domingo, 31 de março de 2013

Maçã do Amor



Maçã do Amor

O jogo da sedução
É um jogo arriscado
Apostas só na atração
Vem amor misturado

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 27 de março de 2013

Amor de uma noite só


Amor de uma noite só



A noite parece tão segura
Vive-se um amor que
Até o sol raiar ainda dura

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 5 de março de 2013

O incrível passeio por Saturno


O incrível passeio por Saturno
Para reler o que eu já falei de Saturno clique aqui.


É reconfortante voltar a Saturno e perceber que tudo permanece da mesma forma. As pessoas continuam andando com os cabelos desgrenhados, mas não é por desleixo, é que lá ainda não se vende chapinha, nem mesmo shampoos revolucionários 3 em 1, fortalecidos com vitaminas B5. E tudo indica que jamais terá dessas coisas em Saturno, pois lá ninguém esconde a verdadeira essência às custas de caros e exaustivos tratamentos de “beleza”. Eles fazem questão de manter o visual assim, ao natural, como uma forma de transparecer cada uma de suas peculiaridades, sem se preocupar com padrões bobos e estereótipos carentes de autenticidade. Em Saturno, dizem que se você tiver um olhar atento poderá reconhecer todos os defeitos e qualidades das pessoas, está tudo declarado nas nuances de sua aparência física, reflexo do que se passa em suas almas. Lá ninguém esconde o que é de verdade, não há maquiagem que mascare o caráter ou roupa que cubra as culpas, as pessoas são o que são e não usam o corpo como escudo da alma.

Na noite passada eu viajei pra Saturno, era noite na Terra, mas lá não era noite, nem dia, não há sol ou lua em Saturno, nem tempo, os relógios lá não têm números, apenas a seguinte frase: TANTO FAZ. O ponteiro não é reto, nem tortuoso como se poderia imaginar, ele é composto de inúmeros pontos difusos que se moldam a todo instante e reproduzem o estado de espírito do momento. Os relógios em Saturno são incapazes de se manifestar através de números, lá a hora é um sentimento que se passa naquele instante, não é um valor. Valores são cartesianos demais e não combinam com a aura de Saturno, que é atemporal e excessivamente sensorial para sustentar grandezas tão exatas e humanas. Em Saturno não precisamos ser humanos, nem temos que nos preocupar com horário ou medição das coisas. Tudo acontece em Saturno e ninguém precisa se enganar achando que detém o controle dos fatos.

Acordei convicto de que quero me mudar pra Saturno o mais rápido possível, mas é besteira minha, pois sei que jamais seria aceito levando na bagagem convicções tão fortes quanto essa, são imbatíveis demais e seu peso afundaria no solo de Saturno. E, pensando bem, certezas não combinam com o dia-a-dia de lá, talvez até pudessem cair bem num domingo à tarde ou feriado, mas não há datas em Saturno, nem dias, de modo que as certezas não precisam ser usadas e não têm qualquer virtude por lá. Sendo assim, preciso me preparar para a mudança de endereço, tenho que me conectar com o novo mundo e sua realidade leve e bem menos audaciosa que essa em que vivemos. Vou começar descartando minha rigidez e meus falsos-controles, além disso, não devo ter pressa de morar em Saturno, ele não é lugar de gente apressada.

Já contei sobre as ostras que tem nos mares de Saturno? Nem mesmo esses crustáceos apáticos e insípidos são tão lacônicos em Saturno, no interior de suas conchas aparentemente herméticas as ostras elaboram belas canções que são disparadas dentro de borbulhas as quais sobem à superfície de maneira parecida ao que ocorre numa tulipa cheia de champagne. E logo se forma uma espuma musical que vai brotando do líquido em direção ao ar, se traduzindo nas mais belas serenatas que se pode apreciar em Saturno. Mas lembre que não há noite em Saturno, nem escuridão, ou seja, não precisamos esperar o luar pra poder ouvir tais canções, elas podem ser apreciadas a qualquer momento, basta tapar os ouvidos e sentir o som penetrar diretamente pela alma.

Outra coisa que gosto em Saturno são as crianças, e como são abundantes por lá; parece até que a infância corre mais lenta, com pernas curtas. Lá as crianças não pensam na morte, não há morte, lembra? Quando se sentem humilhadas na escola, quando lhe negam a sobremesa ou quando ficam de castigo no quarto, elas não sentem uma dor forte no peito ou sensação de estranheza no mundo. Todas as crianças têm uma mini-cidade no seu quarto, reproduzida em maquete, elas mesmas as constroem e quando querem viajam por entre as ruelas estreitas do seu brinquedo pessoal. É a hora da abstração, tornam-se pequenas, minúsculas, passeando naquelas maquetes, mas tão pequenas que nem mesmo os sentimentos ruins cabem-lhes no coração. As crianças de Saturno não sofrem, jamais.

