sábado, 31 de março de 2012

A luta nossa de cada dia


A luta nossa de cada dia

Ao estudar medicina constato que vivemos na iminência de morrer, que nosso corpo é na verdade um arsenal de armadilhas e falhas que poderiam facilmente nos levar à morte em poucos segundos, parecem apenas esperar determinado gatilho (estresse, má-alimentação, sedentarismo) para nos nocautear com um AVC. A morte nos espreita o tempo todo.

Digo isso porque todos nós certamente temos inúmeras variações anatômicas predisponentes às doenças mais diversas, somos invadidos constantemente por incontáveis tipos de microorganismos ávidos por colonizar nossos tecidos mais variados, sofremos quedas e machucados, ingerimos tóxicos, gorduras, e outras substâncias nocivas, sobrecarregamos nosso coração, rins, cérebro, fígado, isso sem falar em tantas outras mazelas que QUASE se instalam em nós a cada momento. E, apesar disso tudo, estamos todos aqui, vivos.

Porque será?

Eu não saberia responder com exatidão, alguns falam a respeito da eterna luta pela sobrevivência, pulsão de vida, instinto, energia vital, natureza, Deus... Seja o nome que for, penso que algo move cada célula do nosso corpo a lutar pela vida, a prosseguir, vibrar, defender, lutar, vencer, e isso nos mantém vivo dia-a-dia, mesmo que não queiramos, mesmo que não pensemos nisso, é algo inerente à nossa vontade, é automático, autônomo, uma energia que não nos pede permissão pra seguir adiante, apenas segue e nos mantém vivos.

Diante disso tudo, dessas micro-batalhas travadas a cada segundo dentro de nós, muitas vezes ignoradas, quase sempre impossíveis de se observar, muitas pessoas fazem pouco caso da vida que têm, reclamam, abaixam a cabeça, desistem, se entregam, têm medo de enfrentar o mundo. Eles não sabem a enorme força que têm dentro de si, não sabem o poder que cada célula tem e que cada célula exerce todo o tempo pra se manter, pra renovar, pra expulsar qualquer entidade que perturbe a ordem da vida e que possa prejudicá-lo. Uma pessoa que não luta pela própria vida não sabe o valor que tem, mas precisa saber.

Quando estiver desanimado com as circunstâncias, lembre-se que seu organismo luta a cada instante pra mantê-lo vivo, que nenhuma célula se entrega, e que a batalha nunca acaba enquanto há vida. Pense que cada célula sua grita, seja um macrófago ou uma célula epitelial, ela se renova, mata invasores, se divide, e sacrifica a própria ‘vida’ por você, o tempo todo.

Então pense, o que você faz com o produto dessa luta?


[Mente Hiperativa]

domingo, 25 de março de 2012

Manias


Manias

As manias são assim,
Se alimentam de cotidiano
E entre migalhas
Vão ganhando vida
E se tornam monstros

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 21 de março de 2012

Remédio ou veneno? Depende da dose.


Remédio ou veneno? Depende da dose.

Porque belo se venenoso? Porque agradável se perigoso? O amor, uma faca de dois gumes... Tem sempre dois lados opostos e bem definidos, um que nos atrai e outro que nos mantém afugentados. E quem vai ganhar? Façam suas apostas, preparem o bolão, o duelo começou. Será que o veneno vai amaldiçoar a beleza do amor? Ou a beleza vai aliviar a peçonha do veneno?

Eu quero só ver...

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 20 de março de 2012

Teia-de-aranha

Teia-de-aranha

A mente
Uma rede
De ideias
Conexões
Tudo ligado
Interligado
Uma palavra
Puxa outra
Que puxa
Outra
Sem começo
Sem fim
Nem hierarquias
Ou ordem
Só informações
Apenas

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 19 de março de 2012

No meio da vida


No meio da vida

No meio da vida tinha uma pedra
tinha uma vida no meio da pedra
tinha uma pedra
no meio da vida tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
nas retinas da minha vida tão fatigada.
Nunca me esquecerei que no meio da vida
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio da pedra
no meio da pedra tinha um caminho.

[Mente Hiperativa]

domingo, 18 de março de 2012

Coma


Coma

E quando o silêncio resolve tomar conta de mim, eu calo. É difícil tentar falar quando a mente precisa de repouso, difícil lutar contra si mesmo, exprimir qualquer manifesto voluntário ou consciente. Sendo assim eu permaneço em silêncio, até que as idéias me façam reagir e sair desse coma intelectual espontâneo.

[Mente Hiperativa]

sábado, 17 de março de 2012

Poluição mental


Poluição mental

Muito se fala da poluição, do ar, dos rios, das ruas, até outras modalidades como poluição visual e sonora são debatidos pela sociedade. Mas sobre a poluição mental, quem discute?

A cada dia de avanço tecnológico a sociedade despeja um imenso contingente de poluição na atmosfera psíquica do planeta. E quem pode gerenciar isso? Como regulamentar, proibir, multar? Parece impossível.

Dor, angústia, irritação, ansiedade, medo, raiva, tudo isso é produzido diariamente em nossas mentes e despejado no ambiente que nos cerca, atingindo as pessoas que convivem conosco, as plantas, os animais, essa energia toda carrega o ar tornando-o denso. E quem limpa essa sujeira?

Precisamos pensar e tratar da poluição mental que tanto nos afeta. Como sanar? Como prevenir?


[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 16 de março de 2012

Um pequeno gesto que muda tudo


Um pequeno gesto que muda tudo

Uma flor
Um oi
Um sorriso
E mudou o dia
Daquela infeliz
Sem nem se dar conta

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 15 de março de 2012

Cyberhumano


Cyberhumano

Por um corpo computadorizado
Telas a ostentar um sorriso eterno
O facebook, mundo de mentirinha
(Aparente) felicidade a todo instante

Quero teclados no meu corpo
Pra escreverem em mim
Com seus dedos e letras
Com seus sentimento e desejos

Quero um HD potente, memória
Pra não me esquecer de nada
Nem das datas, nem dos fatos
Me lembrarei de tudo, em detalhes

Trocar os nervos e vasos por circuitos
Não sentir for, nem amor, nem calor
Serei um mero transmissor de informações
O que deve ser bem melhor, convenhamos

Sem sexo, sem nome, sem cor, nem emprego
Ser uma máquina, de ferro, de aço, silício e silêncio
Alheio ao mundo e às pessoas, assim serei eu
Um quase-humano, em meio a tantos transitores

Um modem pra me conectar com o mundo a fora
Fluxo eterno de informações, infinito, ao meu dispor
Espero encontrar o mundo, os mundos, sair daqui
Viajar, navegar, conhecer, expandir, me perder...

Touch, mouse, bluetooth, caixa de som, microfone
Webcam pra enxergar o mundo lá fora, mas pra quê?
Luzes de neon só pra manter o visual transado da moda
Cooler pra não derreter, não entrar em colapso total

Não desejo ser de carne, nem de pensamentos, não
Prefiro ser uma máquina, que tem que pensar em nada
Que não amadurece, nem se preocupa, nem se estressa
Por favor não esqueçam de desligar a tomada ao sair

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 14 de março de 2012

Vício


Vício

E então lá vai você novamente
parece até que não se dá conta
de que nutre a alma com vícios
e o corpo com outras bobagens

No fim do dia bate aquela culpa
e se o arrependimento matasse
já tinha morrido umas mil vezes
luta, (re)luta e vai atrás do vicio

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 13 de março de 2012

Guerra e Paz


Guerra e Paz

A paz é feita de pequenas guerras, às vezes silenciosas, às vezes não. E o que seria da paz sem as guerras? Qual seria o propósito das guerras senão a paz? A paz é o troféu das guerras, e por mais que tentemos dissociá-los, estarão sempre intimamente unidos. E quem quer paz, terá guerra.

Sendo assim vamos à luta.

