preciso escolher um ou outro, ou então administrar os possíveis ajustes com flexibilidade. Mesmo assim tem gente que pensa que pode criar o amor, moldá-lo de acordo com sua vontade. Eles fazem assim, primeiro procuram a mulher ideal, aquela "recatada, de bom caráter, humilde, bonita, religiosa, serena e boa dona-de-casa..." Depois eles a pedem em namoro, noivam, casam e esperam o amor surgir na relação dos dois. Será que o amor surge de acordo com a nossa vontade? Ou será que estão confunfindo bem-querer e companheirismo com amor verdadeiro?

Acho que confundem, até porque é claro que dá pra se viver bem com uma pessoa a qual você se se identifica, que compartilha de mesmos pontos de vista e condutas, mas isso não é amor, talvez um amor fraterno, mas não é aquele amor que nos deixa de perna bamba, amor-paixão, carnal, espiritual, amor de dois... Estão confundindo bem-querer e companheirismo com o verdadeiro amor, estão se iludindo, se enganando, vivendo uma relação morna, aguada, com medo de encarar o verdadeiro amor de frente só por que ele não é prefeito, não preenche uma lista de requisitos idiotas.

Por isso que ainda tem gente que não entende como alguém se apaixona por um bandido, por uma viciada em heroína ou por alguém de mau-caráter, essas pessoas que não entendem não sabem o que é o amor verdadeiro, elas pensam que primeiro precisamos estabelecer padrões e encontrar A pessoa ideal pra somente depois permitir que se desenvolva o amor, cultivar o amor, criá-lo como se ele fosse um bichinho de estimação ou uma samambaia pendurada numa caqueira na varanda da sala.

O amor é como um filho, por acaso as pessoas vão no berçário e escolhem o bebê mais gordinho, calmo e bonito pra levarem pra casa? Ou pegam o SEU bebê do jeito que for, prematuro, chorão, albino, e aprendem a administrar as diferenças dando-lhe amor de uma forma ou de outra? Então o amor é assim, ele cai nos seus braços e você tem que cuidar dele, então se uma pessoa se apaixonou por um bandido, por uma viciada em heroína ou por alguém de mau-caráter foi porque sentiu o amor verdadeiro e correu atrás dele sem se importar com pré-requisitos ou padrões. O amor vem sempre em primeiro lugar.

O que EU não entendo é como uma pessoa escolhe o amor como quem seleciona currículos, parece até um processo de seleção, por exemplo: "aquela é pervertida, tá fora, aquela outra fuma, odeio mulher que fuma, então não vou poder amá-la, aquela até que é educada e humilde, mas é feia, a mulher que eu vou amar vai ter que ser bonita, aquela ali eu nem olho pois não é da mesma igreja que eu." ISSO é que eu não entendo, por acaso você procura o amor, o amor verdadeiro, ou está selecionando currículos pra o cargo de gerente de seu coração? Quer o amor ou quer um bibelô pra colocar na estante e receber elogios dos amigos e parentes? E seu filho, vai escolher o mais grodinho e calmo? E se vier chorão e desnutrido? Vai trocá-lo por outro? Vai criar o outro como se fosse seu e fingir que vive feliz, acomodado?

E se um "analistas de currículo" desses que descrevi descobrir que o amor da sua vida não é exatamente daquele jeito que sempre sonhou? Vai preencher a vaga com outra que responda às suas expectativas e levar adiante como se por acaso companheirismo e bem-querer fossem AMOR de verdade? Ou vai enfrentar o desafio e se lixar pra as regras e normas que estabeleceu? Amor não se cria nem se fabrica, nem se vende nas lojas de conveniência ou supermercados.

Será que estamos prontos pra encarar o verdadeiro amor? Ou ainda estamos analisando os melhores currículos?

[Mente Hiperativa]