terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

E você?


E você?

O tempo passou
O filósofo pensou
O arroz queimou
O fogo apagou
O amor minguou
O mar acalmou
(E você,)
O que plantou?

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

(L)


(L)

E mesmo que seja proibido
Ainda que seja difícil
A despeito da distância
Das diferenças, dos medos
Independente de qualquer coisa
O amor supera tudo
E se concretiza!

[Mente Hiperativa]

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Amizade X distância


Amizade X distância

A amizade embora faça rima com proximidade não precisa desta para ser plena. Não são mais amigos aqueles que moram no mesmo quarteirão em que nós vivemos, tampouco aqueles que passam o dia inteiro conosco na escola ou no trabalho. A pouca distância é apenas uma pretexto que nos encoraja a conhecer melhor as outras pessoas, é como uma oportunidade de estreitar os laços, encontrar afinidades. E por outro lado, quando a distância se torna grande ela pode ser usada maliciosamente como desculpa para o afastamento e consequente enfraquecimento da relação.

O ingrediente principal e essencial da boa amizade é a cumplicidade -que também faz rima- essa sim é imprescindível numa relação e não se mede em metros, quilômetros ou qualquer outra unidade de espaço. A cumplicidade é gerada através da troca de experiências, baseada na confiança, e aumentada através da exaustiva interação, ainda que a longa distância.

Eu, por exemplo, tenho amigos que moram no mesmo bairro em que eu resido mas que vejo pouquíssimas vezes pessoalmente, também tenho amigos que vivem em outros estados do país e nem por isso deixam de ser tão importantes pra mim. O que os torna tão grandes é o fato de que nos falamos com frequência, sempre dividimos nossas alegrias e angústias, eles sabem muito de mim, e eu deles, trocamos intensamente experiências e emoções, nos apoiamos e nos consolamos. Mesmo fisicamente distantes.

Paradoxalmente, tenho vizinhos que sequer sei os seus nomes, apenas troco cumprimentos eventualmente quando os encontro no elevador ou na área comum do prédio. E tenho colegas de faculdade que vejo diariamente mas não sei nem que ideias e sonhos carregam, pois não trocam comigo qualquer pensamento ou emoção mais íntima, são portanto apenas conhecidos, embora estejam tão perto de mim.

Sendo assim eu só posso constatar que a distância não implica necessariamente no enfraquecimento de uma amizade, acredito que quando queremos e corremos atrás o sentimento nunca fica minguado. Quando as pessoas dizem que a distância os afastou é porque na verdade elegeram novas prioridades pra sua vida, talvez o namoro, a carreira, ou mesmo novos amigos, mas isso tudo não passa de uma desculpa.

[Mente Hiperativa]

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Estrago


Estrago
Estrago

E se eu tivesse estragado tudo
seria eu mais feliz no estrago causado?

Será que a coisa errada
é a coisa presente que fiz e mantenho?

Ou será que não passam de desculpas
que uso pra postergar a felicidade?

Nunca saberei como seria
se não fosse como é agora?

Será que todo o estrago já foi causado
ou ainda dá pra estragar um pouco mais?


[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Receita de bolo


Receita de bolo


Pega

Aperta

Mexe

Mexe

Esquenta

Cresce

Enfia

Pinga

Tira

E pronto

Tá pronto

O bolo


[Mente Hiperativa]


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Um brinde a (nossa) loucura!


Um brinde a (nossa) loucura!

Sem querer me flagro pensando em você, imaginando seu rosto como deva ser, sinto até as minhas mãos percorrendo-o como se o esculpissem delicadamente à minha maneira. Então eu lembro dos seus olhares, seus gestos, recordo os nossos passeios, as nossas viagens, que nunca ocorreram. Parece incrível, mas consigo enxergar com detalhes todos os nossos encontros, ainda que nenhum deles tenha acontecido de fato. Talvez eu seja um lunático, ou esteja sofrendo de um amor incipiente. Talvez seja um caso de internação, intervenção, ou quem sabe eu só precise de uma interação, pra ter certeza de que é você quem eu tanto procurava.

Às vezes até eu duvido que isso seja realidade, penso que pode ser apenas um sonho bonito ou alguma invenção da minha cabeça desmiolada. Comigo tudo é possível, afinal nunca tive os dois pés plantados no chão, meus parafusos sempre pareceram um pouco frouxos. E prestando atenção isso combina tanto com você, que desde o começo me falou -como quem confessa um crime- que era meio doida. Ah, não se preocupe não, doidice não me assusta, não. Acho até charmoso de sua parte.

Talvez seja bobagem minha recordar o que não houve, e talvez nunca haverá. Podem ser lembranças reais ou apenas suspiros poéticos do meu pobre coração solitário. De uma forma ou de outra o seu lado desconhecido e enigmático é pra mim bastante charmoso, me encanta. E será que é normal pensar tanto em alguém que mal conhece?

Pra ser sincero nem me importo se é normal ou não, afinal quem sou eu pra me achar normal? Já passei dessa fase de tentar ser o que não sou. Apesar das minhas loucuras eu tenho convicção de que você é bem real, tirando a parte das recordações imaginárias sobram ainda algumas poucas conversas interessantes que tivemos. Quem sabe um dia não nos esbarramos por aí e colorimos essas lembranças que já estão desenhadas na minha memória?

Espero um dia poder brindar contigo à nossa loucura, e quando isso for real eu não mais vou pensar nas lembranças dos dias que ainda não foram, pois aí sim eles já vão estar sendo. Quer mais uma dose de vinho? Senta aqui e vamos terminar aquela conversa do outro dia... Você tão anda sumida, por onde esteve nos últimos tempos?

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Cinismo


Cinismo

Eu quero o dom das meias-palavras, aquelas bonitas de sabor amargo, que descem cortando a garganta de quem as engole por acaso. Vou usá-las como um grito mudo, direto nos ouvidos daqueles que ousarem cruzar o meu caminho.

Preciso aprender urgente o dom do cinismo, aquele que nos faz falar sem querer ter dito, que nos faz agir sem ter prévio conhecimento da ação. Eu quero usar as armas sem teoricamente saber atirar, e assim acertar na mira, num golpe de misericórdia.

Eu quero saber fingir que não sei, mas sabendo, e fazendo tudo consciente, me fazendo de inocente. Assim eu posso cortar gargantas que falam mais do que suas línguas lhe ordenam, posso deixar surdos os ouvidos que muito querem escutar, além do que deviam.

Quero ser cínico a ponto de esquecer de que sei o que faço, e assim me perder no compasso, agir, e punir, sem nem sentir, não quero peso, não quero culpa, quero só meias-palavras, bonitas e amargas, ingênuas, docemente proferidas, e pessimamente digeridas.

Um dia ainda aprendo a não me importar tanto com esses detalhes, que me tiram toda a frieza. Ainda vou aprender a usar essas armas, e aí não serei mais vítima, serei tão vitima quanto o próprio algoz que serei eu mesmo. Um dia eu deixo esse amadorismo pra ser um profissional no fingimento.

[Mente Hiperativa]