terça-feira, 31 de maio de 2011

Criatividade zero


Criatividade zero

Ela se mudou pra um novo apartamento, estava resolvendo como seria a decoração dele. Pensou em pintar as paredes da sala de azul-claro, mas achou que ficaria muito chamativo. Escolheu móveis arrojados, de estilo ultra-moderno, mas teve receio de que ficasse muito extravagante como a lady Gaga. Resolveu colocar tapetes, desistiu, não quis juntar poeira demais, descartou também as cortinas. Mesa de vidro ou mármore? Como estava grávida e em breve teria uma criança em casa optou por uma simples, de madeira, pra evitar possíveis acidentes no futuro. Não abusou das cores, pra não parecer ousada demais, optou pelos tons de cinza e pastel. Não quis colocar arranjos florais pra não parecer floricultura ou velório de gente rica, nem espelhos muito grandes pra não parecer escola de balé. Ponderou todos os detalhes, com medo de exagerar, de parecer esquisita, ou de combinar temas muito distintos.

Ficou pronto seu apartamento, completamente simplista, pobremente decorado, tudo muito contido. Ela teve medo de pecar pelo excesso, abusou do bom-senso, o maior inimigo da criatividade.

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O azul já não era mais estranho


O azul já não era mais estranho

Nessa manhã de chuva acordou-se azul, levantou-se da cama à contra-gosto e quando se viu no espelho do banheiro não mais se reconheceu, não porque estava azul, mas porque o azul não lhe causava mais aquele espanto de outrora. Isso mesmo, de tão rotineiro que se tornou o azul não lhe causava mais admiração nem medo ao se encarar diante do espelho, acabou se acostumando com aquela aparência e por isso não se reconheceu mais.

Onde foi habitar todo aquele medo de se enxergar azul? Será que outro ser agora habita esse novo corpo azul? Será o outro lado do espelho que agora tomou conta de si? Ou será que o lado de cá mudou e se aceitou azul?

Aproximou-se da janela e através do vidro contemplou a chuva que caía lá fora, se fosse outro tempo tomaria uma banho de chuva na vã esperança de que o azul desencarnasse de sua pele. Parece que se conformou com tal condição, vestiu a roupa do trabalho e saiu de casa, sem nem tomar café, com a cara toda azul.

[Mente Hiperativa]

domingo, 29 de maio de 2011

Palhaços também choram


Palhaços também choram


Mais um dia de espetáculo e o palhaço dá um show no picadeiro, coloca gargalhadas escandalosas e descontroladas na boca de toda a platéia, todos se acabam de rir com ele. O palhaço é muito divertido, desastrado, sempre com um sorriso vermelho pintado no rosto. Parece mais um balde cheio transbordando de felicidade quando está diante do público.

Depois que a festa acaba todos vão embora, felizes, exaustos de tanto rir; e o palhaço se retira para o silêncio e a calma de seu camarim. Lá dentro, sozinho, ele enxerga quem realmente ele é, tira a fantasia que usa no picadeiro. O palhaço não parece mais palhaço, tira as cores da roupa e da peruca, tira a maquiagem que pinta um sorriso no seu rosto.

O palhaço que não é mais palhaço agora chora e lamenta a própria tristeza de ter que existir, uma existência vazia e superficial, inútil e desprovida de qualquer prazer. Nessa hora de sofrimento ninguém o acompanha, ele está sozinho no camarim, as pessoas que riam dele agora estão ocupadas vivendo suas vidas. E o palhaço outrora alegre agora esqueçe da fantasia e encara sua dura realidade. Na angústia ele se vê só.

Eu escondo minhas tristezas por trás de um largo e fácil riso aberto, eu te engano com meu sorriso fake. Por isso que te faço rir, pra te enganar, pra ME enganar. Quero que nós dois pensemos que eu sou feliz, prefiro fingir que sou feliz a ter que encarar de frente a minha tristeza.

Eu sou como o palhaço, prefiro derramar minhas lágrimas sofridas em solidão, afinal elas só pertencem a mim.


[Mente Hiperativa]

sábado, 28 de maio de 2011

A caixa


A caixa

Parecia só mais uma caixa, de longe parecia simples. Aos olhos estranhos aquela caixa seria somente uma caixa, ninguém mais do que eu poderia sentir o peso dos anos que aquela caixa carregava. Só eu.

Abri a caixa, por fora ela tinha colagens de fotos antigas, de toda a família, todas as gerações, pessoas que nem mesmo cheguei a conhecer, como minha bisavó. Como disse, abri a caixa, havia diversos álbuns dentro, fotos minhas ainda bebê até os dias atuais, até o reveillon de 2010 pra ser mais específico. (Já estamos em abril e praticamente nem tirei fotos ainda).

Calmamente eu folheio os álbuns, olho as fotos uma a uma, me recordo o que vivi e imagino o que possa ter vivido na idade mais precoce. Eu vivo e sinto o peso desses anos, contidos em poucos álbuns. Recordo.

Enfim eu fecho a caixa e guardo com zelo a minha história -ou pelo menos parte dela- e sinto que estou vivo. Mais do que nunca eu sinto que estou vivo e preciso continuar a escrever minha história. Guardo a caixa e, com o entusiasmo renovado, volto a viver minha vida. E tirar fotos dela.
Nota: A caixa de fato existe, minha tia me deu de presente, com colagens de fotos da família toda. Gosto de fotos, sempre gostei de registrar os fatos e as pessoas, as situações e os encontros com a família e com os amigos. E nesse aspecto sou antigo, gosto de fotos de papel, que posso pegar. Sou Pré-histórico, um dos poucos que ainda revela fotos, mas elas me revelam muito mais.

[Mente Hiperativa]

Vampira


Vampira

Ela se alimenta de sangue. E sentimentos.

Sua beleza encanta e seduz, é a arma perfeita pra conseguir o que quer. E o que ela quer? Você aos pés, seu amor, seu desejo. Ela quer você.

Ela joga com as pessoas, faz o que pode pra conseguir o que quer. E consegue. Depois morde o pecoço dos infelizes, e vai embora pra nunca mais voltar.

Na maioria das vezes ela permanece no pensamento deles, ela é imortal, marca a história de cada um, permanece circulando em cada hemácia do sangue deles.

Ela se alimenta de sangue. E sentimentos.

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Caça-fantasma


É que quando a ferida está quase cicatrizando você volta e arranca a casquinha.
Por que você faz isso? Porque não deixa ela sarar de vez?
Chega de fantasmas e assombrações do passado, eu lembro que sepultei seu corpo numa cova, você não pode estar de volta, só pode ser coisa da minha imaginação...

Me deixa seguir o meu caminho, me deixa conhecer novas pessoas, novos lugares. Preciso me desfazer dos sentimentos antigos e desgastados pra que os novos possam vir.

Alguém me ajuda? Como se faz pra matar um fantasma?

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Metade de mim é amor. A outra metade é receio


Metade de mim é amor. A outra metade é receio

Não sou todo feito de amor, não, assim eu seria um completo apaixonado, cronicamente machucado, magoado, decepcionado e até ferido pelas agruras do amor. Eu sou metade receio, por segurança, metade de mim pensa, avalia, estuda as chances do amor dar certo ou não. Metade de mim tem medo de amar, e tenta o tempo todo encontrar motivos pra justificar a minha não-entrega à paixão.

A outra metade, ah, essa é puro amor, não pode perceber uma olhadela, receber uma carícia, que já se entrega, expõe o meu mais íntimo conteúdo, deixa meu coração nas mãos de qualquer criatura desavisada e ainda espera que ele seja bem cuidado por ela. Essa metade não pensa, só reage instintivamente aos estímulos recebidos ou até inventados.

Por isso metade de mim é amor, e a outra metade é receio. Afinal o que seria de mim se eu fosse todo amor? Eu seria um coração esfolado e castigado que não anda nem se arrasta, apenas se deixa levar por uma correnteza de sentimentos reais ou até hiper estimados que poderia me conduzir a um mar de felicidade ou a um abismo de decepção. Por outro lado se eu fosse todo receio seria uma fortaleza de auto-suficiência e solidão, alheio aos sentimentos, avesso às maravilhas que a vida pode me proporcionar e assim jamais experimentaria um pouco do sabor puro e simples da felicidade.

Amor e receio se completam, tentam o tempo todo encontrar um ponto de equilíbrio harmônico. Talvez esse ponto seja utópico, pura ideologia, talvez de fato um dia o amor e o receio entrem num consenso e aprendam a respeitar um o espaço do outro. Ou não.

[Mente Hiperativa]

Cantando na chuva

Cantando na chuva

Quanto tempo eu não tomo banho de chuva...

Quero ser criança de novo pra tomar banho de chuva enquanto minha mãe grita pra eu entrar em casa, pra não pegar um resfriado.

Quero amar de novo e tomar banho de chuva bem romântico, como um bobo apaixonado, sem nem ligar pra mais nada.

Quero cantar e dançar na chuva, como um doido, sem me preocupar com o que vão achar de mim.

Quero ser Gene Kelly cantando na chuva.



http://www.youtube.com/watch?v=D1ZYhVpdXbQ

Nota: O clima de Recife bem que está ajudando, afinal chuva é o que não falta.


[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Especialidade médica, escolha já a sua!


Especialidade médica, escolha já a sua!

Estou chegando perto da metade do curso médico e até agora ainda não decidi qual especialidade quero seguir. Sei que há tempo pra isso, afinal só preciso escolher a residência que quero fazer quando me formar, mas mesmo assim é bom ter uma idéia pra poder nortear os estudos, fazer contatos, cultivar aspirações. É saudável 'ter um norte', mesmo que depois você siga pelo leste, oeste ou até mesmo pelo sul; todos tem o direito de mudar, claro.

Antes de entrar na faculdade eu pensei vagamente em ser cirurgião plástico, sou detalhista, perfeccionista, observador, achei que ia me dar bem nessa área. Depois com o tempo percebi que não me sentiria realizado trabalhando com estética, particularmente me sentiria vazio. Nas minhas pesquisas fiquei sabendo que há um ramo da cirurgia plástica que repara acidentados e queimados, mas na prática do ponto de vista da remuneração a estética é disparadamente mais rentável. Será que eu resistiria À tamanha tenração? Ou sucumbiria à estética em detrimento da minha realização pessoal? Pelo sim pelo não eu logo cedo percebi que meu caminho não seria por aí, apesar da intensa torcida familiar pra que fosse.

Por falar em influência familiar, tenho um tio (primo de painho) que é um grande oftalmologista, foi morar em Natal, montou uma clínica e realiza muitas cirurgias de olhos, muitas mesmo. Sempre que o encontro em Natal ou em Recife ele tenta me seduzir a seguir a área de oftalmo, diz que haverá lugar na sua clínica, que me ensinaria as técnicas e me tornaria um grande profissional. Mas não me atraio por oftalmo, muito menos faria somente por conta de uma promessa de que 'teria o futuro garantido', prefiro me garantir por mim mesmo, e numa área que me dê prazer em atuar.

No primeiro período da faculdade cursei a matéria de anatomia neurológica, saí traumatizado (eu e mais 80% da turma), o professor conseguiu fazer com que desgostássemos dessa área que já tem fama de ser bicho de sete cabeças. Posteriormente em outros contatos com a neurologia eu já a recebia com desconfiança, com uma predisposição a achá-la complicada e desinteressante.

Outra área bastante cotada é anestesiologia, possui um sindicato forte, unido, é independente dos planos de saúdes, a remuneração é boa. Minha tia, que é médica otorrinolaringologista, disse que se fosse escolher hoje uma especialidade certamente seria essa, ela me diz que em termos financeiros é excelente. Sendo assim fui pesquisar o papel do anestesista, conversei com alguns deles, observei seu papel durante a cirurgia, e não me atraiu. Considero sua importância sim, de fato sem ele não há qualquer cirurgia, sei também que ele precisa deter muito conhecimento fisiológico, bioquímico, farmacológico, mas na minha opinião sua prática é muito técnica, impessoal, acredito que o anestesiologista perde o que há de mais sublime na medicina que é a relação com o paciente. O anestesista quase não fala com o paciente e eu quero/preciso ter esse contato pra me sentir completo.

Decidi então que faria algo na área cirúrgica, apesar de nunca ter feito uma eu sempre achei interessante. Mas então surgiu a pergunta: cirurgia de quê? Existem diversas especialidades cirúrgicas, além disso muitas delas se complementam com a prática clínica, o que pra mim seria ideal.

Paralelamente a isso tudo diversos amigos, muitos, disseram que eu deveria ser psiquiatra pois lido muito bem com os assuntos dessa área e por isso não deveria desperdiçar esse talento. Concordo, de fato eu gosto dos assuntos da mente, eles me atraem e me prendem a atenção, mas de acordo com o que leio e observo concluo que no Brasil a conduta psiquiátrica é basicamente prescritora de medicamentos, posso estar completamente errado, mas é essa a impressão que construi acerca dessa especialidade. Sendo assim não me interessaria ser psiquiatra pra passar medicamentos apenas, a "parte boa" do tratamento ficaria toda nas mãos dos psicólogos. Tenho uma amiga, também estudante de medicina, que me disse que vai estudar psiquiatria fora do país, pois não quer ficar aqui pra ser "carcereira de clínica psiquiátrica". E ela conhece bem de perto a realidade psiquiátrica do país, ela conferiu na pele o método e a conduta profissional, as instituições e os tratamentos dados aos pacientes psiquiátricos.

No quarto período conheci a clínica médica, na verdade foi meu primeiro contato prático com a medicina, começamos pelo gobal, pela análise do paciente como um todo, pelos sintomas gerais e depois detalhados de cada sistema, pelo exame físico pormenorizado. Me apaixonei pela clínica médica. Pensei logo em talvez ser generalista, mas com toda certeza se for especialista será numa área clínica, descarto qualquer especialidade que diminua o contato humano do médico com o paciente. Essa não é pra mim.

Nas férias de janeiro desse ano (2011) eu li um livro escrito por um psiquiatra que tratava do sofrimento humano causado segundo diversas origens, o livro é fantástico, e a partir dele eu começei a pensar como sofrem as pessoas inférteis e de repente me deu um estalo: "eu poderia trabalhar com fertilização assistida e ajudar essas pessoas que tanto sofrem". Então conversei com profissionais, pesquisei e mesmo sem saber a rotina do profissional eu me animei com a possibilidade de ser ginecologista especializado em fertilidade. Além disso minha tia médica disse que o mercado é bom, rentável e o profissional tem uma boa qualidade de vida.

Coincidentemente no primeiro semestre desse ano eu prestei a matéria de ginecologia/obstetrícia, gostei de ginecologia e adorei obstetrícia, muito mesmo. Quem faz residência em em ginecologia necessariamente faz pra obstetrícia, sendo assim eu pensei que poderia fazê-la e posteriormente me especializar em fertilização assistida, poderia atuar na fertilização e na obstetrícia. E ainda teria o trunfo de atender ginecologia no consultório.

