quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Vamos abortar esse movimento!


Vamos abortar esse movimento!

As mulheres hoje são modernas, conquistaram o direito ao voto, à profissão, à liberdade sexual. E agora querem o direito de interromper a gravidez.

Antigamente o corpo feminino era propriedade masculina, mas elas conquistaram o direito à posse do próprio corpo, tornaram-se donas de si. Sendo assim hoje elas têm a opção de conceber ou não um filho em seu ventre, tem à sua disposição inúmeros métodos contraceptivos, mas pra elas é pouco, não basta, querem mais, querem o direito ao aborto, com o apoio do Estado, com o respeito da sociedade e com a restrição das igrejas nessa decisão.

O aborto hoje é praticado ilegalmente e mata muitas mulheres que se aventuram pelos seus caminhos sombrios, pior do que isso, mata em vida diversas delas que passam o resto dos dias sendo assombradas pelo espírito da culpa, e muitas saem dessa 'aventura' inférteis, sem jamais poder gerar uma vida.

Será que a mulher, hoje, já não tem plenos direitos sobre seu corpo, autonomia sexual e reprodutiva? Onde terminam os direitos da mulher e começam os do concepto? Alguém considera a opinião dele na discussão? Quem luta pelos direitos dele? Afinal não é justo que ele pague com a vida pelo descuido e falta de planejamento alheio.

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Calouros


Calouros

Calouros só andam em bando, vivem perdidos, riem por tudo, se desesperam diante das provas, estudam todo dia, assistem todas as aulas sem. Calouros pensam que a faculdade é só alegria, mas ainda não sabem nem o que é a faculdade.

Calouros são felizes, são como crianças que levam a vida sorrindo, ainda não descobriram o gosto amargo na boca, tão pouco o sabor verdadeiro das suas escolhas. Calouros são só calouros...


[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Revirando o passado


Revirando o passado

Hoje me veio aquele espírito faxineiro, aquela disposição que faz revirar pastas e armários como um cachorro vira-lata fuçando as lixeiras de todo o bairro. Nesses dias eu faço uma arrumação, jogo muita coisa inútil no seu devido lugar, o lixo, reencontro outras que ainda hesito em me desfazer, revivo e finalizo muitas lembranças. Não é só uma faxina material, é também um pouco (senti)mental.

Estava mexendo naquela caixa velha de recordações e encontrei aquela cartinha que você me entegou com tanto amor. Como de costume eu abri a carta e a cheirei, lembro que tinha seu perfume doce, mas hoje só encontrei um leve cheiro de mofo, talvez seja a umidade do meu armário... Ou será que esqueci do teu perfume? Será o tempo que apagou o teu cheiro? E as tuas marcas?

Pode parecer estranho mas eu gosto de fazer isso, às vezes eu reviro o passado pra ver se ele revira meu coração. Hoje ele não palpitou por você, parece que te esqueceu. Ou será que quando eu sentir o teu doce perfume ele ainda me fará o coração acelerar?

[Mente Hiperativa]

domingo, 25 de setembro de 2011

Não aceito a doença


Não aceito a doença

Novamente chega o dia de mais uma consulta de acompanhamento médico e ela, nervosa, se arrasta em direção ao consultório, seus pés se negavam a avançar diante da porta, e ela se mantinha estática esperando que um meteoro caísse sobre sua cabeça e acabasse com todo aquele sofrimento.

Era sempre assim, a cada consulta algumas noites de insônia que precediam o temido encontro com o médico, perdia a fome, o sono, tinha palpitações, sudorese, tudo por conta do medo de encarar a própria doença. A consulta era antes de tudo um tapa de realidade na sua cara, era tudo que ela não queria ouvir, que tentava negar, em vão.

Desde que recebeu o diagnóstico ela se recusava a aceitar que estava doente, pior do que isso, que seu futuro era incerto e impreciso, poderia viver mais 10 anos com saúde; ou 20 com péssima qualidade de vida. Que doença terrível... Quando o médico lhe disse ela teve vontade de esbofetear a cara dele, como se ele tivesse culpa de alguma coisa.

