domingo, 29 de julho de 2012

Basta de pseudo-amor!


Basta de pseudo-amor!

É engraçado como o amor bate à porta, toca a campainha e espera que o convidem pra entrar. O pseudo-amor invade pela janela, se disfarça de vendedor, envia um convite por debaixo da porta, coloca um carro de som na frente do seu prédio pra você sair de casa e ir encontrá-lo.

O pseudo-amor é sedutor, envolvente, cativante. E o amor, porque tem que ser tão tímido e obediente?

As coisas bem que poderiam ser um pouco mais fáceis e óbvias, não quero com isso que a vida pareça ridícula ou babaca, mas às vezes -só às vezes- ela poderia ser mais generosa. Cansa só esbarrar com as dificuldades e nunca acertar o prêmio. Cansa.

[Mente Hiperativa]

sábado, 28 de julho de 2012

Bolsa de valores do amor


Bolsa de valores do amor

Mais uma história de amor que findo, mais uma esquina da vida que dobro. Ficam saudades, sim, sobram mágoas também; na minha estante coleciono mais um relacionamento fracassado, no meu coração mais uma ferida aberta e na minha mente mais uma experiência válida. E o que tirar do fracasso, senão mais uma lição?

O amor é como um investimento na bolsa de valores, você aposta sem saber se ele te trará lucro ou prejuízo, depende do seu empenho sim, mas não apenas disso. Muitas vezes fazemos tudo certo, agimos com caráter, com carinho, nos entregamos, esperando receber o mesmo em troca. E a bolsa quebra, as ações desvalorizam, a outra parte não tem a mesma consideração a você, não há reciprocidade, e tudo precisa acabar.

Minha estante tem muitos troféus, foram batalhas perdidas, mas a guerra não acaba nunca. E apesar dos fracassos sinto-me orgulhoso por ter perseverado. Nunca desisti de encontrar o amor, nunca me entreguei sem acreditar que poderia dar certo, não jogo sujo. E se por acaso não deu certo eu sei que tentei, que fui honesto, e que me mantive de olhos abertos, pois sei que na bolsa de valores do amor muita gente quer se dar bem.

Como disse o grande Guimarães Rosa, 'a vida é um rasgar-se e remendar-se', e assim sendo eu estou pronto pra me remendar. E sigo atento, pois o amor pode estar à espreita. Por isso me entregarei novamente quantas vezes for preciso, não tenho medo de errar, nem medo de fracassar. Mas estou de olhos abertos para não ser enganado. E continuo apostando na bolsa de valores do amor, a coleção de decepções é vasta, mas a minha esperança no amor é maior.


[Mente Hiperativa]

terça-feira, 24 de julho de 2012

Sou poeta, dá licença?



Sou poeta, dá licença?

Eu posso falar de amor sem vivê-lo, posso viver a dor de alguém que me cerca, ou de alguém que nunca existiu. Posso ser feliz sem ser, viajar por todo o mundo, por outros mundos, sem sair de casa, mantendo-me no calabouço do meu quarto. Eu sou o mendigo que implora esmola na rua, mas que só espera receber algum valor humano, sou a velhinha experiente que sofre jogada na sala como uma máquina velha sem função, sou a criança de olhos expressivos que não sabe nada do mundo e justamente por isso é bastante feliz. Eu sou o intelectual que fala, o ignorante que afirma, e o sábio que nada sabe, sou a força do povo, o luxo da elite, sou a ilusão do poder, sou a faca que rasga a carne sem a menor piedade. Sou frio, sou sensível, sou feito de dor e de lágrimas, de palavras agressivas e doces. Sou poeta, enfim.

Através de inúmeras histórias eu conto o que vivo, mas a verdade é que todo escritor é um grande fingidor que vive vidas e mais vidas sem nunca vivê-las de fato, mas vive em sua mente e as presencia, experimenta, convive e até inventa. Eu sou poeta, tenho licença pra isso, tenho várias vidas, muitas vivências, algumas terrenas, outras imaginadas, porém uma só essência que me motiva a escrever. E quem poderá dizer que eu não vivi aquele amor ardente que vi no filme hoje mais cedo? Quem dirá que eu não senti a dor daquela desconhecida no shopping domingo à tarde, a qual desabafava com a amiga na mesa ao lado enquanto eu almoçava? Quem pode falar que não sinto o desprezo que sente aquele indigente noticiado ontem na TV, abandonado na sarjeta e posteriormente queimado por um bando de burguesinhos?


