sábado, 1 de outubro de 2011

Mães morrem quando querem


Mães morrem quando querem

Autoria atribuída a Alexandre Peleggi.


Eu tinha 7 anos quando matei minha mãe pela primeira vez. Eu não a queria junto a mim quando chegasse à escola em meu 1º dia de aula, eu me achava forte o suficiente para enfrentar os desafios que a nova vida iria me trazer.

Poucas semanas depois descobri aliviado que ela ainda estava lá, pronta para me defender não somente daqueles garotos brutamontes que me ameaçavam, como das dificuldades intransponíveis da tabuada.

Quando fiz 14 anos eu a matei novamente. Não a queria me impondo regras ou limites,
nem que me impedisse de viver a plenitude dos vôos juvenis.

Mas logo no primeiro porre eu felizmente a descobri viva. Foi quando ela não só me curou da ressaca, como impediu que eu levasse uma vergonhosa surra de meu pai.

Aos 18 anos achei que mataria minha mãe definitivamente, sem chances para ressurreição. Entrara na faculdade, iria morar em república, faria política estudantil, atividades em que a presença materna não cabia em nenhuma hipótese.

Ledo engano:

Quando me descobri confuso sobre qual rumo seguir voltei à casa materna, único espaço possível
de guarida e compreensão.

Aos 23 anos me dei conta de que a morte materna era possível , apenas requeria lentidão... Foi quando me casei, finquei bandeira de independência e segui viagem. Mas bastou nascer a primeira filha para descobrir que o bicho 'mãe' se transformara num espécime ainda mais
vigoroso chamado 'avó'. Para quem ainda não viveu a experiência, avó é mãe em dose dupla...

Apesar de tudo continuei acreditando na tese da morte lenta e demorada e, aos poucos fui me sentindo mais distante e autônomo, mesmo que a intervalos regulares ela reaparecesse em minha vida desempenhando papéis importantes e únicos, papéis que somente ela poderia protagonizar...

Mas o final dessa história, ao contrário do que eu sempre imaginei, foi ela quem definiu: quando menos esperava, ela decidiu morrer. Assim, sem mais, nem menos, sem pedir licença ou permissão, sem data marcada ou ocasião para despedida. Ela simplesmente se foi, deixando a lição que mães são para sempre!

Ao contrário do que sempre imaginei, são elas que decidem o quanto esta eternidade pode durar em vida, e o quanto fica relegado para o sublime terreno da saudade...


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Esse texto me emocionou muito, tenho mãe viva, e espero tê-la por MUITO tempo ainda. Nunca pensei em matá-la lentamente, embora às vezes tenha agido de forma semelhante ao personagem acima. Mas já perdi minha avó, que não era somente uma vó, era de fato uma mãe duas vezes, então de certa forma eu sinto a dor de perder uma mãe, eu sei a falta ENORME que faz, e foi exatamente como ele contou, de repente, ela simplesmente dormiu e não mais acordou.

Então eu penso que a vida pode parecer longa, mas no momento em que perdemos alguém especial como nossa mãe ela se revela tão curta. Afinal, foi tão rápido, ela se foi tão cedo, ainda tinhamos tanto pra viver juntos, tantos planos... E por que ela teve que ir logo?

Por isso é preciso expressar o amor pelos que ainda estão aqui junto a nós, afinal nunca se sabe o dia que vão partir, e certamente será sem aviso prévio, sem tempo de despedida, será de repente, do dia pra noite, como foi com minha vó.

E quando você perder sua mãe, provavelmente descobrirá que ela foi a criatura que MAIS te amou na face Terra, incondicionalmente. E descobrir isso 'tarde demais' deve doer bastante.

Por isso quem tem sua mãe viva, prestigie-a, ame-a, demonstre seu carinho, afeto, atenção, amor, não deixe pra depois, pois o depois pode ser tarde, pode não existir depois.

E pra quem já perdeu sua mãe, feche os olhos, e agradeça a ela por tudo, peça desculpas por alguma pendência, por não ter tido tempo de resolver as diferenças que por ventura ficaram, de onde ela estiver ela o escutará, e certamente o perdoará, porque amor de mãe não tem fim.


[Mente Hiperativa]

2 comentários:

  1. vivi algo semelhante a isso, hoje estou com 19 anos e longe de casa estudando...mas sempre que volto pra casa dou um abraço apertado e fico junto Dela!! =)

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