Visitei também uma fazenda de sonhos onde enormes pedras ancoram nuvens brancas que pairam no ar, aguardando o momento de serem libertadas. Li numa placa azul que as nuvens são os sonhos e por entre os seus flocos eu pude até enxergar nuances dos seus desejos. E cada vez que um sonho se realiza uma criança corre para desatar a corda que o prende ao solo, permitindo que ele voe longe e leve, até perder-se de vista. Tive oportunidade de assistir essa cena, o sorriso da criança parecia não encontrar lugar naquele planeta no momento em que a nuvem se espalhou pela realidade ao nosso redor.

Conheci uma pessoa em Saturno, não era homem, tampouco mulher, lá não há essa definição grosseira de gênero, não há feminilidades, nem masculinidades, são todos semelhantes e diferentes de tudo que estamos acostumados a ver aqui na Terra. E essa pessoa me conduziu por uma jornada ao corpo, meu novo corpo que usei enquanto estive por lá. Tive que aprender a sentir-me de outra forma, pois os sentidos não funcionam como aqui, a boca não é só sabor, o cheiro não é percebido apenas pelo nariz, o tato é tão forte que somos capazes de sentir além da pele, sentimos o sangue correndo pelos vasos, a energia que carregam em meio ao ferro de suas hemoglobinas. Foi uma experiência única, sinestésica, que tenho certeza jamais experimentar noutro planeta que não seja Saturno.

Havia uma praça onde pratiquei Le parkour ouvindo música, tocou desde o melhor da Bossa nova até Elvis Presley, passando por Caetano Veloso, Beatles, Raulzito e o grande Bob Marley. Depois passeei de mãos dadas com Martin Luther King, Marylin Monroe e D Maria I, a louca, que até me ajudou a atravessar a rua. Também encontrei com o Jorge que mora no segundo andar do meu prédio, mas não fala comigo, e aquele senhor que me vendia cachorro quente na escola, mas não sei o nome dele. Depois todos nós rodamos numa enorme ciranda e caímos tontos quando as árvores da praça nos abraçaram com suas copas enormes. Nessa mesma hora, as raízes nos entrelaçaram e dos seus galhos partiram cordões etéreos que prendiam Tsurus na outra ponta. E então estávamos todos conectados, as árvores, eu, Caetano, D Maria I, o tio do cachorro-quente, os pássaros, as raízes, o chão, Martin Luther King...

Eram mil pássaros dançando ao sabor das ondas de vento que remexiam também o vestido da Marilyn Monroe. Nessa hora de intensa comunhão a atmosfera se encheu de cor e amor, não pude ver nada que aconteceu depois disso, mas senti. A sensação era como se tivesse imerso numa piscina de água morna, só que a água não entrava pelo ouvido e nem me tirava a capacidade de respirar. Ouvi uma canção distante e abafada, um acalanto mágico que me acalmou e não me deixou experimentar do medo, senti-me protegido. Lembrei-me da lenda Japonesa dos Tsurus, senti que algum pedido havia sido atendido e que algum milagre aconteceria logo, mas eu não sabia o que seria. De repente abri os olhos e estava de volta, mas a realidade que me esperava era diferente daquela que deixei antes de partir pra Saturno. O novo me aguardava por aqui.

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 4 de março de 2013

Fábrica de sonhos



Fábrica de sonhos

Quando alguém me pergunta o que é o sonho respondo que é o alimento da alma, a força motriz da vida, o combustível que nos permite lutar, a razão de continuarmos e não desistirmos de tudo. Além disso, é importante compreender que os sonhos são necessariamente coletivos, por mais que julguemos como um projeto pessoal, ele nunca será realizado por uma única pessoa, nunca.

Para construir um sonho é preciso senti-lo tomando forma na nossa mente, ele vai crescendo aos poucos ou chega pronto de uma vez só, depois acaba se estabelecendo em algum lugar do nosso coração e passa a nos acompanhar em todas as tarefas cotidianas. É tão bonito e puro, o sonho, e quando devidamente alimentado se torna um importante modificador da realidade, na medida em que transforma não só a vida de quem o elaborou, mas de tantas outras pessoas. Os sonhos são poderosos e imprevisíveis, capazes de causar um bem maior do que esperávamos ou poderíamos imaginar.