Eu sou poeta e preciso viver a vida, sentir a adrenalina pulsando, meu sangue correndo nas veias, preciso sentir a dor, a decepção, a alegria, a euforia, sentimentos que transformo em palavras. Eu tenho licença pra cometer erros gramaticais, criar teorias, inventar personagens, manipular e brincar com as palavras. A mim tudo é permitido fazer pra passar adiante a impressão que tenho sobre a vida, tenho licença poética e posso usar do que for pra escrever, mas nunca duvide de uma coisa: o que escrevo será sempre a expressão da verdade que carrego no peito.


[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 23 de julho de 2012

O que realmente vale


O que realmente vale

Silêncio e olhares
são tão preciosos
mais que palavras

Quando calo, grito
E quando te olho,
me entrego a você

[Mente Hiperativa]

domingo, 22 de julho de 2012

Felicidade incolor



Felicidade incolor

Sua vida não era colorida e interessante, nunca teve um grande amor, avassalador, ou uma família de comercial de margarina, essa sempre foi muito fria e distante, por isso desde cedo afastou-se de todos, arrumando emprego e moradia noutro estado bem longe. Optou por sumir no mundo, fugir de tudo, encontrou conforto num pequeno quitinete suburbano, praticamente um cortiço, o qual dividia com prostitutas e alcoólatras desempregados. Mas gostava de viver ali, de portas fechadas e som alto era contente assim, um contentamento ameno, uma alegria bege, embaçada, que não conseguia gritar e vivia assim, muda e apática.

Trabalhava numa lavanderia, era a responsável pelo caixa. Os clientes educados lhe davam os cumprimentos, ela nunca respondia, sequer olhava nos seus olhos. Os mal-educados apenas a chamavam de estúpida e bastarda quando ela errava o troco ou a roupa a ser devolvida. De uma forma ou de outra as pessoas gostavam de destratá-la, como se ela fosse feita pra isso, sentia-se um lixo, mas estava acostumada com tal sensação desde criança. Ela silenciava diante das pessoas, com os olhos secos e inexpressivos que tinha, e estrangulava cada palavra que ousasse percorrer sua garganta em direção à boca. Do patrão só ouvia reclamação, e nem hora extra recebia pra ouvir tanto sermão. Saia do trabalho direto pra casa, todos os dias, de segunda a sábado, e não pense que se importava ou sofria com a hostilidade alheia, estava acostumada.

Suas segundas-feiras nunca foram motivo para depressão, suas sextas nunca tiveram qualquer diversão, todos os dias eram igualmente mornos, parados, nada se movia, nada acontecia. Somente aos domingos sua rotina mudava pois a lavanderia estava fechada e então aproveitava o tempo livre pra fazer faxina, lavar roupa em casa e observar os vizinhos dançando pagode e se embriagando no quintal do prédio. Nunca fez amigos por lá, nunca desceu pra se confraternizar com eles. A parte preferida do domingo era o fim do dia quando as pessoas estavam completamente bêbadas e discutiam trocando ofensas pesadas e às vezes até murros e pontapés. Não dá pra explicar o que sentia, mas gostava, aquilo lhe preenchia de alguma forma com uma sensação boa, algum sentimento de correspondência que ainda não tem nome definido.

Em casa o som alto mascarava a solidão, não recebia amigos (nem os tinha), não gostava de cachorro nem de gato, a única que lhe fazia alguma companhia era a samambaia que jazia no meio da sala. Ela estava meio morta-viva, meio seca, meio quebrada; não sei se é possível dizer que trazia alguma vida ao ambiente, mas era a única coisa verde além de mofo que habitava aquele espaço tão insalubre. As paredes eram sujas, o chão também. Na área de serviço o lixo se amontoava, ao lado de roupas sujas, engradados de bebida vazios e empilhados, caixas de papelão, restos de cerâmicas e um enorme saco aberto de adubo orgânico.


