Paixão colegial
Tinha uma paixão retraída pelo professor, sentava-se na primeira fila na ânsia de senti-lo mais próximo, queria sentir seu cheiro, seu calor, seu hálito; mas não queria ele perto demais, evitava contatos físicos mais próximos. Quem entende o amor platônico?
Ela sempre fez questão de estudar a matéria do 'seu' professor com bastante antecedência, além disso sempre repondia suas questões em sala de aula, adorava escutar o prestígio saindo da boca dele e correndo em direção aos seus ouvidos. Era música pra ela, uma verdadeira sinfonia.
Pensava nele noite e dia, como uma adolescente apaixonada, mas ela era de fato uma adolescente apaixonada, e não seria porque ele tem uns 30 anos a mais que descaracterizaria essa paixão, ela continuava existindo, com todos os seus impedimentos. Impedimentos? E quem disse que a garota queria concretizar essa paixão? Era só uma paixão colegial...
Além disso, a força desse paixão impulsionava seus estudos e fazia ela ir pra escola sempre alegre e motivada, queria que ele a visse feliz e boa aluna. E fazia de tudo pra atingir esse objetivo.
Certo dia depois da aula ela foi surpreendida, o professor disse que queria conversar com ela. Todos saíram da sala e comente ela ficou, apreenssiva, cara a cara com seu amor platônico. Primeiro ele a elogiou pelas notas, depois olhou-a de uma forma estranha. Ela não sabia o que fazer diante de tamanha intimidação, será que ele havia percebido que era apaixonada por ele? Mas ela nunca quis concretizar essa paixão, e agora o que deveria fazer?
O olhar que ele lançou sobre ela não era de admiração, mas de desejo. Ela teve medo. Ele a desejou e avançou sobre ela. Algum tempo depois correu pra fora da sala, triste, aos prantos. E quem teve medo agora foi ele.
No dia seguinte boatos corriam pelos corredores da escola, o professor havia sido demitido, mas porque? Ninguém sabia explicar ao certo o motivo, mas alguns desconfiavam. A diretora preferiu demiti-lo a prejudicar a imagem da escola e a integridade de suas alunas. Expurgou o que havia de podre.
Na escada, sentada, aquela garota de apenas 13 anos deixava escorrer pelo rosto uma lágrima de saudade, saudade do amor que tinha e foi embora, morreu de repente, o amor platônico que se revelou um monstro perverso e ousado diante dos seus próprios olhos. Ela que nunca teve planos de concretizar aquele amor se viu obrigada a matá-lo dentro do seu coração.
Pra ela aquele amor era pra ser guardado no peito, não queria seu amor exposto, realizado. E porque ele fez aquilo? Estava tudo indo tão bem... Ela não entendia. Ela que queria aquele amor somente pra si, agora ficou sem amor nenhum, nem platônico, nem real.
Nota: Não falo somente de amor, também meto o dedo na ferida.
[Mente Hiperativa]
"Não falo somente de amor, também meto o dedo na ferida."
ResponderExcluirQuanta rispidez...
Eu sou ríspido às vezes...
ResponderExcluirAmor platônico, eu já senti, mas morreu como muitos outros, eu falo mesmo, comigo não tem segredo. Mas não por um professor. Gostei. beijos&abraços
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