Guardo diversos sonhos no meu coração e mente, me empenho para poder realizá-los e assim usufruir o bem que proporcionam. Porém acho poucos os meus sonhos, quero também poder contribuir para os sonhos alheios. Aprendi com a vida que pessoas boas encaram seus sonhos em primeiro plano, ficam felizes e realizadas em poder concretizá-los; pessoas despertas enxergam que os sonhos não têm donos, tampouco são apreensíveis.

E no fim das contas os sonhos não são mesmo individuais, são complementares, de modo que num momento ou noutro acabam se confundindo numa enorme teia sem começo nem fim. Ajudar na realização do sonho do outro é ajudar a si mesmo, é ajudar a terceiros, quartos e quintos; é ajudar a todos, pois qualquer sonho é sempre de todos nós.

[Mente Hiperativa]

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Reclame menos, aja mais!



Reclame menos, aja mais!

Pare de reclamar sem fazer nada. Abandone o conforto da sua poltrona, largue mão do ambiente calmo e climatizado em que se encontra nesse momento, deixe de lado essa coca-cola gelada, desligue a televisão – essa fonte inesgotável de lixo e estupidez – e encare os seus problemas de frente. Mude o mundo, ou pelo menos faça sua parte e dê a ele condições para que possa mudar. Quebre suas convicções em mil pedaços, destrua tudo aquilo que te inquieta e te faz mal. Reconheça sua parte de culpa, se esforce pra acabar com tudo aquilo que lhe confere esse péssimo ar mal-humorado, facilmente observável em cada uma de suas linhas de expressão.

Não espere que o mundo vá mudar sozinho numa única e grande revolução, muito menos que essa reviravolta ocorrerá de forma alheia ao seu esforço. A paz não cairá do céu como caem as grandes chuvas, pois tempestades são compostas de inúmeras e pequenas gotinhas de água que se somam até atingir enorme dimensão. Sendo assim, para provocar uma grande revolução precisarás de inúmeras pequenas atitudes, exercitadas diariamente e de forma disciplinada. Esse é o segredo.

Sendo assim, encare o fato de que suas palavras de reprovação e desgosto jamais poderão alterar o rumo das coisas, discurso sem ação nunca terá o poder de reconfigurar a realidade. Levante-se e vá à luta, se entregue às dificuldades e sinta na pele a dor daquilo que lhe incomoda. Faça alguma coisa, a vida não tem controle remoto para que permaneças aí sentado a reclamar e reclamar, esperando que as coisas mudem por si só. É preciso deixar de alimentar ciclos viciosos que nos impedem de crescer. Rompa com eles, mude de postura, enfrente as situações com sabedoria e bravura, dê a cara à tapa.

Primeiro reconheça os padrões repetitivos que te colocam estagnado nesse desconfortável local onde você se encontra agora. Investigue o que te leva a ficar preso e imóvel. Em seguida enumere uma série de posturas que poderão te tirar dessa, crie planos, metas e sobretudo coloque-os em prática. Se diante de determinada problema você cala, grite; se costuma gritar, então cale. Nunca teremos novos resultados usando os mesmos métodos. E se os fins não foram satisfatórios não hesite em tentar uma abordagem diferente. Faça o que for, só não fique esperado que o universo conspire a seu favor sem que você empenhe o menor esforço.

[Mente Hiperativa]

Provações



Provações

Sorrir, apesar da tristeza
Lutar, apesar da dificuldade
Amar, apesar da dor
Insistir, apesar do desprezo
Continuar, devido à fé

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Eu amo outro homem


Eu amo outro homem


Determinado dia um amigo chegou para o grupo e disse: “quero dormir com dois homens”. Todos ficaram perplexos, abismados, nunca imaginaram ouvir tais palavras saindo da boca dele, logo da boca DELE. Ninguém sabia exatamente o que fazer, alguns riram, outros caçoaram, a maioria recebeu a declaração com imenso espanto. Eu encarei com naturalidade, afinal sabia que ele tinha dois filhos e imediatamente deduzi que podiam ser eles os homens referidos na conversa; não concebi a ideia com olhos maldosos e inquisidores como os outros

E logo em seguida, o amigo confirmou minha suspeita ao confessar que os homens em questão eram de fato seus dois filhos, levando todos a caírem na gargalhada, completamente desarmados diante de tão natural e incondenável declaração de amor. E se não fossem os filhos, mas outros dois homens quaisquer, teria ele o direito de amar e expressar esse amor? Homens podem se amar?