A consulta acabou, o médico lhe passou alguns exames, que sempre passa, fez algumas recomendações sobre vida saudável - que muito provavelmente nem ele mesmo segue - como praticar esportes e moderar a alimentação, e falou sobre o uso de remédios que poderiam atenuar seus sintomas, mas não curá-la. Sua doença não tem cura.

Ela agradeceu ao médico e virou as costas, bateu a porta e foi embora. Ela se recusava a aceitar-se doente, do lado de fora daquele consultório não pensava na sua doença, não queria saber que ela existia, só queria viver como alguém normal.

[Mente Hiperativa]

sábado, 24 de setembro de 2011

Um abismo entre nós


Um abismo entre nós

Eles eram irmãos, e somente irmãos. Eram irmãos pela simples razão de terem sido gerados no mesmo ventre e terem recebido a contribuição genética do mesmo pai e da mesma mãe, somente por isso. Eles eram irmãos, mas não eram amigos, nem cúmplices, eram somente irmãos, que por ironia do destino foram concebidos pela mesma mulher.

O destino foi irônico, obrigou aqueles dois estranhos a viverem boa parte da vida "juntados", mas não juntos, isso ele não conseguiu. Eles eram irmãos, mas não eram unidos, viviam na mesma casa, sobre o mesmo teto, dividiam até o mesmo quarto, mas o diálogo entre eles era escasso e pobre, a consistência da relação era tênue, o afeto era inexpressivo, ou quem sabe até inexistente.

Eram irmãos, e só isso, entre eles havia um imenso abismo que os separava e os mantinha distantes um do outro. Cada um deles ficava numa ponta do abismo, calado, quieto, apenas observando o outro, no máximo havia um aceno frio, um cuprimento confrade, distante, mas jamais um deles estendia a mão em direção ao outro.

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Velhos amigos são apenas velhos amigos


Velhos amigos são apenas velhos amigos


Estava se mudando para um novo apartamento e na arrumação do que ia e do que ficaria acabou encontrando uma velha bola de futebol, a bola que seu amigo lhe deu e que tanto foi usada pelos dois nas partidas de futebol do colégio, era uma bela amizade.

Pegou a bola nas mãos e lembrou-se de imediato do dia em que mudou de escola e se despediu do amigo, como uma criança que entrega o brinquedo velho para a doação, com uma dor no imensa no peito. Ele não queria que suas vidas tomassem rumos distintos, queria tê-lo sempre por perto, mas o destino mostrou-se implacável e dirigiu cada um numa direção completamente oposta. E assim eles foram separados, só mesmo o tempo pôde abrandar aquela amizade tão forte, o tempo e a distância tornaram aquele sentimento minguado, guardado nas lembranças profundas da mente.

A saudade tornou-se uma constante, à princípio, depois as recordações trataram de amansar a angústia e então o comodismo encontrou seu espaço. E aquela amizade que foi um dia tão importante para o crescimento dos dois, hoje foi relegada a algumas fotos e uma velha bola de futebol. E onde foi parar aquela amizade tão bonita?

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A ilusão da perenidade


A ilusão da perenidade

Definitivo;

Absoluto;

Pra sempre;

Eterno.

Nada disso existe.

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A solução para TODOS os problemas


A solução para TODOS os problemas


Um dia ela decidiu fazer a tal cirurgia redutora. Foram muitos anos sofrendo, havia tentado de todas as terapias imagináveis, todos os regimes, todos os remédios, mas nada dava jeito, ela só aumentava de peso e crescia, crescia, crescia.

Depois de algumas conversas com o médico ela decidiu enfim pela intervenção cirúrgica, chegou em casa e conversou com o marido:
- Amor, decidi fazer a tal cirurgia bariátrica, o que você acha?
- Você não precisa disso, querida, eu amo você assim do jeito que você é, fofinha.
Ele nem imaginava como pra ela era doloroso ouvir "fofinha" tendo quase 160kg. Na mesma hora ela virou-se na cama e uma lágrima escorreu pelo seu rosto, ela tinha convicção de que ele falava aquilo somente para agradá-la, mas com certeza não poderia gostar de ser casado com uma mulher de 156kg.

A vida dela sempre foi triste, ela cavou um poço de tristeza e se meteu lá dentro, à medida em que foi engordando e tornando-se obesa parou de sair, tinha vergonha de ir ao shopping, todos a olhavam de lado, riam, cochichavam a seu respeito. Ela passou a viver enclausurada em casa. Por isso depositou todas as suas esperanças na cirurgia redutora de estômago, estava certa de que sendo magra todos os seus problemas estariam resolvidos.

Eis que o dia chegou, ela se operou e em pouco tempo havia perdido dezenas de kilos, perdeu também o marido que a deixou. Ela estava profundamente deprimida, não entendia como o marido pôde deixá-la, logo agora que ela estava mais magra, faria plásticas reparadoras do excesso de pele e ficaria muito mais bonita do que antes. O pior de tudo, ele estava namorando sua vizinha, de 130kg. E ela que achou que teria a solução para todos os seus problemas...

A cirurgia bariátrica resolveu apenas um de seus problemas, ela já não era mais obesa, mas ao mesmo tempo ela troxe À tona diversos problemas que estavam encobertos, coisas que ela não precisava se preocupar antes quando era obesa. O primeiro de todos era tomar coragem pra sair de casa, depois de anos sem sair às ruas ela ficou com um pouco de fobia social, medo de como as pessoas iriam encará-la, medo da opinião alheia. Precisava agora reaprender a paquerar, além da sua auto-estima destruída, ela não sabia quem e como olhar, não esperava que alguém se atraísse por ela. Além disso, hoje mais do que nunca precisava encontrar um emprego, distribuir currículos, fazer entrevistas, cursos, aperfeiçoamento...

A vida estava cheia de problemas, talvez mais do que antes quando era apenas obesa. Os desafios se multiplicaram e exigiram mais daquela mulher que se sentia tão fraca e impotente, mesmo sendo magra. Quanta inocência, achar que uma mera cirurgia seria a solução para todos os seus problemas.

Nota: A solução para TODOS os problemas, NÃO existe!

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Garota remendada


Garota remendada

Ela vive uma mentira sem fim, à cada dia inventa um novo pedaço de história, que vai se remendando e se remendando, como uma colcha de retalhos. É incrível, ela possui a habilidade de encaixar suas histórias com maestria, não ficam espaços vazios, e no fim tudo faz sentido, ainda que seja uma grande mentira.

Às vezes fica difícil saber se é verdade ou mentira as coisas que ela fala, ela seduz, ela convence teatralmente, conta os fatos distorcendo-os com tanta veemencia que é de se admirar. Ela é extremamente eloquente e te induz a acreditar nas histórias mais mirabolantes e inconcebíveis. Cuidado, fique atento, não se deixe levar pela sua conversa.

Mas ainda bem que recebi um aviso prévio, fui alertado sobre seus devaneios com antecedência, então pude acurar e perceber onde estava pisando, sem machucar meus pés, sem cair nos buracos, nem tropeçar nos galhos caídos no chão. Eu não me deixei iludir pela sua conversa.

Mesmo assim me deixei envolver, quis desfrutar do risco, quis me colocar a perigo, eu sempre gostei de brincar com o fogo, e saí dessa sem me queimar, saí na hora certa. Me enrosquei porque queria sentir de perto o calor das suas chamas, queria ouvir - e participar - das suas histórias fabulosas e conflituosas. Sendo assim eu me inteirei de cada novo capítulo, e tentei juntar as peças como num quebra-cabeça. Mas esse seu jogo nunca tem fim, pois ela sempre arruma espaço pra mais uma peça, e outra, e outra.

