sábado, 14 de abril de 2012

O limite nas amizades


O limite nas amizades

Existe um espaço virtual entre duas pessoas desconhecidas, uma distância que as mantém cada uma no seu lugar, e impede que conversem, troquem ideias, que sorriam uma para a outra. Às vezes essa barreira parece intransponível, de modo que não conseguimos nos imaginar abraçados àquela pessoa, trocando segredos ou simplesmente conversando com ela. Eis que um gatilho torna tudo isso possível de ser vislumbrado, um amigo em comum apresenta um ao outro, faz a ponte entre eles, ou então os dois se esbarram casualmente em alguma circunstância da vida, qualquer coisa que sirva de pretexto para uma conversa inicial. E assim se quebra o gelo, permitindo que a distância entre os dois comece a diminuir.

E é tão interessante explorar esse 'espaço', vivenciar os primeiros contatos, tão tímidos, hesitamos em avançar muito rápido, em invadir o espaço do outro de forma agressiva, seguimos com a cautela de que não iremos constituir uma ameaça à sua intimidade. É tão boa essa fase inicial, incerta, cheias de expectativas, ficamos nervosos, ansiosos, com medo de perder aquilo que nem temos ainda. Enquanto isso o outro se sente um pouco invadido, mas ao mesmo tempo analisa cada atitude sua, como se conferisse uma escala de pontos, mas sempre impondo limites que talvez um dia poderão ser transpostos. Ou não. E à medida em que vão convivendo, vão criando empatia um pelo outro, se aproximando, assimilando as afinidades, compreendendo as diferenças, se tornando mais amigos, enfim.

É interessante constatar a existência desse espaço virtual entre as pessoas, notar também que mesmo depois que deixam de ser meros estranhos e se tornam amigos, os limites permanecem. Claro que os limites não são mais os mesmos, foram reconfigurados, mas se mantém nas nossas relações, seja uma restrição a certos assuntos, a certas brincadeiras ou mesmo a intimidades mais deliberadas, mas sempre os limites estarão presentes. Normalmente esses limites vão se afrouxando à medida em que conhecemos melhor a pessoa e ela deixa de ser tão desconhecida, mas é tão bom quando confiamos e pulamos essa parte, quando quebramos a barreira logo cedo, e não nos decepcionamos depois.

Mas amizade é isso, é testar limites, é permitir, é acertar, e também errar. É sempre um desafio se aproximar de uma pessoa desconhecida e tentar conquistar a sua confiança, conhecer sua intimidade, fazer parte da sua vida. Nunca teremos plena certeza de que o limite dado é perfeitamente correto, nunca saberemos se devíamos ter dado mais ou menos limite, só mesmo a convivência dirá se foi bom ou ruim. E com o tempo vamos moldando os limites, aumentando-os ou diminuindo-os conforme as nossas necessidades mais íntimas, de acordo com a segurança que sentimos no outro. Por essas e por outras que é tão interessante lidar com gente, e fazer amigos é uma arte na qual nunca aprendemos tudo, nunca seremos mestres; sempre alunos.

[Mente Hiperativa]

2 comentários:

  1. QDO LI ME VEIO A MENTE QUE MUITAS VEZES É DIFICIL ENCONTRAR A MEDIDA CERTA DE MUITAS COISAS... UMA DELAS É ISSO, ABRIR ESPAÇO PRO OUTRO SEM FICAR COM OS LIMITES DISTORCIDOS, NÃO SABENDO EXATAMENTE ONDE TERMINAMOS OU ONDE O OUTRO COMEÇA?? MAS É GOSTOSO ARRISCAR... S

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    1. Sem dúvida é gostoso arriscar, e nunca uma amizade será igual a outra, de modo que por mais experiência que você tenha, nunca saberá lidar com 100% das situações. E isso é o bom da história, pois sempre temos algo a aprender.

      Abraço

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