Assim ela vivia no seu contentamento ameno, sem grandes alegrias, sem noites apaixonantes, mas sem decepções ou traições, sem problemas familiares, sem grandes catástrofes. A própria vida já era a maior catástrofe que poderia esperar e nada seria tão ruim que pudesse abalar sua alegria muda de viver isolada e auto-suficiente. Não vivia por ninguém, nem por si mesma, e até mesmo o trabalho não era propriamente uma motivação, era apenas uma fonte de renda que lhe dava o mínimo para sobreviver, não tinha grandes gastos ou cometia extravagâncias no shopping, nunca caiu no cheque especial, sequer tinha conta no banco. Não precisava de disfarces nem máscaras, não criava fantasias nem ilusões, vivia a vida dura e seca, sem filosofias ou crenças misteriosas.


A vida dela era tão banal, tão inabalável, jamais daria um filme recorde de bilheteria, talvez apenas um bom livro - best-seller - daqueles que se lê no inverno frio e nos provoca o seguinte questionamento: "O que é mesmo a tal felicidade?" Ninguém pode afirmar com propriedade se ela é um sentimento gritante e indisfarçável, uma companhia eterna e inseparável, ou apenas uma vida mais-ou-menos sem grandes problemas e inquietações existenciais. Talvez seja possível ser feliz num cortiço cercado de prostitutas e alcoólatras barulhentos, sozinho num ambiente sujo e inóspito. A felicidade pode ser amena e tranquila, e quem pode dizer o contrário?

[Mente Hiperativa]

sábado, 21 de julho de 2012

Pessoas me cansam



Pessoas me cansam

Às vezes bate um cansaço das pessoas, cansaço de vê-las com os mesmos discursos, reclamando das mesmas coisas, andando em círculos, vivendo novamente as mesmas desilusões, repetindo incessantemente os mesmos erros. E eu como amigo tento sempre ajudar, escutar, opinar e fazer o outro pensar, enxergar novos caminhos... Parece que isso traz um alívio momentâneo, clareia as ideias, mas não demora pra que me procurarem com o mesmo texto ensaiado de sempre, já o sei decorado.


Não quero condenar quem repete os mesmos erros, até porque eu já repeti alguns tantas vezes, sei que nem sempre conseguimos enxergar isso claramente, e quando enxergamos com a ajuda de outro nem sempre é fácil superar o obstáculo que nos aflige. Mas se você não faz por você, ninguém poderá fazer. Eu sei que na maioria das vezes a pessoa não repete incessantemente o mesmo erro por mal, mas também não é por falta de aviso, e de uma forma ou de outra eu acabo cansando de tentar ajudá-la, sei que não deveria cansar, mas canso mesmo sabendo disso.


Invisto minha emoção, meu tempo, e tudo parece em vão. Eu falo, digo, alerto, convenço, oriento, ajudo, a pessoa diz que entendeu, vai lá e faz tudo igual novamente, tudo errado, depois me procura aflita. Por essas e outras que depois de tantos erros repetidos eu nem falo mais nada; depois de tentar mostrar outros caminhos de tantas formas diferentes e ver que a pessoa insiste em percorrer somente o mesmo atalho de sempre, eu fico calado, dou-lhe tempo pra que perceba as coisas por si só. Porque uma hora sempre percebemos que estamos repetindo a mesma estratégia tola, cedo ou tarde notaremos.

Quantas vezes será necessário tropeçar na mesma pedra pra notar que está andando em círculos?

[Mente Hiperativa]


quinta-feira, 19 de julho de 2012

(In)comunicação


(In)comunicação

Os apelos de quem quer falar mas não é ouvido. E continua a falar. Será que fala em vão?

Me deixe mudo
que eu quero falar.
O que eu vou dizer
não lhe interessa,
não importa de nada.
Você não quer ouvir
mas eu falo, e calo;
e não paro, até paro.
Mesmo que seja mudo
-eu digo, repito-
você vai me ouvir.
Seja mudo ou surdo
eu vou te falar.

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 18 de julho de 2012

LUSCO-FUSCO


LUSCO-FUSCO


Sobre o crepúsculo, o amor, a desilusão e a persistência.

Lusco-fusco eu preciso saber
Nem imagino o que signifique
Não sei se é feito pra comer
Ou alguma roupa bem chique

Cantaram-lhe beleza sem igual
E que defeito algum poderia ter
Disseram embalar qualquer casal
E que faz a tristeza esmorecer

Lusco-fusco é uma velha briga
Travada entre a luz e a escuridão
Acontece todo dia e nos intriga
Despertando nossa imaginação

Trata-se de um breve momento
Do encontro entre o sol e a lua
Mas é preciso ficar bem atento
Porque ele jamais se perpetua


O sol, sabido, dá uma piscadela
Ele espera a lua poder conquistar
Ela, altiva, não lhe dá menor trela
E expulsa o pobre sol a chorar


O sol volta de manhã bem cedo
E pede desculpas pela ousadia
Ela vai embora deixando-o quedo
Pronto pra começar um belo dia

Até que chega a próxima noite
Uma nova tentativa de paquera
Mas o sol leva um novo açoite
Machucado por ela que venera

O lusco-fusco realmente é lindo
Mas causa tamanho sofrimento
Assim é o meu amor que findo
De tão bom virou um tormento

Quero ter do sol a sua coragem
Lutar dia-a-dia pelo meu amor
Sei que vou sofrer nessa viagem
Contudo me mantenho sonhador

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 17 de julho de 2012

Vivendo de ilusões, desafiando o inevitável


Vivendo de ilusões, desafiando o inevitável

Gostava de viver a vida equilibrando pratos na ponta de varas de madeira. Cada passo era um desafio, o mundo parecia girar mais rápido, cada gesto era decisivo, cada detalhe precisava ser impecável para que tudo não desmoronasse. Essa vida era difícil, mas foi a vida escolhida; a todo momento temia que a inevitável catástrofe ocorresse, tinha convicção de que mais cedo ou mais tarde ocorreria: todos os pratos cairiam no chão e tudo se acabaria diante deles.


Mas que tolice pensar que andaria a vida toda equilibrando pratos, ou que por obra divina eles continuariam na ponta das varas. Por sinal nem acreditava em obra divina, então só restava apelar para a sorte.


Enquanto andava equilibrando os pratos o resto do mundo parecia seguir seu rumo inabalável, até que a profecia se cumpriu e os pratos se despedaçaram no chão, refletindo o que sentia por dentro. Assim, o desespero tomou conta de si, mas não havia nada mais a fazer, tudo estava perdido. Chorou desesperadamente na esperança que os cacos se juntassem, mas não adiantou.


Diante disso, tudo foi perdido, toda uma vida vivida perigosamente, todo um risco assumido em equilibrar pratos em varas de madeira, a tragédia era anunciada, apenas uma questão de tempo. E se era inevitável a destruição, se era tão óbvio o fracasso, então porque prosseguir equilibrando pratos na ponta de varas de madeira? Porque brincar com isso? 


Depois de muito chorar levantou-se, foi até a cozinha, pegou novos pratos e pôs a equilibrá-los novamente, na certeza de que uma hora iriam cair. Mas até lá... assumiria o risco novamente. Até quando será que vai brincar disso?


[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Guarde sua raiva pra você



Guarde sua raiva pra você

Toda a raiva que você investe contra mim só faz mal a você! Enquanto você investe seu tempo em me odiar e tenta de alguma forma me prejudicar, eu planejo minha vida e trabalho para melhorá-la. E consigo. Nesse meio tempo você deixa de viver e de acrescentar algo a você, perdendo tempo em tentar me atingir, sem obter qualquer êxito.

Talvez daqui a um tempo você chegue a conclusão de que sou indiferente aos seus sentimentos, sejam eles bons ou ruins, espero que perceba o desperdício de tempo e energia que é tentar despertar em mim esse ódio que sentes. Que bom seria se percebesse o mais cedo possível o quão inútil é isso tudo, e quanto seria bom cuidar da própria vida, se é que resta alguma vida no meio disso tudo.

[Mente Hiperativa]


domingo, 15 de julho de 2012

Correr


Correr

Queria correr, mas não sei em que direção. Talvez percorrer a circunferência da Terra seja o suficiente pra acalmar meu corpo, minha mente inquieta. Penso em correr em direção ao sol para que ele me aqueça. Correr, correr, pra longe, pra gastar energia, pra me manter ocupado, correr, não sei pra onde, mas correr.

Quero correr. Preciso correr.

[Mente Hiperativa]

sábado, 14 de julho de 2012

Quem entende?


Quem entende?

Aos 4 anos falava de amigos imaginários, aos 7 brigava com todo os colegas de sala, aos 9 já havia passado por 4 escolas, aos 17 por 3 cidades, aos 20 tinha desafeto com mais da metade da família, praticamente só seus pais lhe amavam e tentavam lhe compreender, aos 22 o pai não aguentou mais, aos 23 já teve 5 namorados, o namoro mais longo durou 3 meses, aos 25 havia criado inúmeros personagens que nunca existiram fora da sua mente, criou mundos imaginários, misturou a realidade com a fantasia. Começou a perder-se.


Surtou várias vezes, perdeu o contato com esse mundo. Ninguém sabe em que mundo vive, se tem consciência do que fala e faz ou se acredita na própria loucura. Aos 26 anos já não sei o que faz da vida, perdi contato, pedi distância.


[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O verdadeiro EU



O verdadeiro EU


Hoje eu vou a uma audiência, pego meu paletó, minha postura madura, um ar destemido, e saio coberto de seriedade. Quando vou a um casamento eu coloco um sorriso de 'desejo toda felicidade a vocês', mesmo que eu não acredite na instituição do matrimônio. No trabalho eu me visto de médico, e isso vai além de uma bata e um estetoscópio, embora somente isso que importe para muitos pacientes; eu coloco também meu empenho em jogo, minha atenção, minha competência. Pra ficar em casa eu deixo a cara mal lavada, seca, ácida, ou rude, pode estar feliz, mas quase sempre tranquila, visto uma roupa larga, velha, mas que tem um valor sentimental. Para ir comprar pão ou correr na praia uso um temperamento cotidiano, sujeito a sorrisos fora de hora, um ar reflexivo, temperamento paciente. São tantos que visto, tantas caras, roupas, fantasias sociais. E quando estou só, quem sou eu? Sou maduro, competente, rude ou cotidiano? Todos? Nenhum? O verdadeiro eu é o que está comigo quando estou só ou o que uso no mundo lá fora? Quem é o verdadeiro? Será que algum deles é o verdadeiro? Será que há algum falso?

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Impotência


Impotência

Existem situações em que não há o que fazer, não há o que dizer, nem há o que remediar. Tudo que for dito não poderá confortar, não trará de volta pessoas ou situações e, portanto, será em vão. São palavras gastas, tentativas de conforto que até irritam - apesar da boa intenção - e não atingem seu nobre objetivo. Não há o que fazer.

E nessas horas somente o choro parece aliviar, sofrer deve ser a solução, e tentar fugir dessa dor é pura enganação. Nos momentos em que me sinto impotente diante do mundo eu me entrego a essa sensação, eu sinto que ninguém pode me ajudar, por isso prefiro ficar só, sofrer só, e depois algum choro e uma noite de sono tudo passa.

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Mariposas e loucos


Mariposas e loucos

Mariposas são seres fantásticos que voam cegamente em direção a qualquer foco de luz acreditando que esse seja a lua, perseguem seu objetivo até a exaustão e frequentemente morrem por isso. Assim são os loucos, ou 'lunáticos', que acreditam na própria loucura e acabam pagando um elevado preço por isso.

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 10 de julho de 2012

Quando a pedra no caminho é o próprio pódio


Quando a pedra no caminho é o próprio pódio

No meio da pedra tinha um caminho, e das dúvidas surgiram certezas, traiçoeiras, que ofereceram um caminho, no meio da pedra. Dos problemas despontaram soluções, aparentes, calmantes, talvez até platônicas, mas vieram do problema, da dor, da tristeza, da incerteza, do sofrimento. E da dor, fez-se a paz, que inundou o coração que antes sofria agonizado, agora se sente tranquilo, olha pra trás, e chora. Mas chora com alegria, com orgulho, vê o caminho que passou, as pedras, e as dificuldades, e enxerga mais do que pedras e problemas, enxerga desafios, e sobretudo vitórias. O chão de pedras, antes difícil de transpor, hoje é seu troféu na estante. A foto da montanha não passa de uma lembrança na parede, mas traz à mente inúmeras vitórias e conquistas, recheadas de dor, mas uma dor que não incomoda mais, é até motivo de orgulho.

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O encontro na praia


O encontro na praia

Hoje eu marquei um encontro na praia, era tarde da noite e somente a lua e meia dúzia de postes iluminavam o céu escuro da cidade. Poucas estrelas foram testemunhas desse diálogo silencioso e tão agradável que ocorreu na areia branca.

Chegando na praia eu tratei de tirar os sapatos, não me preocupei em ficar mal-apanhado para o encontro, ao contrário, dessa forma ficaria mais a vontade. Assim pude sentir a areia da praia penetrando por entre os dedos dos meus pés. Senti também a brisa fria da noite... Tal brisa marinha carregou meus problemas, transformando-os numa nuvem de esquecimento. Fechei os olhos e senti aquele instante, tão único em minha vida. Eu pensei em ir até o mar, arregaçar a barra da calça e molhar os pés, mas estava tão confortável sentado ali na areia, e o vento tão frio. Diferente das outras vezes que fui à praia a noite eu não quis pensar na vida, quis apenas esvaziar a mente. Foi um ótimo encontro, eu e eu mesmo, um encontro silencioso, sem nada a dizer, sem nada a pensar, só ouvi o som do vento varrendo minha cabeça.

[Mente Hiperativa]

domingo, 8 de julho de 2012

Minha dor


Minha dor

Minha dor vai muito além da carne, ultrapassa o sentido físico da palavra, da substância, independe de qualquer condução nervosa, e não envolve o entra-e-sai de mediadores químicos, impulsos elétricos ou comunicação celular.

A minha dor é mental, espiritual, talvez seja um karma, contra o qual eu luto, duelo, ele tenta me derrubar, e eu não me deixo cair. Ela não cala com analgésicos, ela não cessa com terapias alternativas. E se eu digo que minhas articulações doem, minha cabeça dói, ou todo o meu corpo dói, é só uma forma de expressar o extravasamento dessa dor tão íntima, espiritual, que transcende o plano orgânico e passa a conviver comigo nesse mundo material.

[Mente Hiperativa]

sábado, 7 de julho de 2012

Me leve de volta ao meu tempo

 

Me leve de volta ao meu tempo

Sinto falta do tempo em que a tecnologia não possuía cadeira cativa na nossa casa, quando ela era apenas uma projeção do futuro distante, impalpável, talvez até inatingível. Hoje ela invade a nossa casa, atrapalha o nosso momento em família -ou privado- e se planta no meio da sala como uma imponente palmeira imperial. E não sai mais de lá. Chega a ser incômodo, a tecnologia é um hóspede indesejável, como aquela vizinha que não para de falar e não se manca de ir embora. Me perdoem os antenados, mas eu tenho saudade da tranquilidade dos tempos em que a tecnologia não estava presente no centro de nossas vidas.


O que eu faço com tanto progresso INdesejável? Como sair desse mundo se esse é O mundo atual? Às vezes dá vontade de mudar de planeta, ou ser um ET nesse planeta em que as pessoas enlouquecem no meio de máquinas e informações online. ONLINE, odeio esse nome, sinto angústia apenas em pronunciá-lo. 


Maldito mundo moderno!


Queria voltar no tempo, viver a época em que os casais se correspondiam por cartas escritas à bico de pena, tempo em que a moça aguardava ansiosamente o 'garoto de recado' lhe levar um bilhetinho do seu amado avisando que estaria presente logo mais para o almoço. Imagine a sensação de prazer que ela sentia, porém a ansiedade saudável de outrora hoje virou uma angústia paranóica em meio a constantes (e bombardeantes) torpedos SMS. Antes podíamos esperar e enquanto isso aproveitávamos o tempo para admirar o mundo ao nosso redor; hoje quem tem tempo pra alguma coisa? Hoje precisamos estar conectados o tempo todo. E isso é muito incoerente.


Era tão bom o tempo em que não havia telefone celular, em que as ligações não nos incomodavam a todo instante, e ninguém nos regulava à cada hora. O celular criou a falsa necessidade de ser localizado o tempo todo, as pessoas pensam que se não conseguirem falar com alguém o mundo vai acabar, e ligam 30 vezes seguidas. Além disso, ele trouxe consigo a falsa impressão de aproximar as pessoas, e assim tirou todo o prazer da espera, tornando-a algo extremamente frustrante. Queria viver num mundo em que não existissem telefones celulares. Alguém conhece algum?


Bom mesmo devia ser no tempo em que as informações eram veiculadas pelo boca-a-boca, devagar, mas com entusiasmo, no ritmo de nossas mentes, e o melhor: com filtro. A mim não agrada ter um volume imenso de notícias se nem 2% são utilizáveis ou do meu interesse, não me sinto bem ao saber que tenho que filtrar milhões de informações, e assimilar outro milhão delas. E apesar disso ainda acabo me sentindo um 'nada' por não saber um décimo do que ocorre no âmbito global, meio ambiente, atualidades, vida das celebridades, fora o imenso arsenal de crimes e novidades da ciência. A tecnologia angustia qualquer um.


Quero voltar ao tempo em que as redes sociais eram reais, e não virtuais, quando as pessoas se encontravam na praça pra trocar ideias, ou numa mesa de bar, quando fortaleciam seus laços com olhares e apertos de mão, ao invés de curtidas e compartilhamentos. Quero de volta poder olhar nos olhos das pessoas, com sinceridade, quero poder tocá-las, sentir seu sorriso. Estou farto de smiles que dissimulam lágrimas, de mensagens belas que não são colocadas em prática, de belas fotos photoshopadas que parecem mais com uma barbie do que com um ser humano. Eu quero gente de verdade, e não pessoas que fingem uma vida perfeita nas redes virtuais.

Preciso de uma vida de verdade, resgatar o poder do sentir que anda tão disperso nessa sociedade essencialmente tecnológica. De tanta superficialidade ao meu redor acabo me contaminando, e sofro sem saber porque. Não me sinto adequado nesse mundo de hoje, talvez eu seja muito visceral, não tenho microcircuitos no meu cérebro, nem raios laser nos meus olhos, não sou high-tech, sou daquele tempo em que as pessoas se olhavam nos olhos, em que não havia avatares nem second life, em que os dedos habiam feitos para tocar e não digitar. Eu sou daqueles que precisa sentir, e atrás de uma tela, sem poder sentir, eu me sinto mal, vazio, e sem saber a razão, eu adoeço.


[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Um dia



Um dia
Inverno frio...
Quero cantar,
dançar.
A energia pulsa dentro de mim
e mantenho-me no sofá, inerte.
Um grito ecoa dentro de mim.
Calo.
E penso...
Inquietude, é o que sinto.
Quero falar,
não consigo.
Mexer parece difícil.
Sorrio [por dentro]
e ninguém vê.

Um dia aprendo a ter controle sobre mim mesmo. Um dia ainda me conhecerei plenamente.


[Mente Hiperativa]

domingo, 1 de julho de 2012

O amor mata um pouco de nós




O amor mata um pouco de nós

O amor é um sentimento tão puro e bonito que a maioria das pessoas não consegue se dar conta de que ele mata uma parte de nós sem nem nos pedir licença. Esse sentimento tão belo, tão desejado, muitas vezes até idealizado, não deixa de ser nobre pelo fato de nos matar um pouco, ao contrário, ele mata pra se manter pleno e perfeito. É estranho pensar que a morte nos leva à perfeição, uma vez que pensamos erroneamente que a perfeição é feita somente de bons sentimentos. Pra ser perfeito é preciso provar do bem e do mal, é preciso sacrifício e dor, a perfeição não é o 'mar de rosas' que se faz na imaginação das pessoas. O amor mata pra manter-se vivo!

Bem, os poetas e apaixonados parecem não gostar de falar sobre isso, como se o amor de tão puro que é, de tão bom que é, não pudesse ser capaz de matar um pouco de nós, mas ele o faz. Sutilmente, o amor nos tira um pouco de nossa essência, ele não nos exige isso, mas consegue fazer sem notarmos. E tão logo ele começa a nos matar, nós nos entregamos espontaneamente a essa morte tão necessária e digna. Assim, o amor aos poucos vai nos podando, nos moldando, para que possamos concebê-lo em sua plenitude, ele mata sem dó, sempre mata, e quando estamos envolvidos de verdade permitimos sem reservas que ele faça o quiser de nós, que mate o quanto for necessário. Isso é amar de verdade.

E não pense que essa morte dói, muitos nem sentem, outros percebem e se mantêm calados, permissivos, o amor vai nos conduzindo pelo seu um caminho e para isso ele promove a morte de uma porção de nós, aos poucos vai nos tirando o desejo por outras pessoas, todo o mundo passa a ser inerte, insípido, os outros corpos deixam de atrair nossa atenção, deixam de nos chamar com os sentidos, tudo passa a ser desinteressante, preto-e-branco. O amor mata uma parte de nós que não precisaremos mais usar, descarta e renega qualquer interesse e Desejo que poderíamos vir a ter noutras pessoas.

E assim, sem sentir, vamos nos envolvendo mais e mais, nos entregando, nos tornando um só, sem precisar de mais ninguém, afinal quem tem amor tem tudo, não precisa de complementos.



[Mente Hiperativa]