segunda-feira, 21 de julho de 2014

Prisão



Prisão 

Eu te amo como quem ama um passarinho morto e com cuidado te manipulo, como se por acaso fosse capaz de te machucar. Mas como machucaria algo que está morto e que talvez nunca tenha tido vida?

Toda vez que quero saber como você está eu te alcanço naquela caixa de ossos lá no alto, te desembrulho com cuidado e te acaricio. Sei que é mórbido, sei que é absurdo, mas conforta-me o fato de você estar ali, morto.

Às vezes sinto vontade de abrir a caixa e te ver voando pra bem longe, carregando contigo esse meu prazer doentio e me libertando dessa penitência diária. Mas você não passa de um passarinho morto, tão morto que nem pode voar.

Por isso, estaremos eternamente presos um ao outro.

[Mente Hiperativa]

10 comentários:

  1. Originalíssimo , Sena! A respeito de um comentário que fez no meu blog, da uma olhadinha nesse:

    http://apoesiaestamorrendo.blogspot.com.br/2013/12/dos-contratempos.html

    ResponderExcluir
  2. Gostei, me fez pensar... Acho que meu passarinho está, não morto, mas acho que em coma.

    Gostei que da imagem também, ela meio que se tornou essencial ao texto, meio que se completam.

    (:

    ResponderExcluir
  3. Talvez o passarinho não esteja morto, mas assim eu quero vê-lo....

    ResponderExcluir
  4. Meu coração um tanto pranto ao ler este texto !!!

    ResponderExcluir
  5. Se fingir de morto é uma estratégia de sobrevivência no mundo animal... costuma ser eficaz. ;)

    ResponderExcluir
  6. Talvez esteja na hora de vc voar abri a porta da gaiola em q estas!!
    Corta o cordao ds seus membros.
    Vc q voar mas se matem preso assim como um q mesmo sabendo q pode voar mas q se tivesse o peso de racionar talvez exitace...
    A sua exitação s torno um habto um vicio??
    Vc sabe q pode!?

    ResponderExcluir
  7. Que profundo! Saudade de vir aqui, mas uma hora ou outra sempre volto! Beijos

    ResponderExcluir
  8. Definiu como me sinto...

    "Toda vez que quero saber como você está eu te alcanço naquela caixa de ossos lá no alto, te desembrulho com cuidado e te acaricio. Sei que é mórbido, sei que é absurdo, mas conforta-me o fato de você estar ali, morto."

    ResponderExcluir

Deixe sua opinião: