quarta-feira, 22 de junho de 2011

A [Incrível] história de Voglia


A [Incrível] história de Voglia

Voglia era a nova aluna da escola, chegou de repente e despertou a curiosidade de toda a turma. TODOS queriam saber a incrível história de vida de Voglia, afinal com esse nome ela deveria ter uma história incrível pra contar.

Logo uma das garotas da sala interroga as amigas, incitando-as à fofoca:
"Vocês viram a nova aluna, Voglia, ouvi dizer que a mãe dela usava um casaco de lã da caxemira listrado com gola V quando veio deixá-la na escola. O pai dela parece que é embaixador."

"Não é nada disso - disse a outra -, o pai dela detém o controle das nascentes do rio Indo e é proprietário das terras que envolvem o lago Mansarovar, antes de Ladak, na Caxemira. Você deve ter confundido tudo."
Uma terceira garota se mete na conversa:
"Então não é verdade que ela faz parte de um ramo dissidente da família Bukóvski, que praticou verdadeiras atrocidades na antiga URSS através de experiências psiquiátricas em presos de guerra. Eu tinha lido isso no google..."

"Quem disse isso tudo a vocês? Vocês três estão erradas, na verdade a mãe dela se matou enforcada num cachecol de caxemira e o pai dela é um milionário, dono de uma empresa multinacional, e está aqui no país pra consolidar mais um mercado consumidor emergente, por isso ela veio estudar aqui na escola."
Nesse instante Voglia passa pelo corredor, quieta como sempre, ela caminha despreocupada olhando o chão quando as meninas não resistem e gritam seu nome: "Vogliaaaaaa, vem cá".

A garota se dirige ao grupinho timidamente, enrola a ponta dos longos cabelos loiros com o dedo e espera que elas digam o motivo do chamado. As meninas, curiosas, praticamente devoram Voglia com os olhos e a interrogam sobre sua vida:
"Voglia conta pra nós, conta, conta, conta, de onde você veio, o que seus pais fazem, qual a sua história? Com um nome desse você deve ter muita coisa pra contar, de onde você é? Eslovênia, Eslováquia, República Tcheca? Ou Ucrânia?"
Voglia ficou um pouco tímida à princípio, mas já estava se acostumando com o estranhamento das pessoas com relação ao seu nome e as inúmeras perguntas sobre sua vida. Ela resolveu embarcar na viagem coletiva...
"Minha família é da Rússia, da cidade de Blagoveschensk, nós vivemos lá desde as gerações remotas até o dia em que meu avô criou a usina atômica chamada 'Alexandrovski Sakhalin', em homenagem ao ao meu bisavô.

A partir de então a Служба Внешней Разведки Sluzhba Vneshney Razvedki, agência externa primária da Rússia passou a perseguir os membros de nossa família pois os reatores da usina eram manipulados por órgãos secretos que mantinham restrito contato confidencial fora do país.

Meu pai, que é neurocientista, na época conjugava esforços interdisciplinares nos campos da psicologia, medicina, estatística avançada, física, matemática, genética comportamental, eletrofisiologia e ciências computacionais pra tentar compreender os fenômenos biológicos subjacentes aos fenômenos comportamentais que orientam a sociedade contemporânea. Mas teve que abandonar seus estudos avançados e fugir com a família dos óblastz Russos.

Foi então que ele recebeu uma oportunidade de vir morar no Brasil para conjugar esforços no intuito de desenvolver estudos nos ramos da nanotecnologia e biotecnologia direcionados à conservação da fauna e flora tropicais, além de obter substratos para produção de medicamentos e vacinas a partir da Euterpe oleracea, Callithrix jacchus, Carapa guianensis, Copaifera sp, Bradypus tridactylus e outros.

Foi assim que vim parar nessa escola."
Todas as garotas ficaram boquiabertas, impressionadas, jamais haviam escutado história tão fantástica, sentiam-se todas miseráveis em suas vidinhas mais-ou-menos, com nomes tão comuns quanto suas rotinas. Todas foram pra casa com um pouco de inveja da Voglia. Voglia chegou em casa e perguntou à mãe:

- Mãe, de onde a senhora escolheu meu nome?

- Já lhe contei inúmeras vezes, filhinha, eu e seu pai estávamos na casa daqueles amigos Italianos e no café da manhã fomos duramente questionados quanto ao nome de nossa futura filha, que estava com quase nove meses completos na minha barriga. Eu não fazia ideia de qual seria seu nome ainda, mas diante de tamanha pressão, e sem querer parecer uma mãe desnaturada, encarei seu pai, que me retornou o olhar, ambos miramos no nome mais próximo que havia da mesa, a marca da margarina, Voglia, e repetimos em voz alta: "Voglia". Afirmamos que esse seria o nome da nossa filha e eles adoraram, disseram que significava 'desejo' em Italiano. E ainda bem que não perceberam que era o nome da margarina deles.

Nota: Conheci uma médica chamada Voglia, daí fiquei imaginando que incrível história esse nome poderia carregar, talvez tenha uma história tão incrível quanto a Voglia contou às amigas, talvez seja tão simplória quanto a sua mãe nos revelou. Nunca vou saber a verdadeira história da Voglia, não tive coragem de perguntar.

[Mente Hiperativa]

3 comentários:

  1. Hoje quero deixar muito carinho para você
    ,também agradecer por sempre estar presente
    não só no meu blog mais na minha vida.
    Cada visita que recebo é um balsamo
    para refrigerar minha Alma.
    Tenho sobrevivido a muitas tempestades
    na ceteza que Deus sempre esta comigo.
    Seu carinho não tem preço a cada
    visita sua é benção sem medidas que recebo.
    Um dia linda cheio de flores
    perfumadas na sua
    caminhada.
    beijos e meu carinho sincéro ,Evanir.

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  2. LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL

    É como se ela se chamasse Doriana, lembra dessa margarina?

    Ei eu ri demias viu:

    "Ter nome de margarina é foda."

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