Receio que nem ela saiba o fim da história, ela é feita de remendos, e à cada dia surge um novo elemento, uma nova atuação, um conflito que reverte o jogo, sempre a seu favor, e ela sai como vítima, pobre e coitada... Pronta pra mais uma história, pronta pra envolver mais um desavisado na sua incrível aventura sem fim, cheia de retalhos.
Nota: O pior é que eu ainda não sei se ela mente e cria com consciência do que faz, ou se acredita e embarca na fantasia das próprias mentiras... É difícil saber se ela ainda faz distinção entre esses dois.

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Onde estão suas asas?


Onde estão suas asas?

Um dia ele estava bastante triste e deprimido, subiu ao alto do prédio e observou a paisagem lá de cima, tudo parecia minúsculo e estúpido. Pensou por um instante em pular, mas não chegou a tanto. Achava que seus problemas não tinham solução e por isso chorou desconsoladamente, como uma criança. Depois levantou-se e gritou o mais alto que conseguia, ninguém o ouviu, ninguém o ajudou, ninguém o salvou daquela agonia que invadia seu peito e rasgava tudo por dentro. Eis que um pássaro surgiu voando, pousou ali perto dele e o encarou, em seguida lhe perguntou qual o seu problema. Ele disse, agora sereno, sem choro nem grito, que seu problema era não ter asas, e consequentemente não poder voar pra longe, pra longe da própria vida.

[Mente Hiperativa]

domingo, 18 de setembro de 2011

Quando a demência bate à porta


Quando a demência bate à porta


Logo ele que sempre foi durão, sargento, que mesmo reformado do exército ainda mandava em casa, na mulher e nos filhos mesmo adultos. Logo ele tão organizado, tão dono de si, ele que não levava desaforo pra casa, que adorava uma briga e não deixava de tomar uma cervejinha no fim de semana com os amigos.

Logo ele hoje está se entregando à doença, se deixando abater, perdendo a força de lutar, permitindo ser cuidado pelos outros, se esquecendo, se confundindo, perdendo a noção do espaço e do tempo. Logo ele está se afastando dos amigos, da família, perdendo oportunidades, se isolando.

Nem mesmo nas minhas piores divagações imaginei vê-lo assim, tão indolente, tão a esmo diante das situações, diante do mundo, à espera do não-sei-o-que. Ele que sempre foi de uma personalidade tão forte, hoje parece se entregar facilmente. Isso me dói.

Nota: Dedico a meu avô.

[Mente Hiperativa]

sábado, 17 de setembro de 2011

Eu que não meto a colher!


Eu que não meto a colher!

No dia que resolveram se casar, não me perguntaram o que eu achava da idéia.

Decidiram ter um filho, e não me consultaram sobre o que eu pensava a respeito.

Um dia se separaram, novamente sem sondar a minha opinião.



Então porque justamente AGORA, quando tudo deu errado, no meio de tantos problemas eles querem que eu me meta na história?

Por favor, me mantenham fora disso tudo, do jeito que sempre fizeram. Eu que não me meto em nada, eu que não meto a minha colher.

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O remédio errado



O remédio errado
Fechou os olhos, queria ouvir a própria respiração, deitada no chão, tentava sentir o pulsar dos vasos, as batidas do coração. Queria sentir as últimas batidas do seu coração.

Antes disso ela lixava as unhas, despreocupada, não que tivesse a ambição de morrer mais bonita, mas somente pra passar o tempo. Olhou-se no espelho, contemplou toda sua beleza, que nunca lhe ajudou na vida, nunca minimizou ou encobriu seus problemas. De nada adiantou ser bela se era tão infeliz.

Agora estava deitada no chão do quarto, contemplando um ponto fixo qualquer no teto, na cabeça passavam pensamentos que ela insistia em não focar, idéias, lembranças, e por que não, um pouco de arrependimento... Mas era tarde demais, já havia escolhido seu remédio, tomou duas cartelas de comprimidos com uns poucos goles d’água e agora só restava aguardar a morte vir lhe buscar. Assim curtia seus últimos instantes, matando seus sonhos, mas também seu sofrimento.

