segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Profundo como tudo que não tem fim


Profundo como tudo que não tem fim

Fizemos Nexo a noite inteira . Entre frases e beijos misturamos ideias com o cheiro da nossa pele, as palavras saíam de nossas bocas incorporadas em atitudes e até o gesto mais simples carregava um pouco de nossa essência ali exposta sem qualquer tipo de proteção. Estávamos nus, despidos de qualquer casca que pudesse proteger aquilo que carregávamos na alma. Éramos puro sentimento em conexão naquele instante.

Foi longo aquele encontro, parecia coisa de outra vida, vi seus sonhos expostos diante de minhas retinas fatigadas, expus os meus da forma sincera que uma criança faria, sem medo nem resguardo. E eles cresceram sem que precisássemos fazer nada. Senti o suor pingando e já não sabia mais se era meu ou seu tamanha era a comunhão de carne e pensamentos que vivenciávamos naquele momento.

Tão intensa foi a entrega que criamos uma ponte entre nossas mentes por onde fluiam banalidades e seriedades. Cheguei a me esquecer que éramos de carne e osso, alimentei-me de tuas emoções as quais fluiam constantemente a ponto de quase inundar o quarto. Ofereci em troca o meu calor.

Senti-me tão à vontade como poucas vezes me ocorreram na vida, só podia ter sido um arranjo celestial, universal, cosmicamente confabulado. E foram muitos os sorrisos e beijos - afagos na alma - amostras de afeto gerados em meio a um oceano de hormônios que borbulhavam em nós. Esqueci do tempo, esqueci do que me esperava lá fora. Restava apenas a certeza de que nada faria nexo depois daquele breve e eterno mergulho que demos juntos em nossa alma aquele dia.

[Mente Hiperativa]

domingo, 22 de dezembro de 2013

Inatingível perfeição


Inatingível perfeição

Por muito tempo você me exigiu a perfeição e eu, inocente, passei a persegui-la a todo custo até entender que não era a Minha perfeição que eu buscava, mas aquela que Você idealizou pra mim. Um dia me dei conta de que estava perdendo meu tempo e pior, a minha identidade, a minha auto-estima, o meu amor-próprio. E isso tudo apenas para agradar e obter o amor de uma pessoa que não cuidava de mim.

De tanto você falar e me cobrar eu acabei acreditando que precisaria ser perfeito, então tomei tal objetivo como meta de vida. O resultado aqui está: um indivíduo cheio de feridas, mágoas, dores, baixa auto-estima e sobretudo cheio de defeitos, aqueles que você adora me relembrar e tantos outros que eu mesmo crio sozinho.

Mas o tempo passou e eu amadureci, me questionei, sofri bastante e acabei descobrindo que não preciso do seu amor tampouco preciso atingir a perfeição idealizada por Você. Não foi fácil encontrar essa verdade e aceitá-la, mas foi um alívio imenso. Hoje eu sou livre, me sinto forte e poderoso, pois sei que mesmo cheio de defeitos eu sou perfeitamente aceito pelas pessoas que verdadeiramente me amam.

Desisti da missão que você me colocou, abortei o plano de atingir Seu ideal de perfeição, jogo seu conceito no lixo e desobedeço suas súplicas chantagistas de alcançar esse ideal. Desisto até do seu amor. Agora eu empenho minhas energias em cuidar das minhas feridas, remediar minhas mágoas e dores, cuido da minha auto-estima abalada e da minha fragilidade emocional. E sou amado.

Sinto-me um prisioneiro recém-saído do cárcere, a luz da liberdade  ofusca minha visão mas isso me causa imenso prazer. Não sei ainda pra onde vou, mas tenho convicção de que serei feliz onde for. Para o seu desalento ainda carrego em mim todas aquelas características que você julgava como defeito e agora mais uma que me fez afastar de ti e viver Minha vida: amor-próprio.

[Mente Hiperativa]