Infelizmente a questão do amor masculino ainda é bastante negligenciada por todos nós, os homens aprendem desde cedo que não podem chorar, são treinados exaustivamente para não evidenciar suas fraquezas, recebem cobranças exageradas para que sejam sempre fortes, imponentes, brutos e racionais. Também não lhes dão o direito de poder amar ou extravasar seu amor por outro homem, ainda que seja um familiar ou amigo de infância, pode ser até um desconhecido que acabou de salvar-lhe a vida, mas o homem é orientado a nunca dizer que o ama ou será eterno motivo de piada.

Então, esses são os valores que a sociedade nos impõe, porém o amor não reconhece qualquer um desses impedimentos e pulsa dentro de nós a todo instante, ignorando qualquer empecilho para sua realização. O amor é inerente ao gênero e no caso específico de dois homens ele acaba por se disfarçar através da atenção, chamadas telefônicas, abraços tímidos e distanciados, apertos de mão firmes e sustentos. Até mesmo um convite pra beber e colocar o papo em dia pode ser uma forma discreta e socialmente aceita de um homem dizer pra outro “gosto de você, sua companhia é boa pra mim” ou “preciso de você por perto, meu amigo, te amo”.

Dificilmente o amor entre homens se fará através de declarações mais ousadas e intensas, evitamos a todo custo mostrar explicitamente nosso amor por receio de gerar algum desconforto ou má-interpretação de nossa virilidade. Temos medo de infringir as regras aprendidas logo na infância – que a essa altura já se encontram solidificadas em nossas mentes – e então sufocamos o ‘eu te amo’ fingindo que apenas gostamos do outro homem como quem gosta de um copo de cerveja ou de um vídeo game de última geração. Encaramos como algo natural e morno que não precisa ser admitido ou negado, o amor entre homens é sempre desconversado.

Isso tudo acontece pelo simples fato de que o ‘eu te amo’ dirigido a outro homem nos coloca numa situação complicada de ter que negar tudo que foi aprendido desde a infância e reforçado ao longo da vida. Além disso, muitas vezes essa declaração pode lhe render algum questionamento de gênero ou até conduta sexual, o que é algo completamente descabido. O amor fraterno, puro e inocente não reconhece qualquer impedimento para se manifestar, nós é que por pura insegurança ponderamos e ajustamos socialmente as proporções evidentes que esse sentimento pode atingir diante dos olhares da sociedade. Em outras palavras, sentimos o amor dentro de nós, no entanto temos o devido cuidado para que ele não pareça destoante do pensamento da maioria.

Diante disso tudo afirmo sem medo algum que amo outro homem. Aliás, amo vários homens. Inclusive todas as noites eu durmo com outro homem no meu quarto, meu irmão mais velho. Há outro homem com o qual faço sexo casual e todo dia lhe digo as seguintes palavras “eu te amo, seu gostoso”, esse homem sou eu mesmo e as declarações faço diante do espelho toda manhã. Tem outro homem que vem passar os fins de semana comigo, faço comida pra ele, dou-lhe banho, coloco-o pra dormir, faço carinho e encho-o de beijo, é o meu irmão caçula. Além desses, há tantos outros homens que fazem parte da minha história, me presenteiam com momentos de companhia, conversa e apoio, são meus amigos que tanto amo e não tenho problema algum em apertar suas mãos com firmeza ou abraçá-los.

Acredito que meu amigo tenha sido bastante perspicaz ao desafiar os outros com sua declaração de que gostaria de dormir com dois homens sem dizer de imediato que seriam eles os seus dois filhos. Sem dúvida alguma ele foi inteligente e soube aguçar a imaginação alheia, causando-lhes um espanto desmedido. Homens também amam, choram, sofrem por amor, se abraçam e manifestam sentimentos. O amor entre homens é assim, cheio de mitos e ao mesmo tempo tão simples. Tenho a consciência de que o amor é o único caminho que Deus nos ensinou pra alcançá-lo e ele não é feio, sujo ou vedado aos homens. Sendo assim, não precisamos ter vergonha de amar, pois o homem que ama outro homem ama a si mesmo. Eu amo outros homens, eu me amo, e isso não é problema pra quem tem consciência e segurança de sua masculinidade.

[Mente Hiperativa]