domingo, 18 de setembro de 2011

Quando a demência bate à porta


Quando a demência bate à porta


Logo ele que sempre foi durão, sargento, que mesmo reformado do exército ainda mandava em casa, na mulher e nos filhos mesmo adultos. Logo ele tão organizado, tão dono de si, ele que não levava desaforo pra casa, que adorava uma briga e não deixava de tomar uma cervejinha no fim de semana com os amigos.

Logo ele hoje está se entregando à doença, se deixando abater, perdendo a força de lutar, permitindo ser cuidado pelos outros, se esquecendo, se confundindo, perdendo a noção do espaço e do tempo. Logo ele está se afastando dos amigos, da família, perdendo oportunidades, se isolando.

Nem mesmo nas minhas piores divagações imaginei vê-lo assim, tão indolente, tão a esmo diante das situações, diante do mundo, à espera do não-sei-o-que. Ele que sempre foi de uma personalidade tão forte, hoje parece se entregar facilmente. Isso me dói.

Nota: Dedico a meu avô.

[Mente Hiperativa]

Um comentário:

  1. Pois é meu caro Mh!A nossa mente é algo muito louco e envelhecer tem seu preço, nossa mente pode se ir antes da gente e tudo pode deixar de fazer sentindo, as vezes fico pensando que deveria haver uma outra opção entre envelhecer e morrer...
    Beijosss

    ResponderExcluir

Deixe sua opinião: