quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Morrer assim, desse jeito assim, nunca esperei.


Morrer assim, desse jeito assim, nunca esperei.
Morrer assim, desse jeito assim, nunca esperei.

Morava à beira mar e naquele dia ensolarado foi até a área de lazer do prédio levar o irmãozinho à piscina, mas chegando lá viu que estava lotada de pessoas e por isso bastante desconfortável. Resolveu, então, descer até o hall principal do prédio e distraí-lo com outra atividade qualquer.

Nesse hall havia um vidro bem grande que partia do chão até o teto e formava uma espécie de parede que permitia uma bela vista da praia a quem estava na sala. A vista era realmente bela, tanto que ele parou pra contemplá-la por alguns instantes, olhava o mar, as pessoas na areia, sentadas em suas cadeiras, tomando cerveja e se bronzeando despreocupadamente ao sol.

De repente ele se surpreende com uma onda que atinge as pessoas e as obriga a mudar de lugar, a se afastarem um pouco do mar. Ele procura o irmão com o olhar pelo hall, mas ao perceber que ele está com o pai, volta sua atenção à praia. Acompanha o movimento do mar, que parece agressivo. Mais uma onda vem e novamente molha as pessoas que, abusadas, se afastam um pouco mais do mar e ganham alguns metros aquém da faixa de areia.

Depois dessas ondas tudo fica calmo, e o mar parece secar. Mas não seca como normalmente acontece, ele secou rápido demais, de modo que os peixes ficam ainda pulando na areia seca. Absurdo, você pode pensar, ele também pensou ao contemplar estarrecido a enorme onda que se formava logo adiante. Seus olhos estavam arregalados e num grito desesperado ele disse em vão: "paaaaaaai", enquanto apontava para aquela onda que até projetava uma sombra sobre o solo.

A onda derrubou todos que frequentavam a praia, e num piscar de olhos cobriu tudo que havia pela frente. O vidro do hall, que antes parecia uma janela para o mundo, fora completamente encoberto de água. E seu coração nesse momento batia disparado, em contraste com o seu corpo que estava completamente congelado, paralisado, diante de tamanha cena catastrófica, antes só vista nos noticiários e grandes produções Hollywoodianas.

Seu ouvido, que nunca fora tão bom, conseguiu ouvir os estalos do vidro, e enquanto seus olhos permaneciam arregalados eles observavam pequenas rachaduras se formarem e crescerem, crescerem, até romperem o painel de vidro. A água se espalhou por todo o ambiente, gritos desesperados agora se misturavam com o barulho da água arrastando tudo, até que se fez o silêncio. Tudo ficou sem cor, nem som, não era preto e silêncio, era uma sensação antes desconhecida que se traduzia exatamente em "nada". Não sabia se havia perdido a consciência ou simplesmente morrido. Só sabia que não mais existia naquele momento.

E então acordou do pesadelo, sem entender o que se passou naquele dia tão terrível ou que sensações poderia estar escondendo o seu subconsciente.


[Mente Hiperativa]

2 comentários:

  1. Aceito interpretações psicanalíticas, rsrs.

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  2. RSRSRRSRS Olha cada sonho é um sonho singular , nao cai nessa de consultar revistinhas de sonho pq n rola. kkk

    Geralmente sonhos com mar, sao associados a figura materna, por causa do ventre e talz, mas isso pode mudar de pessoa em pessoa.

    O ser ENGOLIDO pelo mar e o grito de desespero pelo pai sao elementos q EU COMO ANALISTA refletiria.

    O vidro tbm é interessante, te protegia do mar, deixarva vc ver , mas distante e protegido. E o vidro se rompendo? E o grito, e o mar....

    Daria uma ÓTIMAAA sessao analitica

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