Foi o desfecho que escolheu para a própria história.

Nota: A vida nos oferece sempre diversos remédios, cuidado com qual você escolhe para resolver seus problemas.
[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Meu coração


Meu coração

Meu coração é de pedra dura que nem água mole, de tanto que bate, fura.
Meu coração é vagabundo, sem coleira, sem prumo, vive perdido sem rumo.
Meu coração é nômade, beduíno, procura um sentimento genuíno.
Meu coração é uma esfinge, se não decifrado, devora quem o atinge.
Meu coração é sensível, foi machucado, agora se tornou inacessível.
Meu coração é de criança, perdoa fácil quem com desprezo o lança.
Meu coração é hermético, difícil de lidar, jamais sintético.
Meu coração é remendado, já sofreu muito com o fogo cruzado.

Meu coração é isso tudo, e um pouco mais, sanhudo.

Nota: Sanhudo = que mete medo; terrível, temível.

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Eu não sei quem é você


Eu não sei quem é você

No teu rosto paira uma nuvem densa que te dá um ar indefinido. Eu não sei quem é você, eu não consigo te enxergar, não posso observar teus olhos, o fundo deles, tua alma. Então como eu posso confiar em alguém que não vejo? Como posso me jogar de cabeça sem poder enxergar o fundo da piscina?

A verdade é que eu não sei quem é você, não sei se és cordeiro ou lobo, não vejo lã nem dentes afiados; a nuvem cobre teu rosto, você cobre sua identidade, eu não sei quem é você. E pelo sim, pelo não, prefiro procurar campos menos nebulosos e mais sinceros.

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Estrelas


Estrelas

Tinha medo das estrelas, mas à noite se despia e se deitava na grama, oferecendo seu corpo a elas. Seu medo era de ser levada embora, medo de dormir na Terra e acordar no céu, sendo estrela, não queria esse destino.

À noite, toda noite, entregava-se aos olhos das estrelas, com medo que a levassem embora, pedia pra ficar na Terra, queria permanecer aqui. Somente com o raiar do sol podia dormir, feliz, segura de que ainda estava na Terra.

Dormia junto com as estrelas e mesmo sem querer estava sempre com elas, na vida e nos sonhos.

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Eu quero

Eu quero

Eu quero, quero as alegrias que encontro no caminho, o sofrimento, a dor, os risos, quero o sim, quero o não, quero o tudo, e o nada, todo o peso do mundo, também todas as plumas e confetes, e folhas, quero o mar inteiro pra mim, e as ondas, os barcos, e peixes, quero guardar o vento em meus pulmões, os cheiros, as sensações, as lembranças, quero você, quero a mim, quero um pouco de tudo, e muito de nada, eu quero... Não sei nem o que quero, mas sei que quero.


[Mente Hiperativa]

domingo, 11 de setembro de 2011

Vergonha de ser humano!


Vergonha de ser humano!


Hoje é mais um 11 de setembro, mais um dia em que os Americanos ( e porque não, o mundo) choram o triste evento ocorrido no ano de 2001, aquele chamado de "o maior atentado terrorista de todos os tempos".

Nesse dia eu não consigo compartilhar o sentimento da maioria das pessoas, eu não me sinto triste, mas sinto vergonha. Não quero ignorar o sofrimento daqueles que perderam alguém querido nesse dia nem quero minimizar tamanha catástrofe, mas nesse dia eu tenho nojo de compartilhar a condição humana.

Será que por acaso os Americanos choram nos dias 6 e 9 de agosto? Alguém se recorda? "Little boy" e "fat man" mataram, respectivamente, 140 e 80 mil pessoas, isso sem contar os TANTOS que morreram de câncer nas décadas seguintes...

Qual foi o maior atentado terrorista, as bombas de Nagasaki e Hiroshima ou o atentado às torres gêmeas? Ou o holocausto? Como se mede o maior atentado à humanidade? Em números? Em grau de atrocidade? Ou em grau de DESnecessidade?