Nesse mesmo semestre eu cursei pediatria e apesar de já ter escutado muitas vezes que levo jeito com criança eu sempre tive como certo na minha cabeça que nunca faria pediatria nem geriatria. Geriatria tem um futuro promissor, a população está envelhecendo, precisaremos de muitos geriatras, mas não consigo me enxergar geriatra, acho que não me cai bem. Pediatria também não me anima, ainda que as condições de trabalho e salário aumentassem e isso precisa ocorrer urgentemente - eu não escolheria cuidar de crianças o resto da minha vida, parece exaustivo cuidar da criança e sobretudo de sua mãe, essas sim dão mais trabalho aos médicos do que o próprio filho.

No fim das contas eu ainda não sei que área pretendo seguir, talvez eu saiba o que eu NÃO vou seguir, não quero anestesiologia, oncologia, coloproctologia, dermatologia, geriatria, homeopatia, infectologia, mastologia, medicina da comunidade, medicina do trabalho, medicina legal, medicina esportiva, medicina do trabalho, medicina nuclear, medicina preventiva, oftalmologia, patologia, radiologia, nem radioterapia.

Ainda estou cheio de dúvidas e falta conhecer diversas especialidades de perto, talvez eu acabe seguindo conforme o meu norte, ou mude de direção de repente, quem sabe... Procuro uma área que me traga satisfação pessoal, que me faça sentir médico, útil, que eu possa ajudar as pessoas e que me dê prazer em trabalhar. Além disso eu não seria hipócrita de ocultar que me procupo sim com as condições de mercado e com a remuneração da minha (futura) especialidade, isso também pesa na minha escolha, afinal uma vez escolhido um caminho mais tarde não adianta se arrepender.

Nesse semestre em que cursei pediatria "descobri" um ramo interessante da pediatria, a neuropediatria, parece que mistura a neurologia com a psiquiatria, voltados para a infância e juventude. Que ironia, logo EU que me traumatizei com a neurologia no primeiro período, que nunca quis ser pediatra e que me desiludi com a psiquiatria há algum tempo, hoje cogito a possibilidade de atuar nas três áreas de uma só vez. Ou será que devo fazer Gineco-obstetrícia voltado pra fertilização artificial? Ou cirurgia?

Oh, dúvida cruel...

Nota: Em momento algum quis hierarquizar as especialidades médicas, a postagem reflete puramente as MINHAS inclinações e aptidões de acordo com a minha perspectiva e opinião, tenho consciência das diversas áreas médicas assim como de outras profissões. "Sozinho não se faz nada, domos apenas uma parte que compõe o todo."

AQUI você confere a lista das 53 especialidades médicas reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira e Comissão Nacional de Residência Médica.
[Mente Hiperativa]

terça-feira, 24 de maio de 2011

Inutilia truncat


Inutilia truncat

Como a areia que escorre por entre os dedos, assim são os bens materiais em nossas vidas.

Domingo à noite eu estava dando plantão na maternidade Bandeira Filho, entre um parto e outro ficava na sala dos médicos conversando banalidades, dentre tantos assuntos chegamos na famigerada e insaciável tecnologia. O médico, neonatologista, usava um aplicativo no seu moderno iphone3 quando meu amigo, também estudante de medicina, perguntou se o aparelho era bom. Mas pra que ele perguntou isso, o médico se empolgou! Ele comentou os diversos aplicativos do seu (incrível) iphone3. Depois disse que já teve palmtop mas que o iphone é melhor, e que vai presentear a esposa com um android (que utiliza a base do linux), espécie de smartphone semelhante ao blackberry.

Eu bem que tentei me enturmar no assunto mas foi difícil, apesar de eu pertencer à nova geração eu não sou obssessivo por tecnologia, sei usá-la muito bem, não sou um homem das cavernas, mas não faço a menor questão de ter os modelos mais recentes de aparelhos telefônicos e computadores, até porque ao sair da loja já há outros MAIS modernos que o que eu acabei de comprar. Eles sempre estão ultrapassados e criam essa neura de que você PRECISA se atualizar e estar por dentro das "novidades do mercado".

Pois bem, depois de falar dos aparelhos ele emendou nas redes sociais, em específico no twitter. Eu NUNCA tive twitter, não sei como funciona, nunca nem acessei o site dele e também não faço a MÍNIMA questão de conhecê-lo. Eu disse ao doutor que achava muito inútil, perda de tempo, e ele tentou -em vão- me convencer de que existem perfis úteis como por exemplo o que informa em tempo real onde estão as blitz da lei seca em Recife. Tudo bem, tive que concordar que um em um milhão de perfis pode ter alguma utilidade, mas isso não me convence a criar um perfil e perder meu precioso tempo procurando tais raridades.

Bom, como eu disse eu nunca tive um twitter mas só de ouvir o celular do meu irmão tocando 15 vezes em um minuto com atualizações de redes sociais eu já me irrito, nem por uma namorada eu gostaria de ser bombardeado de torpedos a todo o instante. NÃO, obrigado, eu estou muito bem sem twitter. Sempre tive convicção de que essas redes sociais chegaram pra resolver problemas que sem elas nós não tínhamos. A mídia e os amigos tentam lhe mostrar que você PRECISA ter um perfil na rede tal, mas são necessidades fictícias, criadas, manipuladas, que não existem de fato.

No meio da conversa com o médico o meu celular toca, peço licença e me retiro com meu aparelho que custou 80R$ e não tem nem câmera. Depois que saio da sala começo a rir feito um besta, o médico certamente me achou um homem de Neanderthal... Ele estava falando do que há de mais moderno na telefonia móvel e eu arraco do bolso o dalai lama dos celulares.

Eu tenho condições de comprar um aparelho ultramoderno, aliás hoje em dia quem não tem? É só dividir em infinitas vezes no cartão... Mas não tenho esse desejo de possuir o suprassumo de Bill Gates ou Steve Jobs.

Inutilia truncat, foi o que me veio à cabeça.

Aprendi essa expressão no colégio, minha professora de literatura, Miriam Gonçalves, explicou que os poetas árcades cortavam o inútil da sua poesia, o supérfluo da sua vida, o que não era necessário e apenas servia de floreio, de enfeite, e carregava a poesia com um peso desnecessário. Talvez seja isso que faço na minha vida, às vezes com esforço, às vezes sem nem perceber. Porque eu deveria criar em mim necessidades que não existem? Porque alimentar uma neura por informação constante e interminável?

Não tenho a utopia de que dá pra viver sem tecnologia, mas também não cultivo nem cultuo os excessos desnecessários, me irrito com aquelas mensagens constantes de atualizações inúteis que você poderia dormir sem saber. Prefiro meu aparelho simples, minha vida tranquila e desprovida de um bombardeamento de inutilidades, tô muito bem assim.


[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Defeitos, eu tenho



Defeitos, eu tenho


Pra não dizer que falei das flores

Sim eu sou inseguro, apesar de disfarçar bem. Tem dias que eu me sinto como quem partiu ou morreu, eu estanco de repente. Nesses dias eu acordo, me olho no espelho, e não me acho com boa aparência pra encarar o dia e as pessoas. Eu fico triste sem motivo aparente.

Eu acordo com MAU-hálito e MAU-humor, só fico bem depois de tomar um banho frio pra despertar, portanto não pense em me interceptar no caminho do quarto ao banheiro, não será nada agradável pra você.

Eu tenho "sono de pedra", e isso não acho defeito, acho é bom. Também não ronco, esse defeito escapei de ter, pelo menos até agora. Mas falo à noite enquanto durmo, às vezes até sento na cama pra "conversar" comigo mesmo, isso assusta os desavisados.

Eu bebo, e já passei do ponto algumas vezes, fiz muita besteira por conta do álcool. O pior de tudo é que não me arrependo, foi até divertido, estou inteiro, vivo e com um monte de histórias pra contar aos meus netos.

Também sou/estou um pouco hipocondríaco, pelo menos dizem as más línguas, e de doido já cansei de ser chamado, mas isso é porque eu faço o que os outros não tem coragem de fazer; ELES ficam só na vontade, EU não.

Talvez a minha verdadeira loucura seja tentar proteger as pessoas de mim.

Eu sou inconstante, meu humor oscila, e se eu tiver algum problema em casa pode ter certeza que isso te atingirá ainda que indiretamente, não consigo separar meu humor comigo mesmo e com os outros, afinal eu sou um só. Então não pense que irá escapar do meu mau-humor, ele não é seletivo e a única arma eficaz que tenho pra enfrentá-lo é o isolamento, sendo assim se você não respeitar meu espaço acabarei te machucando de alguma forma.

Ainda falando em inconstância... Eu posso ter toda paciência do mundo pra você, ou ser o indivíduo mais impaciente da face da Terra, tudo depende da posição dos astros. É bastante simples.

Eu enjoo rápido, preciso sempre de uma novidade, de um estímulo, de uma motivação. Eu me entedio muito facilmente com a mesmice, eu quero sempre mais. Esse defeito pode ser bom, me estimula a ousadia e a criatividade, mas no campo das relações amorosas é um verdadeiro desastre, um multiplicador e finalizador de relacionamentos.

Eu não sou bom administrador do meu tempo, perco uma tarde inteira com bobagens, deixo tudo pra última hora e me frustro em fazer tudo correndo. Mas no fim dá tudo certo. O mesmo ocorre com o dinheiro, sou gastador, dinheiro na minha mão tem asas, preciso deixá-lo preso no banco pra não gastar tudo.

E pra terminar minha corajosa 'missão anti-marketing', muitas vezes eu não sei dizer "NÃO". À princípio pode parecer bom para os outros, mas confunde algumas pessoas, afinal como saber se eu digo sim querendo dizer sim ou por não conseguir dizer não? É complicado...

Seria muita pretensão querer expor todos os meus defeitos numa só postagem, claro que não dá, além disso alguns eu prefiro guardar só pra mim; para a nossa segurança é melhor você não saber. Tenho consciência (de parte) dos meus defeitos, à cada dia me deparo com um novo, luto contra tantos outros, e até incorporo alguns que parecem não ter mais salvação.

Eu tenho defeitos sim, e quem não tem? Antes de tudo acho necessário que cada um conheça sua parte indesejável e aprenda a administrar suas fraquezas. Omiti-los e fingir que eles não existem é o pior defeito.

Nota:
Fui desafiado a falar dos meus defeitos, já que falar de qualidades é muito fácil. Pois aí está. Pra se conhecer bem é preciso ter conhecimento não só da parte boa e agradável, mas também daquela que fingimos não existir. Ela existe.

[Mente Hiperativa]

domingo, 22 de maio de 2011

Beijo virtual


Beijo virtual

Ela morava no Chile
Ele no Japão
Se amavam
Se conheceram pela Internet
Mas a distância atrapalhava
Era um namoro "Moderno"
À distância
Com poucos encontros anuais

Mas agora
Agora podiam se beijar
mesmo à distância
Criaram o beijo virtual
Sem vírus
Sem bactérias
Sem 'germes'
Sem saliva
Sem contato físico

Sem emoção




Nota: Eu jamais experimentaria beijar um pedaço de canudo que se mexe segundo comandos à distância.

[Mente Hiperativa]

Vamos tomar um cafezinho?


Vamos tomar um cafezinho?

Ando com tanta saudade de ti
Quando tens um tempinho pra mim?
Vamos tomar um cafezinho?
Sentar e conversar um pouco
Parar os relógios
Quebrá-los com um martelo
E esquecê-los
Só por uns instantes
Quero você de novo junto de mim
Como era antes
Quando você pode?
Vamos tomar um cafezinho?
[Mente Hiperativa]

sábado, 21 de maio de 2011

Organologia


Organologia


Eu quero fazer uma festa
Com piano
E saxofone
Violoncelo!
Quero também violino
Afinado no sol-ré-lá-mi
E não pode faltar os bandolinistas

Quero todos os timbres
Quero os sons graves e agudos
E também os médios

Quero cordas
Palhetas
Membranas e tubos

Sim, eu posso fazer a festa
Eu tenho arcos, hastes e plectros
Tenho baquetas
Martelos, bocais e foles
Também teclados, válvulas, chaves e pedais

Quero um charango de carapaça de tatu
Ou um alaúde de pinho de Flandres
Deixado pra trás junto com a era do romantismo

Quero um baixo
Acústico ou elétrico?
Fretless?

Quero um cavaquinho
De cordas de tripa ou de metal?
Pouco importa...

Eu quero colorir o jazz
Com o som grave do contrabaixo
Também quero o som doce da viola

Quero beliscar as cordas de uma guitarra
Pode ser acústica
Semi-acústica
Elétrica
Portuguesa
Ou Inglesa

Quero o agogô (ou gã da capoeira)
E o afoxé do reggae

Não esqueçamos da bateria

Quero a castanhola
Autenticamente Fenícia
Que foi incorporada pela Espanha

Quero os chocalhos das festas populares
O xique-xique
A maraca
Oganzá
Ou o caxixi

Quero o som de raspagem do reco-reco

Quero o choro agudo da cuíca
E seus grunhidos, gemidos, soluços e guinchos
Desse instrumento trazido a nós pelos negros Bantos

Quero os tambores membranofones
Cônicos como os atabaques
Ou bojudos como as congas

Quero a zabumba
Do xote, xaxado e baião

Quero o clarinete
Dos sambas, chorinhos e serestas

Quero a flauta doce
O falutim
A flauta transversal

Quero o trompete do frevo
Do maracatu rural
E o trombone
Outro aerófone
Mais grave

Alguém me ajuda a fazer essa festa?

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Amor platônico


Amor platônico

Eu quero um amor platônico
Daqueles que se admira de longe
E se alimenta de olhares e sorrisos

Eu posso amar sozinho, por nós dois
Você, meu amor, não precisa saber de nada

Quero um amor que seja só meu
Não quero sofrer nem causar dor
Um amor platônico é a solução

[Mente Hiperativa]

Delírio no fim do dia


Delírio no fim do dia

por Pedro Alcantara

Eu estou despido de todas as roupas, de todas as máscaras, das mentiras e da realidade. Assim eu viajo por mundos nunca antes vistos pelo homem. Aliás, o homem não chega a esses lugares. Eu sou o único lá, contigo. Mas não somos homens, humanos. Somos seres transcendentais que ultrapassam a compreensão dos outros. E somos felizes assim. Somos livres.

Fazemos o que quisermos, sem hora para dormir ou acordar, mesmo porque, o amanhecer do dia e a chegada da noite se confundem num céu, que troca de lugar com o chão e explode numa profusão de cores quentes e frias que se misturam, confundindo quem o vê. E só nós podemos ver isso.

As horas passam, as horas voltam. As horas dançam ao nosso redor, indo e vindo, como convidadas em nossa casa, que sentam-se conosco e tomam vinha, que vira água, que volta ser vinho, que se transforma em suco, que passa para qualquer outra bebida. A realidade se confunde com a ilusão e nossa diversão é sem fim.

Temos pouco tempo e, ao mesmo tempo, temos o resto de nossas vidas. E somos felizes assim. Somos nossas âncoras. E quando precisamos, voltamos ao mundo real. Só nós dois. Eu e você. Para sempre. Sempre...

... Até a hora voltar.

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O bom selvagem no divã


O bom selvagem no divã

Hoje o bom selvagem está no divã, deprimido e angustiado, procurando o seu lugar na sociedade.