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 12 de março de 2012

Renascer

Renascer


Depois de muito tempo eu entendi...

...Que não é possível uma grande mudança do dia pra noite
...Que a dor muitas vezes faz parte do processo amadurecimento
...E que às vezes vale a pena mudar de caminho quando tudo dá errado.

[Mente Hiperativa]

domingo, 11 de março de 2012

Medo(s)


Medo(s)

Medo de errar, me arrepender, me perder.

Medo de fazer e dar errado, de não fazer e dar errado.

Medo de machucar, de perder tempo, de confundir, à toa.

Medo, medo, medo, medo, medo, são tantos que deixo de viver.

[Mente Hiperativa]

sábado, 10 de março de 2012

Amor, amor, amor, amor, amor, sempre ele, a razão das minhas dúvidas


Amor, amor, amor, amor, amor, sempre ele, a razão das minhas dúvidas

O que é amor? Amor é aquele sentimento arrebatador, é a certeza de que a pessoa é feita pra você? É não conseguir ficar um minuto longe dela, um dia sem vê-la? Amor é assim forte e intenso?

Ou amor é como uma planta que se rega e se observa crescer? Uma não-certeza, mas que não aflige? É bem-estar, boa companhia, amizade, cumplicidade? Amor é construído espontaneamente?

Essa dúvida me castiga.

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 9 de março de 2012

Sustentabilidade

Sustentabilidade

Se você não me quer, me jogue fora, mas não me guarde no bolso. Pode ser no chão ou na lixeira -pouco importa- mas se desfaça de mim, rápido, tenho certeza de que mais na frente alguém irá me catar e me reaproveitar. Afinal hoje em dia tudo é reciclável.

Então por isso não hesite, se não te agrado também não faço força pra ser querido, não vou implorar pra ficar de enfeite na sua estante, prefiro mesmo é ser jogado fora. Estou convicto de que alguém me socorrerá desse lixo e me transformará de restos destroçados de um amor que não deu certo num novo coração pronto pra amar.

E viva a sustentabilidade!

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mistérios da vida


Mistérios da vida

Eu podia ter te conhecido na fila do pão, no parque, na faculdade, na sala de espera de um consultório médico, no cinema, numa loja de calçados, no armazém, no trânsito, quem sabe até num voo de asa delta. Poderíamos ter vivido um romance, uma história de amor, um casamento, namoro, ter tido filhos, construído uma vida juntos. Mas não houve nada disso, nos encontramos num quarto sujo e fedido de hotel de beira de estrada, tivemos uma noite e somente uma, assim casual, e logo sumimos um da vida do outro. E o que poderia ter sido, porque não foi?

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 7 de março de 2012

Azia mental


Azia mental

Tem dias que o dia é cinzento, embaçado e completamente sem graça. As músicas preferidas não conseguem mais agradar os ouvidos, as pessoas parecem todas insuportáveis e não dá vontade de sair, nem de ficar em casa, nem de comer, nem de nada. A única coisa que ainda dá pra fazer é ficar prostrado na cama ou no sofá, remoendo essa azia mental que consome lentamente o juízo. A impaciência toma conta de mim, nem escrever eu consigo, as palavras não se conectam, as ideias não dialogam, eu entro em curto-circuito, silenciosamente o sistema entra em pane e eu morro calado.

Olho pela janela e lá fora o dia está do mesmo jeito de sempre, tudo parece correr da forma naturalmente devida, as pessoas sorriem e se divertem, as árvores mudam de folhas, os cachorros passeiam, como de costume, o povo trabalha, faz sol, faz calor, não há nada de diferente que possa me irritar, mas estou irritado com o mundo, não há nada que possa me deixar assim, mas ainda assim minha mente ignora a ausência racional de motivos e se volta contra o mundo. É uma reação sem ação aparente.