Certamente o atentado de 11 de setembro foi a maior ferida no orgulho Americano, mas não tenho certeza de que tenha sido o maior ataque terrorista.

Por essas e por outras que nesse dia eu tenho vergonha de ser humano. Não pode ser, não acredito que eu seja um homo sapiens como eles, não posso ser um deles, talvez eu seja de outro planeta, e esteja perdido por aqui...

[Mente Hiperativa]

sábado, 10 de setembro de 2011

Cale-se


Cale-se

Cale a boca, o mundo não se interessa pelos seus pensamentos. Coma, gaste, compre, obedeça, e pronto, seja feliz, alienize-se já! O mundo não quer saber o que você pensa, ele quer você quietinho e calado, de barriga cheia, e de bolsos vazios. Então fique calado e perpetue esse pensamento, fortaleça esse sistema, dê força à opressão, cale-se! Quem fala o que quer ouve o que não quer; eles te querem caladinho, pra te dominar, pra te deter, pra te furtar. E você, vai se submeter a isso?

Fale agora ou cale-se para sempre.

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Ainda serei teu dono!


Ainda serei teu dono!


Um dia ainda consigo construir uma escada enorme pra poder escalar o paredão que envolve os teus pensamentos, eu ainda vou arrumar a chave que enclausura as tuas idéias, tão bem guardadas nessa tua cabeçinha dura. Não duvide que eu vou conseguir escalar essa fortaleza de indiferença que você ostenta com tanto orgulho, eu estou te decifrando há tempos, estou mapeando os caminhos, entradas e saídas do teu "eu" superficial e impreciso, juntando cada peça do quebra-cabeça que compõe você. Eu analiso cada palavras vaga que você diz, junto as pistas dos teus comentários indiretos, e doso tudo isso na minha mente. Ah, eu ainda vou descobrir o portal que me levará ao teu inconsciente, e aí serei seu dono.

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Ela pode ser o que você quiser


Ela pode ser o que você quiser

Ela pode ser pura, doce e cândida
ousada, sexy e sedutora
companheira, ouvinte e amiga

Ela pode te prender
pode se prender a você,
ou deixá-lo soltinho...

Ela pode se apaixonar por você
Te amar
Ou apenas te querer

Ela pode ser tudo
Ela pode ser o que você quiser
Basta saber se você a quer

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Amigos também têm defeitos


Amigos também têm defeitos

Eu tenho muitos amigos e gosto deles do jeito que são, nenhum deles é perfeito, alguns são bastante chatos, outros inconvenientes, ou tagarelas, ou egocêntricos... Enfim, cada um tem seus defeitos característicos, e eu TENTO lidar com cada um deles. Quase nunca é fácil, e quando se torna difícil eu lembro que eu também tenho defeitos. Será que eles se esforçam pra me aceitar do jeito que sou, cheio de defeitos? Será que é fácil pra eles?

Eu não desisto dos meus amigos, fazê-los é fácil, é só katar, mas manter é que se torna uma tarefa mais difícil... Aliás, relacionamentos são sempre difíceis, são dois mundos que se chocam e em via de regra costumam ser bem distintos. Mas eu não desisto dos meus amigos... Aquele que desiste de um amigo será que um dia foi realmente amigo? Aquele que dá a luta por vencida, que entrega os pontos achando que já fez tudo que estava ao seu alcance, é amigo?

Será que existe a hora de parar de lutar?

[Mente Hiperativa]