Será que existe lugar para o bom selvagem na sociedade contemporânea?

Todos os dias ele acorda cedo pra encarar mais um árduo dia de trabalho, mas não reclama disso pois gosta de ajudar, de dar o melhor de si, de servir ao próximo, se sente satisfeito em poder ajudar a enriquecer a comunidade em que vive. O grande problema é que muitas vezes se sente sozinho nessa empreitada, não reconhece outros bons selvagens que o ajudem. E se não bastasse a solidão ainda há uma coisa pior, surgem a todo momento os oportunistas pra atrapalharem ou mesmo impedirem que ele faça seu papel com dignidade, isso sim contribui pra desanimar incisivamente qualquer bom selvagem, sugando suas energias e o deixando fraco.

O bom selvagem está desiludido com a sociedade corrompida, está cheio de ver tanta trapaça, desunião, egoísmo, falta de caráter, individualismo e ausência de valores morais...
Ele tentou, e como tentou, mudar as pessoas ou pelo menos transformá-las em parte, torná-las melhores, agregar valores morais e éticos, mostrar que apesar de tudo vale a pena lutar, mas mesmo assim não aguentou continuar bom numa sociedade tão ruim, podre, nojenta, egoísta e hipócrita! Até ele cansou, cansou de tachado de besta, burro, otário e outros apelidos nada generosos. Cansou de servir aos outros e não constatar melhorias, de não ver os valores que tanto valoriza se multiplicarem diante dos seus olhos, pobres olhos tristes.

Depois de tanta decepção o bom selvagem chegou a uma conclusão: " A sociedade não valoriza a honestidade, mente quem o diz, a sociedade cobra e exige RESULTADO. A sociedade é Maquiavélica, quer os fins e não importa os meios que se utilizem."

De que adianta ser o bom selvagem? De que adianta remar contra a maré?

O que será do bom selvagem? Será que ele vai se corromper? Manterá seus princípios mesmo sob intenso sofrimento? Ou fundará uma nova corrente de pensamento, o selvagelismo, em que se prega o retorno aos valores naturais?

O que será de você, bom selvagem?
Será que há espaço pra um bom selvagem na nossa sociedade contemporânea, competitiva, em que as pessoas esmagam as outras como se estivessem montadas num trator à 300km/h?

Nota: No recôndito da alma

[Mente Hiperativa]

O jogo


O jogo

Escrito por Wanderley Elian

Jogou todas as cartas no amor,
abriu o jogo,
não blefeu,
queria um amor pleno.
Esqueceu de guardar aquela
carta na manga.
Perdeu.

Nota: Paquera sem blefe não tem graça. Além disso uma carta na manga pra surpreender o "oponente" é sempre bom, dá mais emoção à conquista.

Além disso é preciso saber perder, afinal no jogo do amor nem sempre os dois ganham.

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A psicologia e as crianças de hoje em dia


A psicologia e as crianças de hoje em dia


Já era noite quando os garotos chegaram na escola, claro que não havia expediente aquela hora, todos estavam em suas casas dormindo, mas os garotos não. Munidos de sprays eles picharam o muro da escola, mensagens de violência e banalidades foram escritas, também coisas sem sentido e figuras inconpreenssíveis. Era um momento de anarquia e bagunça.

De repente a ronda policial passa por ali e detém os garotos, que são encaminhados à DPCA. Os adolescentes recebem apoio psicológico e logo a equipe chega à conclusão de que a culpa é do muro, claro, os jovens são meras vítimas desse incidente lamentável.

Os psicólogos afirmam que um dos adolescentes tem um trauma de muros, sua mãe bateu sua cabeça num muro quando ainda era bebê. Com isso acreditam que tal atentado tenha ocorrido em virtude da necessidade dessa criança de colocar pra fora o trauma, e acabar com essa raiva contida que guarda no seu inconsciente pelos muros.

No fim das contas os jovens foram elogiadas pela criatividade exprimida por meio de sprays coloridos no muro, ganharam chocolates, brinquedos e foram pra casa. O muro foi derrubado pra não perpetuar o trauma dos delinquen... Digo, dos adolescentes!. Além disso a prefeitura municipal prometeu um tratamento no exterior, uma viagem à Disney para que elas tenham a oportunidade de superar tamanho trauma.

Nota: No meu tempo (e não faz tanto tempo!) só havia a psicologia da chinelada e do castigo. Hoje não se pode castigar ou bater no seu filho, não se pode nem contrariar uma criança "porque ela pode traumatizaaaar."

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 17 de maio de 2011

Reunião secreta


Reunião secreta

Todas chegaram pontualmente ao local combinado, cada qual portando sua respectiva bolsa enorme e cara cheia de coisas inúteis dentro, só pra servir de disfarce. Pra poder entrar na reunião elas se identificam através do número de inscrição que fica no estojo de maquiagem ou no batom; afinal a maquiagem ainda continua sendo o principal pretexto pra se ausentar de junto do namorado por alguns minutos.

Ultrapassada a enorme fila e toda a parte burocrática - afinal o negócio é organizado - elas se sentam numa enorme mesa de reunião e colocam todo tipo de assunto na pauta do dia, desde o novo corte de cabelo da Rihanna até a reportagem do fantástico afirmando que comer chocolate diariamente (em quantidades mínimas) faz bem ao coração. É impressionante como nenhuma delas reparou no momento em que o apresentador falou 'em quantidades mínimas' e talvez por isso omitiram tal observação.

Depois de discutirem assuntos aleatórios elas chegam no tópico-chave da noite "o caso Fernando", namorado da Amandinha, suspeito de traí-la com sua secretária, uma sirigaita, loira, de seios fartos e corpo escultural, mas muito sem graça segundo as amigas da Amanda. A líder do SSIF - Serviço Secreto de Inteligência Feminina - apresenta o dossiê com as devidas provas contra o infeliz e o restante do mulherio procede com o julgamento do meliante, cada uma dando seu pitaco e metendo o dedo na relação alheia. No final elas decidem conjuntamente o trágico fim que o coitado deve receber: "Melhor veneno ou arma branca?", "Asfixia ou paulada na cabeça?", elas dizem aos gritos."Não precisa matá-lo, basta uma castração rápida", conclui uma delas.

Depois de alguns minutos a reunião acaba pois um encontro demorado poderia chamar a atenção da raça masculina, precisavam manter a discrição absoluta. Sendo assim depois de muita (eu disse MUITA) gritaria, gargalhadas e comentários devidamente abafados pela estrutura de isolamento acústico, a reunião que mais parecia uma briga, uma torre de Babel, um burburinho, uma confusão, acaba silenciosamente. E o pior de tudo é que elas de fato nem chegam a retocar a maquiagem (que foi o pretexto que usaram pra chegar na sala de reunião). Mas isso não é motivo pra se preocupar, afinal de contas eles nunca reparam na maquiagem delas, além disso nunca desconfiam de que não passa de uma mera desculpa esfarrapada pra sumir por uns instantes e se reunirem no banheiro do bar ou restaurante.

Sendo assim cada uma volta pra sua mesa sentando-se ao lado do respectivo namorado, tranquilamente, como se nada tivesse acontecido, como se não tivessem acabado de sair de uma reunião ultra-secreta onde debateram temas muito importantes para o futuro da humanidade, ou pelo menos da parte feminina da humanidade.

- Amor, por que você demorou tanto no banheiro?

- Ah, Nando, a fila estava enorme e eu precisava retocar a maquiagem que estava péssima.

(Note que a culpada sempre é a fila. Porque os banheiros masculinos não tem fila? Já se perguntou isso? OK, talvez porque não abriguem salas de reunião secreta.)

