sábado, 11 de junho de 2011

O encontro


O encontro

Eu sentei ao lado dela no ônibus. Sim era ela, eu senti de imediato, eu a reconheci. Observei-a dos pés à cabeça, pezinho pequeno e frágil, lindo, vestia uma saia comprida estampada com tema indiano, verde, azul e roxa, e também um lenço roxo no pescoço, blusa preta. Tinha a pela alva como um floco de neve, além de olhos lindos, os quais não tive coragem de encarar.

No momento em que fitei meus olhos nela tive a certeza de tê-la reencontrado, mas ela parecia não ter me reconhecido. Ah, se ela pudesse lembrar tudo que já vivemos, e tudo que ainda nos espera pra viver... Se ela lembrasse de mim... Tudo seria mais fácil, eu teria coragem de me aproximar mais dela. Mas eu não tinha. Fiquei apenas olhando pra ela, de ladinho, pelo canto do olho, e quando ela virava a cabeça eu logo disfarçava meu olhar oblíquo.

Eu a observei durante toda a viagem, num dado momento ela abriu a bolsa que tinha estampa rupestre e retirou com suas delicadas mãos um pedacinho de chocolate embrulhado em papel laminado. Eram apenas dois quadradinhos de uma barra de chocolate, achei ela tão comedida, tão contida.

Pensei em puxar conversa com ela, mas ela nem olhava direito pra mim, além disso o que ela ia pensar de um cara que puxa conversa no ônibus? Quantos caras será que já tentaram puxar um assunto com ela? Se ela tivesse me reconhecido... Tudo seria diferente.

Depois de constatar que de fato ela não me reconhecera então estufei o peito e tomei coragem pra iniciar um assunto qualquer, afinal não podia ter tanta certeza de que o destino nos colocaria mais uma vez juntos nessa vida. Quando eu abri a boca pra falar o celular dela toca e ela atende prontamente:
- Já estou chegando. É... Daqui há quinze minutos. Eu também, beijo - Disse ela, animada.
E nessa hora eu desanimei. Será que algum cara havia passado na minha frente? Será que eu a encontrei tarde demais?
- Que horas são por favor? - Perguntei, destemido.

- Oito e quarenta e cinco. - Ela responde, sem nem sorrir pra mim.
Me senti um mero desconhecido pra ela, como se nós dois não fôssemos feito da mesma centelha divina, como se não estivéssemos destinados um ao outro, como se eu fosse um qualquer. Definitivamente ela não me reconheceu, mas eu a reconheci, minha alma gêmea. Depois do fatídico diálogo, e da inevitável sensação de desprezo que tomou conta de mim, ela se levantou e desceu do ônibus. Eu a acompanhei com o olhar, me despedi e deixei que ela fosse embora, se apagando no horizonte, minha alma gêmea se foi.

[Mente Hiperativa]

4 comentários:

  1. Que triste. Acho que não era a sua alma gemea,senão, ela teria ficado. Vc ainda vai encontra-la!
    bj

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  2. Lamento dizer, mas ela não te reconheceu, porque você não significou nada para ela, não marcou a vida dela.
    sinto muito.

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  3. KKKKK camarada, tem que investir. O Não já existe. Então não deixe de investir e, quem sabe rola um SIM.
    Um abraço.

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