quinta-feira, 7 de abril de 2011

O colorido do rouxinol

O colorido do rouxinol

O mundo estava quase pronto, o anjo Gabriel contemplava aquela belíssima obra de arte ao lado do Criador quando este percebe que todos os pássaros foram feitos de uma única cor, um marrom-claro. Eis que ele tem uma idéia, pede ao anjo Gabriel que convoque todos os pássaros no dia seguinte ao despontar dos primeiros raios de sol para que cada um escolha as cores que quer ter. Então no dia seguinte Deus entrega uma lista com o nome de todos os pássaros ao anjo Gabriel e pede que ele chame um a um para que possam ser cobertos com a tinta colorida de sua aquarela divina.

A primeira ave a ser chamada foi a arara, ela olhou aquela aquarela repleta de cores e disse:
-Ah, eu vou querer esta, aquela, aquela outra ali... Ah, esta também.
Então ela foi pintada com diversas cores. Outras aves foram chamadas até que chegasse a vez do corvo que vendo toda aquela mistura de cores e tanto exagero, optou por ser pintado todo de preto.

Assim Deus foi pintando todos os pássaros com o auxílio do anjo Gabriel, até que a gralha não suporta esperar a sua vez e voa em cima da lista, desajeitada e barulhenta como só ela, e sem querer acaba rasgando a lista inteira; Deus prossegue aleatoriamente colorindo as aves que estavam ali presentes.

A missão parecia estar terminada, Gabriel quardava a aquarela e os pincéis na sua mochila quando vem voando desesperado um último pássaro:
-Desculpe o atraso, moro longe, fui o último a ser avisado - diz o rouxinol, com medo de ter perdido a vez.
O anjo Gabriel então tira de volta a aquarela e constata decepcionado que não há mais cores pra pintar o pobre rouxinol, todas haviam sido esgotadas com os demais pássaros. O rouxinol fica triste por ter percorrido tamanha distância e no fim das contas ainda não poder receber algumas cores como os outros. Ele já estava indo embora, cabisbaixo, quando o Deus lhe disse:
-Espere um momento!
Deus pega um minúsculo tubo de tinta aparentemente vazio e pede que o pássaro abra o bico. O rouxinol acha o pedido estranho mas pensa "quem sou eu pra duvidar de Deus". Ele abre o bico e Deus espreme o tubo de tinta, uma única gota dourada pinta toda a garganta do pássaro. O rouxinol, embora insatisfeito por não ser colorido e exuberante como o pavão e a arara, agradece a Deus e levanta voo. Ele pousa numa árvore no meio dos outros pássaros -que se admiravam e se comparavam, felizes pelo fim da ditadura do marrom- e canta. De súbito todos os outros pássaros se calam diante daquele canto extraordinário, o rouxinol estava cantando como nunca; ele não recebeu o mesmo colorido que as outras aves, mas tinha o seu colorido bem expresso pelo canto.

Nota: Não sei ao certo quem criou essa história, ouvi uma professora da faculdade contando e resolvi postá-la com minhas palavras, criei também um desfecho mais explícito e um título. Conforme a própria professora Fátima disse: um bom contador de histórias não precisa 'decorar' ou ler seus contos, mas ao contrário, deve dar à história o seu toque. Foi o que fiz.

[Mente Hiperativa]

2 comentários:

  1. Realmente uma bela estória. cada um pode interpretá-la como quiser.
    Para mim significa que: beleza não é tudo, uma boa cantada dá muito mais resultado rsrsrsrs
    Abração

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  2. Gostei muito! É aquela coisa, beleza não é tudo! Todas pessoa (ou a maioria, rs) tem em si um talento especial, basta descobrir e aprimorar...
    beijos...

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