No começo eu ainda tentava achar o motivo causador dessa agonia, dessa angústia, mas foi em vão. Depois mudei de estratégia e por muito tempo tentei aprender a lidar com ela, tolerá-la de certa forma. E enfim voltei a tentar descobrir sua origem, sem obter sucesso. Parece que não há uma razão específica pra esse mau-humor e tédio súbitos, não é que tenha acontecido algo de errado, não aconteceu nada, absolutamente nada. E nesses dias tão ruins não sei o que fazer, de tudo já tentei, então só me resta aguardar que acabem logo. Espero que no dia seguinte eu esteja curado desse vazio que visita minha alma.

É sempre assim, depois passa. Mas volta. E passa de novo.

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 6 de março de 2012

Cadê você?


Cadê você?

Te procuro nas tardes de sol e nas noites frias, na minha cama vazia. Cadê você? Cadê você que não está aqui comigo, agora? Eu cansei de bancar o auto-suficiente, minha fortaleza desabou e meus medos caíram por terra. Eu admito que preciso de você aqui comigo, vem, e vem logo, não esqueça de trazer as tintas pra colorir a minha vida que é tão sem graça sem você. Eu quero o teu carinho, tuas palavras doces e também o teu silêncio, em forma de beijo. Vem calar minha tristeza. E tira de mim esse medo que tanto tenho de amar.

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 5 de março de 2012

Complementares


Complementares

Eu sei que você me quer
Mas isso não faz eu te querer
O desejo que tens de me completar
Não nos torna complementares

[Mente Hiperativa]

domingo, 4 de março de 2012

O botão e a camisa


O botão e a camisa

Se tu és a camisa
eu serei teu botão
Apertas dum lado
e eu surjo do outro
Mas não te largo!

[Mente Hiperativa]

sábado, 3 de março de 2012

Pensando com meus botões


Pensando com meus botões

Queria conversar
com meus botões
mas eles não falam

Vou trocá-los então
por olhos sinceros
botões são calados

[Mente Hiperativa]


sexta-feira, 2 de março de 2012

Solidariedade e altruísmo: uma sutil diferença


Solidariedade e altruísmo: uma sutil diferença

Compreensão ocorre quando você precisa viver aquilo que o outro viveu para desenvolver a capacidade de compreendê-lo enquanto pessoa. Altruísmo é se antecipar à vivência e entendê-lo mesmo sem precisar sentir o seu sufoco na própria pele.

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 1 de março de 2012

Separando os meus problemas dos problemas dos outros


Separando os meus problemas dos problemas dos outros

Eu sempre achei que tinha mais problemas do que todo mundo, até que um dia eu percebi que assimilava os problemas de quem amava e tomava-os como meus também. Eu me cobrava solução dos problemas deles, me sentia culpado por não resolvê-los, sempre fui assim, sempre me exigi demais. E como demorei a entender que o problema dos outros é dos outros, ainda que sejam meus amados. Mas agora eu sei que o fato de não poder resolver seus problemas não diminui o amor que sinto por eles.

Hoje eu me policio diariamente pra não me envolver demais, pra não me cobrar soluções que não me cabem, me controlo pra não assimilar mais problemas além dos que eu já tenho. E assim me torno um pouco mais frio, insensível e indiferente. Não sei ainda se isso é bom ou ruim, se me torna mais maduro ou mais egoísta, mais feliz ou mais triste. Só sei que por hora sinto um pouco mais de paz de espírito. É como se livrar de um imenso peso, alivia.

Não está sendo fácil ser assim dessa nova maneira, às vezes eu não me reconheço agindo tão friamente e me importando tão pouco com os outros, às vezes tento me convencer de que é melhor assim, sem ter certeza alguma do que digo. Às vezes me eximo de qualquer responsabilidade do problema do outro, e após algumas palavras duras eu desligo o telefone e me arrependo de ter tratado tão mal alguém que eu amo. Mas resisto em ser do 'velho' jeito novamente, porque cansei, preciso de um tempo só pra mim. Tenho certeza de que os outros vão saber se virar sem minha ajuda, resta saber se eu vou saber me virar sem os problemas deles.

[Mente Hiperativa]