- Outra coisa que não entendo é o porquê de vocês mulheres só irem ao banheiro em bando?

Elas trocam olhares dissimulados entre si, algumas fuzilam o pobre Fernando pois não podiam matar a vontade que tinham de esfregar na cara dele o veredicto da reunião. O Fernando, coitado, nem desconfiava que hoje receberia uma severa punição pela pulada de cerca.

- É pra uma ajudar a maquiar a outra e não demorar tanto pra não ter que ouvir esses tipos de comentário - responde Amanda, já abusada e dando início ao plano de retaliação traçado minutos antes, no fim da reunião.

Fernando, e os outros namorados, acreditam inocentemente na resposta da amanda, aliás nós homens sempre acreditamos em nossas mulheres. Então ele pede mais uma cerveja gelada, feliz por estar com os amigos, sem saber que até o fim da noite conhecerá a ira de uma mulher traída amparada e assistida por uma ampla cobertura feminina, e que uma SIMPLES ida ao banheiro na verdade pode esconder uma reunião secreta decisiva pra o desfecho de sua noite. E quem sabe de toda sua vida. Tudo isso fruto de uma "simples" ida ao banheiro.


[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A primeira vez de um homem


A primeira vez de um homem

Ele tinha pouca idade e nem pensava em fazer aquilo, pelo menos não da maneira que seus amigos fizeram. Mas um dia ele acabou cedendo à pressão, queria deixar de ser 'o virgem da turma' e por isso se deixou conduzir até o velho sobrado da cidade que abrigava um cortiço de prostitutas.

Chegando lá ele se dirigiu logo ao quarto, minúsculo, de paredes desbotadas e carregadas de mofo. O cheiro de insalubridade o incomodou no começo, mas logo seu nariz se acalmou; ele só queria que aquilo acabasse logo.

Deitou-se na cama, já despido, pra poupar tempo, e esperou que entrasse uma princesa pela porta. Da cama via apenas uma pequena janela, bem pequena, com uma cortina vermelha que filtrava os raios de sol e com isso pintava todo o quarto com essa cor.

A profissional enfim chegou, poucos segundos de espera que pra ele pareciam uma eternidade. Ela não era a deusa que ele sonhava ou que via nos filmes em que os garotos perdiam a virgindade com prostitutas, mas tinha seios fartos, além do mais, princesa ou vadia seria com ela que ele resolveria sua situação.

Sendo assim ele fez o que tinha que fazer, em quinze minutos. Esse foi o tempo que precisou, terminou tudo e deixou o dinheiro em cima da cama. Foi embora aliviado, com a sensação de dever cumprido. Não teve prazer, não teve tesão, muito menos sentimento, mas a urgência e a cobrança social da época pediam que fosse assim mesmo.

Hoje em dia daquele lugar pequeno e úmido ficaram apenas as lembranças de um colchão velho e furado, repleto de ácaros, e de uma mulher qualquer que estava ali por dinheiro. Ele estava ali por pressão.

Naquele dia nada aprendeu sobre sexo. Só depois começou a desvendar os seus mistérios, seu preço e seu prazer.


[Mente Hiperativa]

Cara de coruja


Cara de coruja

Cara de coruja, esse era o seu apelido de escola. Ah, se ela soubesse que coruja é o símbolo da sabedoria talvez não tivesse se importado tanto com as brincadeiras de seus amigos. Se soubesse que eles queriam somente irritá-la ela não teria dado a eles o combustível necessário pra perpetuarem o tal apelido, não teria feito o que eles queriam, perdido a paciência. Se ela soubesse que revidar com violência iria torná-la a agressora (ao invés de agredida) ela não teria esbofeteado os colegas tantas vezes. Se ela soubesse que nesse mundo os valores são invertidos e quem tenta se defender é culpado por ser violento, ela teria sido a primeira a apelidar os colegas. Se ela soubesse que os fracos e oprimidos recebem apelidos e servem de bode expiatório ela teria sido forte e opressora, ela teria sido algoz ao invés de vítima. E de que adiantaria? O Bullying continuaria existindo, ela apenas trocaria de papel.

[Mente Hiperativa]

domingo, 15 de maio de 2011

Queria ter esse poder

poderMag.jpg

Queria ter esse poder

Queria ter esse poder, de mudar as coisas, de mudar as pessoas

Queria fechar os olhos, e transformar o repressor num coelhinho.
Queria que suas palavras grosseiras se transformassem em bolhas de sabão, que não me machucassem ao me atingirem.

Queria que os miseráveis de rua, pedintes, trocassem seus pedidos por flores.
Queria que distribuíssem tais flores às pessoas pelas ruas, pra tentar abrandar seus corações empedrados.

Queria que as crianças Africanas trocassem as lágrimas pelos sorrisos.
Queria que o vírus do HIV mutasse para o vírus da alegria.

Queria que o trânsito fosse um enorme carrossel.
Queria que os motoristas fossem crianças se divertindo em seus cavalos coloridos.

Queria que as guerras fossem grandes festas.
Queria que o som das bombas fosse apenas o batidão da música eletrônica.

Queria que a prisão fosse uma enorme escola.
Queria que os bandidos aprendessem valores e saíssem pessoas do bem.

Queria...
Queria ter esse poder, de mudar as coisas, de mudar as pessoas.

[Mente Hiperativa]

Amor a dois

casal-beijando.jpg

Amor a dois

Reciprocidade

Continuidade

Ciclicidade

Perenidade

Perpetuidade

Assim é o amor

A dois

Nota: Ou pelo menos assim deveria ser...
[Mente Hiperativa]

sábado, 14 de maio de 2011

Criatividade infantil


Criatividade infantil


Pintou muitas flores
vermelhas, laranjas
Azuis e amarelas

Desenhou um sol bem grande
Feliz, ostentando um sorriso enorme
E também algumas nuvens

Criou uma casa
Com portas e janelas
E outras casas vizinhas

No jardim
Colocou um cachorro
Um gato e passarinhos

Seu mundo era colorido
Sua imaginação
Não tinha limites

Mas sua mãe chegou em casa
E ele largou os lápis de cera
E se escondeu atrás do sofá

Levou umas palmadas
E ficou de castigo
"Três dias sem sobremesa"

Sua mãe não tolerava
As paredes de casa pintadas
E castrou toda a criatividade da criança


[Mente Hiperativa]

Frio!

Frio!

Compressas de agua fria, por favor
Balde de gelo, rápido
Câmara frigorífica, imediatamente

Impossível. Não há jeito
Não há como esfriá-lo
Esse coração insiste em bater


[Mente hiperativa]

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Escrevo com caneta esferográfica


Escrevo com caneta esferográfica


Escrevo com caneta esferográfica, pra não ter que apagar meus erros com uma borracha macia.

Escrevo, e meus erros eu rasuro com a própria caneta, corrijo, passo por cima, mas deixo-os marcados na folha de papel. Pra não esquecê-los jamais.

Não gosto da borracha e do lápis, eles me fazem esquecer o que escrevi de errado, preciso dos meus erros visíveis, me encarando, me cobrando que eu sempre os recorde.

Não quero repeti-los, quero novos erros, novas rasuras, sempre com caneta esferográfica, nada de borracha.

E tem mais, não faço questão de caprichar na rasura, nada de somente passar um traço em cima do erro, eu risco mesmo, com vontade. Quero que fique bem marcado.

Porque deveria deixá-lo 'bonito' e discreto? Quero mais que me chame a atenção. Quero nunca apagá-lo da memória.

Meus erros, guardo-os comigo, na minha história, por isso NADA de borracha! Somente caneta esferográfica!