sábado, 3 de setembro de 2011

Não fujas de mim, eu estou em você


Não fujas de mim, eu estou em você

Você quer me encontrar? Estou escondido nas letras de tantas canções... Também estou escrito nas páginas daquele romance que você lê à noite, antes de dormir. Eu estou naquele personagem que sorri na novela, mas que também te faz chorar. Estou nas flores que repousam no vaso sobre a mesa, na sala de espera do médico ou na fina estampa do seu vestido. Eu sou o som do vento, que acaricia teu rosto, e que ainda te causa arrepios. Eu sou a maçã que você morde, vermelha, pecaminosa, eu sou o pão que você come, o vinho que você bebe, eu sou o álcool que te embebeda, faço teu mundo girar, tonto. Eu estou no azul do céu, no escuro da noite, eu sou as estrelas brilhando longe, eu sou a chuva que lava a rua, e molha sua tristeza, em lágrimas. Eu sou, eu estou, perto de ti. Estou te rodeando, te cercando, em cada suspiro, em cada silêncio, lá estou, no teu pensamento, feche os olhos, e estarei no escuro da sua mente. Não fujas de mim, eu te alcançarei onde quer que seja.

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sem raízes, sem rumo, sem destino


Sem raízes, sem destino

Moacir não tinha um rumo certo na vida. Ele entrava e saia de tantos grupos, carreiras, projetos, empreitadas... Ele não se fixava a nada, ele queria tudo, um pouco de tudo, e acabava com muito de nada. Moacir sempre queria experimentar novas experiências, enriquecer-se delas, buscava sempre o novo, não conseguia se manter quieto como todo mundo, não adquiria profundidade, não se familiarizava a nada, nada o prendia e quando algo ousava prendê-lo, no mínimo que fosse, ele inventava uma viagem pra poder se desvencilhar dessas amarras, viajava com o pretexto de conhecer o novo, viver novas experiências, mas na verdade fugia das decisões que precisava tomar, fugia da vida que o encurralava. Era perdido por natureza...

A sua mãe, coitada, sofria pelo filho, aliás, todo mundo que gostava dele se preocupava com o seu futuro, ou melhor dizendo, com a falta dele. Que futuro? Que profissão? Que carreira? Que relação? Que qualquer coisa? O garoto não tinha raízes, somente copa, que crescia e crescia para os lados, se ramificava, sempre com novos ramosomos s. Mas e os frutos? Quando apareceriam os frutos? Uma árvore sem raíz não bota frutos... E o que somos nós sem os nossos frutos? Somos secos, inférteis, sem legado, sem memória, sem infinitude. Nós sem os frutos somos finitos, de uma vida curta e vaga, e nada fica das nossas múltiplas experiências, o que fica é a nossa profundidade, nosso empenho, nosso laço... O que fica são as raízes.

Moacir não queria ter que escolher, fugia disso, ignorava tudo, era lúdico pois de certa forma estacionou na infância, queria alguém que fizesse as escolhas por ele, que o protegesse dos perigos da vida, que assumisse os riscos e prejuízos.

Justiça seja feita Moacir bem que tentava, às vezes, enraizar-se porém logo recolhia as raizes pra mais uma viagem, um subterfúgio, cheio de motivos aparentemente justificáveis, pelo menos pra ele. E o tempo ia passando... E aquele menino tornava-se um homem, e seus amigos homens com uma história de vida, e ele com muitas, curtas e desconectadas. Assim era Moacir. Onde será que ele vai estar amanhã?

Alemanha, Japão, República Tcheca, Egito? Será que ele chega em algum lugar?

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

À minha espreita


À minha espreita

Por muito tempo ela foi minha companheira, não sei se desejada ou tolerada, mas viveu muito tempo na minha cola, depois de penar bastante, depois de muito trabalho, consegui mandá-la pra longe. Hoje está tudo bem, estou feliz, de bem com a vida, sorrindo sorrisos sinceros. Mas às vezes, só às vezes, eu sinto um olhar acima do meu ombro, me espreitando, esperando um momento de descuido, uma desilusão por menor que seja, um tropeço, uma decepção, ela aguarda friamente que eu esteja frágil pra poder me atacar novamente e se apoderar das minhas emoções. Ela me deixa seco, estéril e apático. Eu estou atento, eu sei que ela me ronda à distância, que observa cada passo meu, e por isso eu caminho com atenção, não quero cair, não vou deixar que ela me pegue num momento difícil. Ela está de olho em mim, eu sei, mas também estou de olho nela. Sai pra lá...

[Mente Hiperativa]