[Mente Hiperativa]

Casamento desenganado


Casamento desenganado

Um enganou ao outro
E ambos caíram na armadilha
Ela se fez de boazinha, pura e submissa
Ele prometeu mudanças, fidelidade e boa vida
Foram direto pra o altar, sem noivado
Nem anos de espera ou planejamento
E agora sabe-se lá o que vai acontecer
Só o peso implacável da rotina dirá

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Ordenha


Ordenha

Pega
Empurra
Estrangula
Aperta
Puxa
Estica
Solta
Libera
E volta

[Mente Hiperativa]

O mundo é dos flexíveis

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O mundo é dos flexíveis

Todos cobram dele uma posição, seja ela política, religiosa, ideológica... Mas ele se mantinha sempre acima de tais definições.

Ele não é exatamente cristão, nem ateu; tem um lado espiritual desenvolvido longe dessas corrrentes, mas respeita todas elas e procura extrair de cada uma sua essência boa.

Ele não é de direita, nem de esquerda, não apóia o PT, nem o PMDB, apóia a política, quer sempre o melhor para a sociedade. Ele não elege partidos, elege pessoas que sejam capacitadas pra governar o país.

Ele adora ouvir jazz, mas também MPB. De vez em quando gosta do bom reggae-raíz, ou pop rock. Ele é eclético, tem ouvido pra música boa, seja de qual gênero for. E não vá dizer a ele que quem gosta de jazz não pode gostar reggae, ele não acredita nisso.

Ele é bom de garfo, seu paladar não é restrito, come do salmão defumado à linguiça toscana, da feijoada ao sushi, passando pela cozinha Italiana, Francesa e Árabe. Ele acredita que cada comida tenha seu tempero distinto e inconfundível; besta de quem só se farta de um deles.

Ele já namorou ruivas, loiras e morenas, sem preconceitos, ele sabe admirar a beleza de cada tipo humano. E que venham as ruças, ainda não conhecia de perto o charme da meia-idade.

Enquanto isso seus amigos "quadrados" tentavam enquadrá-lo numa classificação, e ele sempre flexível mudando e confundindo a cabeça das pessoas. Ele é indefinível, difícil colocá-lo preso ou restrito.

Ele tem gosto pelo mundo, ele é flexível, e o mundo é dele.

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Paixão colegial



Paixão colegial

Tinha uma paixão retraída pelo professor, sentava-se na primeira fila na ânsia de senti-lo mais próximo, queria sentir seu cheiro, seu calor, seu hálito; mas não queria ele perto demais, evitava contatos físicos mais próximos. Quem entende o amor platônico?

Ela sempre fez questão de estudar a matéria do 'seu' professor com bastante antecedência, além disso sempre repondia suas questões em sala de aula, adorava escutar o prestígio saindo da boca dele e correndo em direção aos seus ouvidos. Era música pra ela, uma verdadeira sinfonia.

Pensava nele noite e dia, como uma adolescente apaixonada, mas ela era de fato uma adolescente apaixonada, e não seria porque ele tem uns 30 anos a mais que descaracterizaria essa paixão, ela continuava existindo, com todos os seus impedimentos. Impedimentos? E quem disse que a garota queria concretizar essa paixão? Era só uma paixão colegial...

Além disso, a força desse paixão impulsionava seus estudos e fazia ela ir pra escola sempre alegre e motivada, queria que ele a visse feliz e boa aluna. E fazia de tudo pra atingir esse objetivo.

Certo dia depois da aula ela foi surpreendida, o professor disse que queria conversar com ela. Todos saíram da sala e comente ela ficou, apreenssiva, cara a cara com seu amor platônico. Primeiro ele a elogiou pelas notas, depois olhou-a de uma forma estranha. Ela não sabia o que fazer diante de tamanha intimidação, será que ele havia percebido que era apaixonada por ele? Mas ela nunca quis concretizar essa paixão, e agora o que deveria fazer?

O olhar que ele lançou sobre ela não era de admiração, mas de desejo. Ela teve medo. Ele a desejou e avançou sobre ela. Algum tempo depois correu pra fora da sala, triste, aos prantos. E quem teve medo agora foi ele.

No dia seguinte boatos corriam pelos corredores da escola, o professor havia sido demitido, mas porque? Ninguém sabia explicar ao certo o motivo, mas alguns desconfiavam. A diretora preferiu demiti-lo a prejudicar a imagem da escola e a integridade de suas alunas. Expurgou o que havia de podre.

Na escada, sentada, aquela garota de apenas 13 anos deixava escorrer pelo rosto uma lágrima de saudade, saudade do amor que tinha e foi embora, morreu de repente, o amor platônico que se revelou um monstro perverso e ousado diante dos seus próprios olhos. Ela que nunca teve planos de concretizar aquele amor se viu obrigada a matá-lo dentro do seu coração.

Pra ela aquele amor era pra ser guardado no peito, não queria seu amor exposto, realizado. E porque ele fez aquilo? Estava tudo indo tão bem... Ela não entendia. Ela que queria aquele amor somente pra si, agora ficou sem amor nenhum, nem platônico, nem real.

Nota: Não falo somente de amor, também meto o dedo na ferida.

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 10 de maio de 2011

O outro


O outro

O outro faz coisas que não quero fazer
Não sou eu, é ele!!!
Ele é inconsequente
Eu sou moderado, comedido
Ele se joga de cabeça
E eu o seguro
TENHO que segura-lo
Senão caímos os dois
Ele não tem juízo
Eu tenho, e uso!
O outro não tem limites
Nem culpa
EU que sempre levo a culpa
E pago o preço das suas maluquices
Depois ninguém entende o ocorrido...


[Mente hiperativa]

Que bicho me mordeu?


Que bicho me mordeu?

Um bicho me mordeu enquanto eu dormia, percebi logo que acordei, pois ele deixou sua inegável marca. Era o bicho da solidão, tenho certeza, fui condenado a viver sozinho, cada dia mais antissocial.

E agora o que vou fazer com os amores que vem e vão, insistem em bater na porta do meu coração? Quando abro eles correm pra dentro e me dão o maior trabalho de colocá-los pra fora novamente. Tento chamá-los, com educação, puxo pela mão, saio e grito pra ele vir me pegar, mas de nada adianta, às vezes preciso pôr pra fora abaixo de vassouradas. Eles literalmente adentram meu pobre coração solitário, sem convites, chaves ou senhas. É uma invasão.

Existe coisa mais desobediente do que o amor? Se existe eu desconheço, pois no meu coração não consigo mandar. Ele sempre ousa me desobedecer, atrevido que é, e não há castigo que o faça aprender que quem manda sou eu! Talvez os castigos sejam apenas a vontade que eu tenho de não amar, mas de qualquer forma não adianta, meu coração sempre fala mais alto, ele grita, e ainda que eu bote todos os amores pra fora abaixo de vassouradas, sempre tem um que retorna e bate à porta novamente.

Talvez eu precise aceitar que quem manda não sou eu, é meu coração. E o castigo que dou não é a ele, mas a mim próprio. Talvez o bicho da solidão não tenha sido mais que um mosquito que eu sobreestimei. Difícil aceitar que as coias sejam assim, tão simples...

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ousadia


Ousadia

Eu ouso voar alto
Às vezes me arrebento lá de cima, é verdade
Mas pelo menos vivo grandes emoções
E quero sempre mais
Quero ter o improvável como recorrente
Pouco pra mim é nada
E o céu NÃO é o limite
Talvez a exosfera
Ou a imensidão de um buraco negro
Que me sugue as ideias, a energia, a ousadia
Mas enquanto o buraco negro não me pegar
Eu estou me balançando forte na vida
Vou e venho
Vou e venho
Ainda sou criança
E nunca paro de querer mais!

[Mente Hiperativa]

Cantada


Cantada

Meus olhos encarando os teus
Minha boca grudada na tua
Meu corpo unido ao teu
"tu sei il fiore più bello di questo giardino"
A cantada foi em Italiano
Poderia ter sido em Inglês
Alemão ou Espanhol
Pouco importa
O importante da cantada
É quem está cantando!

[Mente Hiperativa]

domingo, 8 de maio de 2011

Paranóia


Paranóia

A noite chegou e tudo estava calmo, calmo demais. Toda essa calmaria inquietou aquela senhora. Como podia estar tudo tão pacato se no noticiário ela viu toda aquela violência, balas perdidas, assassinatos, assaltos e agressões gratuitas?

E nos jornais, ela leu que o país estava passando por uma seca agressiva na região sul, e também enchentes, no outro extremo, no norte. Havia tsunamis devastando países inteiros, também terremotos e furacões. Calamidade pública. Talvez até o princípio do 'fim dos tempos'...
Na sua casa, no entanto, reinava a paz absoluta. E isso a deixava inquieta, desconfiada. Alguma coisa estava errada, só podia ser... Não havia outra explicação para tamanha incongruência.

Ela corre até a janela, espia pela brecha da cortina, nenhum assaltante à mão armada, nem sinal de alagamento ou arrastão. Muito estranho, pensa ela, calada e contemplativa. Ela estava sempre angustiada, com medo que a qualquer momento a violência batesse à porta.

Eis que de repente a campainha toca, ela dá um pulo de susto e vai correndo abrir a porta, quase enfarta achando que era a dona violência, aquela dos noticiários, mas era só o porteiro entregando a correspondência do dia.
Nota: O ministério da Mente Hiperativa adverte: assistir diariamente aos noticiários sem a devida dosagem crítica pode levar à paranóia.

[Mente Hiperativa]

Mãe, te amo


Mãe, te amo

Meu mundo não seria igual sem você, não mesmo
Ainda que conseguisse viver assim, me sentiria amputado
Eu te amo, mãe, mais do que tudo nessa vida!

Tenho certeza do seu amor incondicional por mim
Eu também sou louco (de amor) por você, mainha

Adoro cada uma das suas mil ligações ao dia
Mesmo que eu pareça meio irritado às vezes, mas eu gosto
Ontem você não me ligou e adivinha, senti muita falta!

Nota: Eu e minha mãe na foto. Ela me liga MIL vezes por dia, eu reclamo que ela liga demais, mas quando ela não liga eu sinto muita falta. E aí eu ligo pra ela e digo: 'porque não me ligou ainda, mãe?'. Quem entende...
[Mente Hiperativa]

sábado, 7 de maio de 2011

A mulher dando o troco


A mulher dando o troco

Ela queria dar o troco à toda aquela sociedade machista que reprimiu as mulheres por tantos séculos. Ela queria mostrar que agora podia, que agora era livre. Vestiu o short mais curto que tinha deixando à mostra as belas coxas grossas, colocou um decote generoso e foi pra 'night' dançar e provocar todos os homens que conseguisse.

Ficou com vários naquela noite.

Chegou em casa contente, sentindo-se vingada de tanto machismo. No outro dia acordou-se sozinha, de ressaca. Seu telefone, que parou na mão de vários, não tocou. Ninguém mandou flores ou a convidou pra jantar. Ninguém estava preocupado em saber como ela estava.

Sentiu o gosto da solidão e repensou o seu valor de liberdade.

Afinal, o que seria uma mulher livre na sociedade contemporânea ?


[Mente Hiperativa]

Má-digestão


Má-digestão

Saí de casa pra almoçar
Tinha comida em casa
Da boa, diga-se de passagem
Feita na hora, quentinha
Mas a companhia...
Essa não era das melhores
A companhia me faz mal
Me dá má-digestão
Por isso saí de casa pra almoçar

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Os dois hot-dogs


Os dois hot-dogs

Poxa

Não te troquei por dois hot-dogs

Nem se fossem dois Mc fish

Se bem que Mc fish...

Aí seria covardia

Eu precisaria pensar!

Bom, mas eram hot-dogs

Eu prefiro você a eles

Sendo que

Estavam tão quentinhos

Olhando pra mim

Escorrendo ketchup

E mostarda

Adoro mostarda

Você sabe

Aí eu não resisti

Você me perdoa ?

[Mente Hiperativa]

Autenticidade


Autenticidade

Texto de Bruniele, do blog O segredo da rosa azul


Eu quero me apoderar de mim

Num abraço, me segurar firme

E viver aquela história sem fim

Aquela que nunca virou filme

E eu não conheço nem o começo nem o fim

Mas mesmo assim, estou aqui no meio do mundo

A todo momento um trajeto cada vez mais confuso

Meu destino escrito como na areia de um deserto

Cada vento que sopra, molda-me de um jeito tão incerto

Que logo se desmancha e é levado para longe

De tudo aquilo que é seguro

E eu vivendo no meio do mundo

Me perdendo num falso ser, um absurdo!

Uma farsa que criei somente para ser aceito

Mas que em todo tempo eu o rejeito

Se eu sou de mim mesmo um suspeito

Por me ter matado sem ter direito

Que morra eu por não querer mais ser perfeito


[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O desfecho de Vitória e o Marinheiro


O desfecho de Vitória e o Marinheiro

Pra quem não conhece eu comecei a contar a história real de Vitória (nome fictício) e o seu amor pelo Marinheiro no blog antigo, o Mente Hiperativa (Clique aqui e Aqui).

Na época eu deixei o fim da história em aberto pois de fato ele não havia se concretizado ainda, sendo que essa semana recebi do marinheiro uma música que segundo ele seria a trilha sonora perfeita dessa história de amor.

Eis então o desfecho... (Escutem que música! E acompanhem a letra, é demais!)




No Cais de San Blas - Maná

Ela despediu-se do seu amor
Ele partiu em um barco no cais de San Blas
Ele jurou que voltaria e chorando em pranto
Ela jurou que esperaria
Milhares de luas passaram
E sempre ela estava no cais esperando
Muitas tardes se aninharam
Se aninharam em seu cabelo e em seus lábios

Usava o mesmo vestido
E se ele voltasse não iria equivocar-se
Os caranguejos mordiam
Suas roupas, sua tristeza e sua ilusão
E o tempo se passou
E seus olhos se encheram de amanheceres
E pelo mar se apaixonou
E seu corpo se enraizou no cais

Sozinha, sozinha no esquecimento
Sozinha, sozinha com seu espírito
Sozinha, sozinha com seu amor o mar
Sozinha, no cais de San Blas

Seu cabelo se branqueou
Mas nenhum barco seu amor lhe devolvia
E no povoado lhe chamavam
Lhe chamavam a louca do cais de San Blas
E uma tarde de abril
Tentaram leva-la ao manicômio
Ninguém pode arrancá-la
E do mar nunca jamais a separaram

Sozinha, sozinha no esquecimento
Sozinha, sozinha com seu espírito
Sozinha, sozinha com seu amor o mar
Sozinha, no cais de San Blas

Sozinha, sozinha no esquecimento
Sozinha, sozinha com seu espírito
Sozinha, sozinha com o sol e o mar
Sozinha, sozinha no esquecimento
Sozinha, sozinha com seu espírito
Sozinha, sozinha com seu amor o mar
Sozinha, no cais de San Blas

Ficou, ficou, sozinha, sozinha
Ficou, ficou, com o sol e com o mar
Ficou nesse lugar, ficou, até o fim
Ficou nesse lugar, ficou, no cais de San Blas
Sozinha, sozinha ficou

[Mente Hiperativa]